Glúten na alimentação do bebê: em qual idade introduzi-lo e como fazer isso?
Você se preocupa com a introdução dos alimentos na dieta do seu filho? No início, é normal sentir medo e ter muitas dúvidas. Uma das mais frequentes é quando e de que forma incluir o glúten na alimentação do bebê. A partir de agora, você vai ficar sabendo, pois vamos revelar tudo o que é preciso saber sobre esse assunto.
Esse é um assunto que tem gerado debates entre os especialistas da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN, na sigla em inglês), visto que o glúten está entre as 3 alergias e intolerâncias mais comuns em crianças.
Por esse motivo, foram realizadas pesquisas sobre o efeito de adiantar e de retardar a ingestão de glúten em relação ao aparecimento de doença celíaca, de eczemas, da asma e de outros sintomas respiratórios que começam a se manifestar durante a infância.
O objetivo principal era descobrir se o problema poderia ser prevenido, principalmente no caso de crianças que apresentavam alto risco porque tinham um familiar direto com esse histórico.
Glúten na alimentação do bebê: por quanto tempo devemos esperar?
Até 2016, a recomendação era esperar até os 7 ou 8 meses para oferecer o glúten, pois se acreditava que, dessa forma, seria possível reduzir o risco de desenvolver a doença celíaca e outros distúrbios relacionados a essa proteína.
No entanto, nesse mesmo ano, foi publicado o maior estudo europeu sobre o efeito do aleitamento materno e da idade de introdução do glúten no aparecimento da doença celíaca em crianças predispostas.
Por um lado, os bebês que foram amamentados com leite materno tiveram o mesmo risco em comparação com aqueles que foram amamentados com fórmula. Por outro lado, avaliou-se o efeito da introdução do glúten em diferentes momentos (antes dos 3 meses, dos 4 aos 6 meses e com mais de 6 meses).
O que se observou foi que, antes dos 3 meses, o risco é maior porque a função renal e gastrointestinal ainda não está totalmente desenvolvida, o que dificulta a digestão.
Dessa forma, é preferível esperar pelo menos até os 4 meses e então oferecê-lo o mais cedo possível, apesar de não ter havido diferenças entre o período de 4 a 6 meses e o de 6 meses.
Além disso, oferecê-lo antes dos 6 meses reduz o aparecimento de eczema antes dos 10 anos. Porém, lembramos que até os 6 meses a amamentação deve ser a principal fonte de nutrientes e, portanto, os outros alimentos devem ser complementares. Por outro lado, não houve efeitos sobre o aparecimento de asma ou rinite.
Glúten: como introduzi-lo e em qual quantidade?
Em relação à quantidade segura para prevenir a doença celíaca, não foi estabelecida nenhuma, embora não seja recomendado que os pequenos consumam grandes quantidades durante as 2 primeiras semanas. Para que se possa ter uma ideia, a recomendação é evitar exceder a ingestão de meia fatia de pão branco.
Também se desconhece o tipo de preparo adequado e a sua ordem. No entanto, é sempre melhor começar com massa bem cozida, pão branco ou parte de um bolo caseiro sem adição de açúcar.
Uma vez que a quantidade seja tolerada, deve-se substituí-la pela versão integral e aumentá-la aos poucos. Dessa forma, o sistema digestivo do bebê vai se acostumar e permitir que ele continue amadurecendo.
Além disso, aconselhamos que você evite dar ao seu filho alimentos ultraprocessados com frequência, pois eles contêm grandes quantidades de açúcares e gorduras trans que contribuem para o futuro desenvolvimento de sobrepeso, diabetes e obesidade, entre outras patologias. É até mesmo recomendável que você espere pelo menos até o bebê completar 1 ano de vida para fazer isso.
Quando se trata do glúten na alimentação do bebê…
Esperamos que tenha ficado claro para você como e quando introduzir o glúten na alimentação do bebê. Além disso, você precisa saber que se o seu filho não tiver uma predisposição genética para reagir ao glúten, não importa que ele seja oferecido mais tarde. Mais do que a ordem dessa introdução, o mais importante é incorporar uma variedade cada vez maior de alimentos.
No entanto, você deve ficar por perto enquanto o seu filho estiver comendo para observar se há alguma reação e para evitar a asfixia. Por fim, procure não distraí-lo nem pressioná-lo a terminar tudo o que está no prato, pois ele mesmo é capaz de regular o próprio apetite. Por outro lado, você também pode colocar o prato diante dele com o pão ou a massa cortada em pedacinhos para que ele possa pegar com as mãos.
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