Tomar café na gravidez: o que você deve saber
Você se incapaz só de pensar em não tomar café durante a gravidez? Mesmo que você sinta que a cafeína ajuda a combater a fadiga e melhora sua concentração, o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas recomenda limitar a ingestão dessa substância a 200 miligramas por dia.
Conforme a gravidez avança, leva mais tempo para o café ser eliminado e isso pode aumentar seus efeitos colaterais. Outro motivo importante é que o café é uma substância capaz de atravessar a placenta e a barreira hematoencefálica do bebê, o que pode afetar negativamente seu desenvolvimento.
Além disso, o consumo excessivo de cafeína pode causar alterações de humor na mãe (como irritabilidade), palpitações, nervosismo e dificuldade para dormir. É importante saber que essa substância está presente em outros alimentos além do café, como chá, refrigerantes, energéticos e chocolate.
Por todas essas razões, é essencial regular a ingestão de cafeína durante a gravidez. Você quer algumas dicas para atingir esse objetivo?
Riscos de tomar café na gravidez
Aqui, discutiremos alguns dos possíveis riscos de manter uma alta ingestão de cafeína durante a gravidez.
Efeitos no feto
O consumo moderado ou alto de café tem sido associado a um risco aumentado de aborto espontâneo, devido ao efeito que a cafeína provoca nos vasos sanguíneos maternos.
De acordo com alguns dados publicados sobre o assunto, o risco de aborto espontâneo pode aumentar até 8% para cada 2 xícaras de café ingeridas diariamente e até 19% quando o consumo ultrapassar 150 miligramas de cafeína por dia (Li, 2013).
Outro estudo semelhante, realizado na Universidade de Cambridge, garante que o aumento do risco de aborto espontâneo é proporcional à dose ingerida pela gestante. Os autores acrescentam que, além disso, as chances de isso acontecer são maiores em mulheres que têm mais de 30 anos (Chen, 2015).
Não é só o aborto que figura como uma das complicações frequentes do consumo excessivo de cafeína na gravidez. Já foram descritos outros problemas decorrentes, como o baixo peso do bebê ao nascer.
De acordo com um estudo da pesquisadora australiana Amy Peacock (2018), a redução da ingestão de café pelas mães resultou no aumento do peso do bebê ao nascer. No entanto, um estudo publicado na revista Nutrients não conseguiu corroborar essa associação.
O café pode aumentar a pressão arterial?
De fato, o alto consumo de cafeína está relacionado a um risco aumentado de hipertensão na gravidez (Kawanishi, 2021). Esse efeito foi corroborado pelos pesquisadores, tanto para o consumo de café quanto de chá.
É importante ressaltar que a maioria das mulheres que participaram desse estudo tinha outros fatores de risco para hipertensão. Por exemplo, idade avançada, excesso de peso, baixo nível educacional e baixa suplementação de ácido fólico.
Leucemia infantil e consumo de cafeína
A leucemia aguda infantil merece menção especial, visto que as evidências atuais sobre sua associação com a cafeína são controversas.
Como todas as doenças oncológicas, a causa da leucemia é desconhecida. Contudo, a influência de fatores genéticos e ambientais, como a cafeína, é importante para que ele se desenvolva.
Embora não se saiba exatamente qual dose de cafeína é prejudicial ao feto, um estudo científico recente relatou que exceder a ingestão de 2 xícaras de café por dia aumenta o risco de leucemia em 72% ( Karalexi, 2019).
Qual quantidade de café posso tomar durante a gravidez?
O conteúdo de cafeína varia de acordo com o alimento e sua qualidade. No caso do café, o grau de torra e o tempo de preparo determinam a concentração dessa substância.
Você deve ter em mente que na gravidez é seguro tomar 1 ou 2 xícaras de café por dia. Se você costuma exceder essa quantidade, chegou o momento de reduzi-la.
Como fazer isso? Uma opção simples é substituir a bebida por uma versão descafeinada ou adicionar mais água. Mas o mais eficaz é, sem dúvida, evitar bebidas com cafeína até o nascimento do bebê.
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