Ansiedade materna durante os primeiros meses de vida do bebê
Antes de ser mãe, como você imaginava os primeiros meses com o seu bebê? Provavelmente você estava esperando um período doce e cheio de emoções positivas. Amor transbordante, entusiasmo por essa nova vida crescendo juntamente com você, plenitude e satisfação…
Essa é a imagem de maternidade que é vendida, e é por isso que muitas mulheres podem sentir uma enorme culpa quando os primeiros meses com o bebê são marcados pelo medo e pela incerteza. No entanto, a ansiedade materna do pós-parto em diante é normal e devemos estar preparadas para lidar com isso.
É verdade que as mulheres que já experimentaram a ansiedade antes têm uma maior probabilidade de manifestá-la nesse momento. Porém, mesmo quem nunca teve problemas desse tipo pode desenvolver sintomas por causa das enormes mudanças envolvidas no processo de se tornar mãe. De qualquer forma, é importante saber de onde vem esse desconforto e quais são os recursos que podemos utilizar para aliviá-lo.
Como detectar a ansiedade materna?
Aqueles que já conhecem a ansiedade serão capazes de facilmente identificar os sintomas quando eles surgirem. Entretanto, para as pessoas que a experimentarem pela primeira vez, isso pode ser desconcertante. Elas podem até mesmo pensar que está acontecendo algum problema físico. Por isso, é importante ter em mente os principais sinais de ansiedade:
- Sintomas fisiológicos, tais como dificuldade para respirar, aperto no peito, tensão muscular, taquicardia ou sudorese. Também podem aparecer somatizações na forma de dor de estômago, dor de cabeça ou qualquer outra dor que não tenha uma explicação médica.
- Pensamentos recorrentes que tomam conta da mulher sem que ela possa evitá-los. Podem ser sobre o estado de saúde do bebê, sobre o seu desempenho como mãe ou sobre qualquer outro assunto. Entretanto, no final das contas, são todas preocupações excessivas que criam um grande desconforto e das quais ela não consegue se livrar.
- Podem aparecer comportamentos repetitivos sem função, tais como mover a perna repetidamente ou roer as unhas. Também é possível o desenvolvimento de comportamentos compulsivos, como, por exemplo, comer em excesso. E certas situações podem até mesmo ser evitadas, como se afastar do bebê por mais de alguns minutos para evitar a ansiedade e a preocupação.
Por que ocorre a ansiedade materna durante os primeiros meses de vida do bebê?
Vários são os motivos que podem causar a ansiedade materna durante os primeiros meses de vida do bebê. Todos eles estão relacionados com a transição, em vários níveis, que está envolvida no ato de se tornar mãe. Assim, entre as principais causas de ansiedade estão as seguintes:
- Preocupação com a saúde do bebê. O desejo de que a criança tenha saúde e se desenvolva corretamente pode levar a mãe a ficar inquieta e hipervigilante. Quando o medo de que algo ruim possa acontecer com a criança fica desproporcional ou interfere no bem-estar, a ansiedade se torna presente.
- Medo de não estar à altura da ocasião. Ser mãe implica assumir a responsabilidade por uma vida que depende quase inteiramente dessa mãe. O bem-estar e a felicidade desse novo ser são determinados, em grande parte, pelo desempenho da mãe. Isso é algo que pode desencadear altos níveis de ansiedade e medo de não saber agir corretamente.
- Medo de perder a identidade. Sem dúvida, a maternidade se torna, desde o primeiro momento, um dos papéis mais relevantes na vida da mulher. Por isso, é comum que muitas mães temam que esse novo papel as absorva de tal forma que elas se vejam impedidas de continuar a se desenvolver como mulheres, esposas ou profissionais. Em suma, elas temem que a sua identidade seja reduzida ao papel de mãe.
O que podemos fazer sobre isso?
É alta a porcentagem de mulheres que sentem ansiedade após o parto. Portanto, se você se encontra nessa situação, deve saber que não está sozinha.
Em primeiro lugar, livre-se da culpa. Tudo o que você sente nesse momento é válido e a sua ansiedade não significa que você seja uma mãe ruim. Por outro lado, é importante que você diminua seu nível de autoexigência, já que você não precisa ser perfeita para que o seu filho cresça saudável e feliz.
Tente rever as suas crenças e pensamentos para contrastá-los com a realidade. Se não forem muito objetivos ou ajustados, substitua-os por outros mais adequados. Também pode ser muito útil aprender técnicas de respiração ou de relaxamento para regular os seus níveis de ansiedade. No entanto, acima de tudo, seja compassiva com você mesma e procure ajuda profissional se a ansiedade começar a interferir na sua vida. O seu bem-estar é o bem-estar do seu bebê.
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