Estereótipos e preconceitos da adolescência

Os estereótipos e preconceitos da adolescência representam um fator de risco para a formação da identidade, principal tarefa dessa fase da vida.
Estereótipos e preconceitos da adolescência
Natalia Cobos Serrano

Escrito e verificado por a educadora social Natalia Cobos Serrano.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Compreender o contexto no qual nós nos encontramos, assim como a nossa sociedade, em geral pode ser uma tarefa muito difícil devido à sua complexidade. Por essa razão, é criada uma série de estereótipos e preconceitos que ajudam a explicar e simplificar a realidade social. O uso de estereótipos e preconceitos da adolescência é muito frequente nessa fase, e faz com que seja um fator de risco muito perigoso.

Estereótipos frente aos preconceitos

Sabe-se que os estereótipos e os preconceitos são um reflexo da cultura e do momento histórico no qual nos encontramos, e que surgem com o objetivo de simplificar a sociedade e se ajustar às normas sociais. No entanto qual é a diferença entre ambos? Qual deles pode ser mais prejudicial?

De um lado, os estereótipos são um conjunto de crenças que atribuem certas características às pessoas que formam um grupo. Ou seja, é elaborada uma imagem mental simplificada de um grupo socialmente.

Em princípio, os estereótipos não são necessariamente negativos e prejudiciais como, por exemplo, “os homens são fortes” e “as mulheres são sensíveis”.

No entanto, inclusive esses estereótipos, que não são inicialmente negativos, podem se tornar um precedente para a discriminação, apesar de sua base ser uma verdade lógica, visto que se trata de uma afirmação socialmente construída.

estereótipos e preconceitos

De fato, segundo o psicólogo Gordon Allport, os estereótipos são crenças exageradas que servem para justificar e racionalizar o comportamento em geral e, inclusive, determinadas ações contra pessoas ou grupos sociais.

De outro lado, os preconceitos são atitudes criadas e aprendidas a partir de imagens estereotipadas. Ou seja, são julgamentos com um caráter essencialmente negativo e sem fundamento que seriam produto de um estereótipo.

O preconceito serve como avaliação ou valoração negativa e depreciativa de uma pessoa que pertence a um grupo ou de um grupo no geral. Portanto, os preconceitos expressam uma predisposição emocional negativa com base em crenças estereotipadas e atributos negativos.

Discriminação

Por fim, é inevitável fazer referência à discriminação, um comportamento socialmente disseminado que é estável no tempo e que é culturalmente aceito, por vezes, em relação a pessoas ou grupos estereotipados.

John Dovidio, professor de psicologia e estudos sociais da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, define a discriminação como um comportamento negativo dirigido a membros de um exogrupo em relação ao qual se estabelece um preconceito.

Os motivos de discriminação podem ser muito variados. Alguns fatores são: etnia, orientação sexual, religião, ideologia política, sexo, entre outros. Em um instituto, por exemplo, um adolescente pode ser discriminado simplesmente por pertencer a um meio rural, em vez de um meio urbano como o resto de seus colegas.

Qual é a imagem que temos dos adolescentes?

A adolescência é uma época considerada a raiz de uma série de questões, seja pela lembrança distorcida que os adultos conservam dela ou por toda a produção literária e cinematográfica que difundiu uma imagem específica dessa fase da vida.

De acordo com pesquisas desenvolvidas pelos pedagogos e psicólogos Hoffman, Paris e Hall, existem três grandes mitos que giram em torno da adolescência.

  • A adolescência é uma fase marcada por intensa instabilidade emocionalNo entanto, apesar das mudanças hormonais e biológicas, esse grupo de autores demonstra que o nível de instabilidade presente nessa fase é similar a de outras fases do desenvolvimento humano.
  • Os transtornos que aparecem na adolescência são restritos a essa fase e desaparecem na vida adulta. Para eles, embora alguns comportamentos, como o consumo de droga ou as fobias, se manifestem durante a adolescência, aqueles jovens que desenvolverem esses transtornos provavelmente os manterão quando forem adultos.
  • A adolescência como um período de conflitos com os pais ou com os adultos no geral tem origem no conflito geracional. Para esses autores, os adolescentes costumam concordar com seus pais em aspectos fundamentais e desejam manter relações afetivas com eles.

“A adolescência é um novo nascimento. Com ela, nascem características humanas mais completas e mais elevadas”.

-G. Stanley Hall-

estereótipos e preconceitos

Como os estereótipos e os preconceitos influenciam na adolescência?

Os estereótipos e preconceitos da adolescência são muito perigosos, visto que colocam em risco a principal tarefa dessa fase: a formação da identidade.

O uso abusivo de estereótipos e preconceitos pode desencadear a rotulação social. Se um adolescente recebe continuamente opiniões e características do meio sobre si, acabará assumindo esse rótulo e agirá de acordo com ele.

Um adolescente, por exemplo, ouve constante que é um irresponsável e um preguiçoso. Muito provavelmente, ele vai se resignar ao tirar notas ruins, visto que foi condicionado a não poder aspirar ser um estudante trabalhador e responsável.

As consequências dos efeitos dos estereótipos e preconceitos sobre os adolescentes podem se mostrar devastadoras: isolamento, problemas escolares, abuso de substâncias, etc.

Em suma, os estereótipos, os preconceitos, a rotulação e suas consequências são um fator de risco durante a adolescência. Nessa fase, os adolescentes estão em busca de sua identidade. Por isso, todas as influências sociais que receberem do meio vão contribuir para a formação da mesma.


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  • Hoffman, L., Paris, S. y Hall, S. (1996). Psicología del Desarrollo Hoy (6ª ed.). McGrawHill. España: Madrid
  • Hall, G.S. (1994). Adolescence. Its Psychology and its Relations to Physiology, Antropology, sociology, sex, crime, religion and education, 2 vol. New York: Appleton.
  • Rodríguez, E., Calderón, D., Kuric, S., Sanmartín, A., (2021). Barómetro Juventud y Género 2021. Identidades, representaciones y experiencias en una realidad social compleja. Madrid. Centro Reina Sofía sobre Adolescencia y Juventud, Fad. DOI: 10.5281/zenodo.5205628 Disponible en: https://www.adolescenciayjuventud.org/download/7666/

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