Como ajudar as crianças a compreender a deficiência
As perguntas começam com um simples “Por quê?” ou “O que aconteceu com ele?” E, automaticamente, certos desconfortos são desencadeados no mundo adulto. Por que a deficiência preocupa tanto? Talvez seja porque está carregada de um imaginário ligado a uma diferença que é negativa e tem a ver com estigma. Neste artigo vamos contar como ajudar as crianças a compreender a deficiência.
Na mente da criança, há simplesmente algo que se destaca porque parece diferente. Trata-se de uma curiosidade que busca respostas, mas que faz parte desse espírito de exploração do mundo. No entanto, as respostas que nós, adultos, damos determinarão muito da atitude que esses pequenos assumem em relação à deficiência. Afinal, sabemos o grande peso que a socialização tem desde cedo. A sociedade atual exige de nós maior tolerância e mais respeito e compromisso com os direitos humanos.
Como falar com as crianças sobre deficiência
Em muitos casos, as crianças aprendem coisas quando são capazes de experimentá-las na própria pele. Portanto, além da fala, algumas dinâmicas podem ser promovidas para tornar o conceito mais acessível, embora a idade da criança deva sempre ser considerada.
Convide-as a pensar nas coisas que são difíceis para elas fazerem
Uma maneira simples de explicar a deficiência quando as crianças são pequenas é convidá-las a pensar nas coisas que são mais difíceis para elas. A deficiência tem uma certa semelhança, pois para realizar algumas atividades há dificuldades ou é necessário mais esforço ou até mesmo a ajuda de outros.
Assim, optou-se também por denominá-la diversidade funcional, com o objetivo de apontar que muitas pessoas aprendem a fazer as mesmas atividades, mas de forma diferente. Por exemplo, pintores sem braços são capazes de criar belas obras de arte usando os pés.
Recriar uma situação através de um jogo
Na mesma linha, também podemos recriar um jogo onde impossibilitamos a criança de usar qualquer um dos seus sentidos ou qualquer parte do corpo. Por exemplo, fazer um desafio para resolver uma tarefa com os olhos vendados. O objetivo é que elas possam identificar outras realidades e simpatizar com elas.
Concentre-se nas semelhanças
Todas as crianças gostam de jogos, histórias e risos. Nesse sentido, uma boa opção é promover a convivência e a reaproximação. Tenha em mente que é muito importante educar pelo cuidado e não pelo medo.
Por exemplo, uma criança que usa cadeira de rodas pode correr. Então, vamos escolher um campo onde a cadeira dela não seja arruinada ou furada, mas não vamos parar de jogar por medo de que algo aconteça com ela. Dependendo da idade da criança, uma das formas de falar sobre deficiência pode ser por meio de histórias.
Exemplifique com conquistas de personagens ou celebridades
Dar exemplos de modelos ou pessoas famosas que se caracterizam por suas realizações e sua tenacidade é uma boa maneira de educar as crianças. Desta forma, será possível eliminar a ideia da deficiência como algo negativo e que é sofrido para promover uma imagem positiva e que permite realizar múltiplas atividades com os apoios necessários.
O que ter em mente ao falar sobre deficiência com crianças
Algumas recomendações a ter em conta para abordar a questão da deficiência com crianças são as seguintes:
- Reveja seus próprios preconceitos. As crianças aprendem com os adultos e, na maioria das vezes, somos nós que transmitimos ideias carregadas de preconceito e ignorância. Em vez disso, além de refletir sobre como pensamos a deficiência, é conveniente responder “Não sei, vamos ver juntos”, quando não temos a resposta certa para suas perguntas curiosas. Explicações claras e simples devem ser dadas, ensinando respeito e não julgando os outros.
- Cuide de suas expressões e vocabulário. Muitas vezes, mesmo por ignorância, usamos termos que vêm carregados de uma certa conotação negativa. Por exemplo, “retardado” ou “deficiente”, entre outras, são palavras nocivas e tendem a abranger a pessoa, como se a deficiência fosse o único aspecto de sua vida.
- Promova a empatia e incentive as crianças a interagirem naturalmente com seus pares que têm deficiência por meio de brincadeiras.
- Seja o exemplo. Já sabemos que as crianças aprendem muitas coisas por observação e imitação. Portanto, sejamos os primeiros a ter comportamentos desejáveis. Por exemplo, não vamos deixar de convidar aquele colega com deficiência para a festa de aniversário. Em vez disso, vamos conversar com seus pais e perguntar como podemos facilitar sua presença. Talvez essa criança precise de algum apoio adicional, mas ela fará parte do grupo.
Vamos parar de enxergar a deficiência como um tabu
É importante ter em mente que, na maioria das vezes, o olhar social é mais incapacitante do que a própria deficiência. É essa distância entre nossos preconceitos e outras pessoas que gera mais sofrimento do que o fato de não poder ver ou não poder andar sem cadeira de rodas. As crianças tendem a ser mais ingênuas e ter uma visão mais despojada de estereótipos. Vamos aprender com elas, naturalizar as diferenças e promover a diversidade.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Silva, P. O., Garduño, A. G., & Velásquez, A. S. (2005). Expectativas y maneras de vivir la paternidad con niños discapacitados. Psicología y salud, 15(2), 263-269.
- del Toro Alonso, V. (2014). El juego como herramienta educativa del educador social en actividades de animación sociocultural y de ocio y tiempo libre con niños con discapacidad.