Dinâmicas tóxicas entre irmãos
Em todas as famílias, há brigas e raiva entre irmãos. Geralmente, é uma situação “normal” e controlável que não costuma acontecer com adultos. Além disso, por ocorrerem na esfera familiar e privada, essas brigas também trazem aprendizagens: ensinam a resolver conflitos e a preparar as crianças para enfrentar as adversidades da vida.
No entanto, algumas dinâmicas entre os irmãos são rígidas, negativas e impedem que os envolvidos escapem delas. Basicamente, são relacionamentos tóxicos. Saiba tudo sobre esse tema a seguir.
Dinâmicas tóxicas mais frequentes entre irmãos
A seguir, vamos detalhar algumas das possíveis dinâmicas tóxicas que costumam estar presentes no relacionamento entre irmãos para que você as conheça e possa intervir a tempo.
Leia também 55 frases para dedicar aos irmãos
O filho anjo e a ovelha negra da família
Essa é uma das dinâmicas mais frequentes no lar e costuma ocorrer com dois perfis bem marcados: a criança rebelde, que desobedece as regras, e a que é perfeita, a criança que é a luz nos olhos dos pais, aquela que faz tudo perfeitamente.
É claro que essa dinâmica tem suas consequências negativas, e uma delas é que pode se instalar uma competição entre os irmãos para ver quem é melhor.
O filho que é “o anjo” decide fazer uso dessa posição benéfica e trabalha para isso. No entanto, ele não pode seguir seu próprio caminho, pois deve obedecer e cumprir os mandatos e ordens de seus pais para atender às suas expectativas.
São aquelas crianças que fazem tudo o que seus pais esperam e nunca quebram as regras. Tudo isso tem um custo muito alto, pois, para manter essa posição, elas sacrificam seu bem-estar e sua autonomia. São crianças que não são capazes de se colocar como prioridades, defender-se ou impor limites aos outros. Elas sempre seguem o caminho definido por outros.
Por seu lado, “a ovelha negra”, apesar de querer sair desse lugar, não pode mudar essa situação. Os rótulos e papéis estão tão arraigados na família que é difícil mudá-los.
Apesar das diferenças, o resultado da disputa é o mesmo: a autoestima de ambos se deteriora.
O inteligente e o capaz versus o irresponsável e imaturo
Essa é outra das dinâmicas tóxicas entre irmãos, mas uma das mais perigosas. Em muitos casos, o filho maduro acaba assumindo responsabilidades que não lhe correspondem ou que são excessivas para sua idade e até podem chegar ao extremo da parentalização.
Quando esse conflito não é resolvido a tempo, ele transcende ao longo da vida. Por exemplo, quando os pais são idosos, eles esperam que o filho maduro assuma a responsabilidade por eles, pois o outro não seria capaz de fazer isso.
O agressivo ou manipulador e o submisso ou fraco
Às vezes nas famílias há um membro que sempre se aproveita das situações em detrimento dos outros. O manipulador ou agressivo não conhece limites nem respeita os direitos dos outros.
Por outro lado, aquele que é mais submisso e que permanece em silêncio pode se sentir desamparado e desvalorizado. Ao longo de sua vida, sua autoestima é prejudicada e ele pode vir a acreditar que não é digno de nada melhor.
Como lidar com a dinâmica tóxica entre irmãos?
Existem algumas sugestões para ajudar a desarmar conflitos entre irmãos:
- Reconhecer que as disputas são esperadas e que são de alguma forma necessárias. Brigas ou ciúmes tendem a ser mais frequentes quando há proximidade de idade. Por sua vez, os irmãos são sempre o primeiro ponto de comparação, aquela pessoa com quem podemos medir sucessos e fracassos, pois são as mais próximas de nós. O importante não é estimular a rivalidade ou a competição, nem tomar partido de um ou de outro. Você deve ser capaz de fornecer a ambos as ferramentas necessárias para estabelecer limites, chegar a acordos e resolver conflitos.
- Observar as interações e identificar os sinais de que algo está “ficando fora de controle”. Há uma diferença entre briga e abuso. Quando há uma criança que sofre bullying ou abuso de seu irmão, uma intervenção é necessária.
- Conhecer cada criança e suprir suas necessidades. Se um dos seus filhos tiver dificuldade em ser consistente e fazer o dever de casa, por exemplo, evite aquelas comparações com o irmão. De qualquer forma, o ideal é estar atento ao que seus filhos precisam e saber como eles podem ser ajudados.
- Compartilhar tempo juntos, em família, mas também individualmente. Dessa forma, antecipamos um conflito potencial: brigar para chamar a atenção dos pais.
- Manter limites e regras claras para todos os membros da família. A arbitrariedade do “hoje sim, amanhã não”, “para você sim, para ele não” gera situações de injustiça e estabelece as bases do conflito.
- Facilitar a gestão das emoções como forma de desabafar e encontrar formas de se expressar, antes de chegar ao conflito entre irmãos.
O desafio de olhar para a própria infância
O fato de se tornar pai ou mãe é um convite a refletir sobre sua própria infância. Muitas vezes, repetimos histórias e padrões porque certas feridas não foram curadas. Por isso, a paternidade e a maternidade nos convidam a olhar para essa experiência, questionar certos mandatos e pensar novas e melhores formas de educar.
Por exemplo, às vezes incentivamos a competição porque foi assim que aprendemos a nos relacionar. Por isso, é importante reconhecer o que pertence à nossa história, o que queremos mudar e o que queremos preservar.
Por fim, é importante reconhecer quais são nossos próprios desejos e quais são os de nossos filhos, pois muitas vezes estimulamos nossos pequenos a viver uma vida que não é a que eles querem, mas a que gostaríamos de ter vivido.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Rigat, Anna (2008). RIVALIDAD FRATERNAL. SÍNTOMAS Y ESCALA PARA VALORARLOS. International Journal of Developmental and Educational Psychology, 4(1),83-89.[fecha de Consulta 25 de Enero de 2022]. ISSN: 0214-9877. Disponible en: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=349832319008
- RIPOLL, KAREN, & CARRILLO, SONIA, & CASTRO, JOHN ALEXANDER (2009). Relación entre hermanos y ajuste psicológico en adolescentes: los efectos de la calidad de la relación padres-hijos. Avances en Psicología Latinoamericana, 27(1),125-142.[fecha de Consulta 25 de Enero de 2022]. ISSN: 1794-4724. Disponible en: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=79911627009