Após esposa tirar a própria vida, esse pai decidiu ajudar mulheres com depressão pós-parto

Conheça a história de Steven, um pai que criou uma instituição para ajudar mulheres com depressão pós-parto após perder a esposa para essa doença.
Após esposa tirar a própria vida, esse pai decidiu ajudar mulheres com depressão pós-parto

Escrito por Equipo Editorial

Última atualização: 29 março, 2022

Quando o americano Steven D’Achille ouviu o choro de sua filha e percebeu que ela estava sozinha, imediatamente sentiu que algo terrível tinha acontecido, e que sua vida não seria mais a mesma. Sua esposa Alexis, de 30 anos, sofria de um quadro grave de depressão e psicose pós-parto, e tentou tirar a própria vida.

Alexis veio a óbito dois dias depois na UTI de um hospital, em 10 de outubro de 2013.

A partir dessa experiência tão traumática, Steven decidiu transformar sua dor em determinação para ajudar outras mães com quadros semelhantes a encontrar ajuda, pois ele e a esposa não receberam nenhum tipo de auxílio para a condição de Alexis. De fato, nas duas semanas anteriores à morte dela, o casal buscou ajuda em sete hospitais diferentes, e não foram atendidos nem uma única vez.

“Alexis sabia que estava com problemas”, disse Steven, de 39 anos, que vive em Pittsburgh, uma cidade americana na Pensilvânia. “Ela foi muito clara sobre o que temia que acontecesse. Mas era sempre ouvia a mesma resposta, ‘Vá para casa. Você não está louca’”.

Eles se conheceram em uma festa no ano de 2008, e Steven conta que foi amor à primeira vista: “Nós trocamos um olhar e, a partir de então, nos tornamos inseparáveis”, ele conta.

O casamento aconteceu no ano seguinte, alguns anos mais tarde eles descobriram a gravidez e tiveram uma gestação tranquila. “Ela estava radiante e todas as coisas que você ouve sobre mulheres grávidas”, lembra Steven.

O desenvolvimento da depressão pós-parto

Os problemas começaram em 30 de agosto de 2013, dia do nascimento de Adriana, fruto do amor do casal. O parto foi difícil, pois o cordão umbilical estava bastante enrolado no pescoço da bebê. Felizmente tudo correu bem e Adriana nasceu saudável, mas Alexis desenvolveu uma depressão pós-parto severa, com tendências suicidas e alucinações. O quadro evoluiu para uma psicose pós-parto, uma doença mental rara e pouco discutida. Como tinha um histórico familiar de transtorno bipolar, provavelmente ela já tinha uma tendência a enfrentar problemas de saúde mental.

“Minha esposa acreditava que as dificuldades enfrentadas por ela em seus primeiros dias como mãe estavam prejudicando sua filha”.

Steven conta que a doença “foi imediata” e “cada dia era pior que o anterior”. O obstetra de Alexis prescreveu antidepressivos, mas os sintomas persistiram. “Ela ouvia choros de bebês fantasmas, então não conseguia dormir. Ela não comia. Ela perdeu 22 kg em apenas cinco semanas e meia”.

Após a morte da esposa, Steven criou a Fundação Alexis Joy D’Achille, que tem como objetivo aumentar a conscientização e apoiar financeiramente as pessoas que lidam com ansiedade perinatal e transtornos de humor. No ano de 2018 ele recebeu o apoio da instituição Allegheny Health Network, e com isso pôde abrir o Alexis Joy D’Achille Center for Perinatal Mental Health, localizada no hospital West Penn, em Pittsburgh. Este é um centro de apoio que oferece terapia, cuidados infantis e outros serviços para gestantes, novas mamães e as famílias delas. Cerca de 6.000 mulheres já foram ajudadas pelo programa.

“É tarde demais para Alexis, mas minha filha, se Deus quiser, vai ter filhos um dia, e eu não quero que ela enfrente os obstáculos que enfrentamos”, diz Steven. “Nós vivemos no melhor país do mundo. Como uma nova mãe não recebeu os cuidados que ela precisava?”

Uma das mulheres que receberam a ajuda da instituição de Steven é Brittany Kenna, de 33 anos, que enfrentou um quadro de ansiedade em 2019, após o nascimento da primeira filha.

“Eu enlouqueci depois que tive minha filha, mas o psiquiatra de lá ajudou com minha medicação e terapia”.

Atualmente Brittany está grávida da segunda filha, e diz que está tentando ser proativa na gravidez e fazendo terapia no centro quinzenalmente. Ela afirma: “É bom ter esse mesmo apoio. Eu ainda estaria perdida se não tivesse encontrado o centro”.

Steven tem planos de ajudar a inaugurar mais centros de apoio a novas mães, tudo em homenagem à Alexis. Ele está trabalhando em colaboração com o site MyCheckOnMom.com, que oferece ferramentas para que as famílias consigam cuidar de sua saúde mental de forma proativa, além de ajudar no tratamento da depressão pós-parto e criar um plano de enfrentamento durante a gestação e após o nascimento do bebê.

“Tem sido a minha terapia”, diz Steven. “Eu não quero que a partida de Alexis seja em vão”.


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