A hipersonia nas crianças
A hipersonia é um transtorno do sono caracterizado por episódios contínuos e involuntários de sonolência, especialmente diurnos. Particularmente, a hipersonia nas crianças costuma ser confundida com outros transtornos ou condutas próprias da idade. Então, como diferenciar seus sintomas?
Apesar de ser mais frequente em adolescentes e jovens adultos, o diagnóstico da hipersonia pode ocorrer em qualquer fase da vida, inclusive na infância. Em crianças de 2 a 7 anos de idade, o distúrbio se manifesta com períodos de sono noturno maiores que oito horas.
As crianças se mostram sonolentas e tiram cochilos recorrentes durante o dia. Isso acontece inclusive na presença de outras crianças e em meio a uma atividade. Às vezes, em contrapartida, elas desenvolvem uma inesperada hiperatividade.
Além do sono inexplicável, é evidente a perda de concentração, a irritabilidade, o mau comportamento e o baixo rendimento escolar. Quando se trata de hipersonia em adolescentes, o estado físico, psíquico e emocional são afetados.
Os jovens não controlam o cansaço, sentem ansiedade, se sentem desorientados e se mostram bastante agressivos.
Tipos de hipersonia
A hipersonia ou sonolência excessiva deve ser diferenciada do simples cansaço. Quem sente fraqueza, fadiga ou depressão, escolhe o sono como um agente revitalizador.
O transtorno – pelo contrário – “obriga” a pessoa a dormir em qualquer momento e situação, independentemente de o corpo precisar ou não. Em essência, modifica o ciclo normal de sono, gera perda de memória e déficit de atenção.
Existem dois tipos de hipersonias:
- A primária, originada no sistema nervoso central;
- E a secundária, produzida pela privação crônica de sono. Essa é a mais comum em crianças e adolescentes.
Embora seja menos diagnosticada, a hipersonia primária merece muita atenção. Ela é provocada pela narcolepsia, pela Síndrome de Kleine-Levin (Síndrome da Bela Adormecida) ou por razões idiopáticas ou desconhecidas.
A narcolepsia, especificamente, gera um quadro clínico de cataplexia (hipotonia muscular), interrupção do sono e percepções irreais. Além disso, pode impossibilitar a mobilidade das extremidades e provocar movimentos oculares rápidos e parassonias recorrentes.
O que causa a hipersonia nas crianças?
A causa mais comum da hipersonia nas crianças é a privação crônica do sono provocada por mudanças de horários, doenças, condições neurológicas ou transtornos primários do sono.
O ritmo circadiano fica desajustado quando se adianta ou se atrasa a fase do sono, assim como quando ocorrem mudanças repentinas de fuso horário. Ou também quando se desenvolvem atividades intensas durante a noite.
Nas crianças, a hipersonia diurna é resultado, na maior parte dos casos, de um descaso deficitário. Ocorre quando as crianças passam horas na frente da televisão, do computador ou de outro aparelho eletrônico durante a noite. Como consequência, o descanso é reduzido ao precisar levantar cedo para cumprir com as obrigações escolares.
“As crianças com hipersonia se mostram sonolentas e tiram cochilos recorrentes durante o dia. Isso acontece inclusive na presença de outras crianças e em meio a uma atividade. Às vezes, em contrapartida, elas desenvolvem uma inesperada hiperatividade.”
Outra principal causa, especialmente em crianças que têm entre 2 e 8 anos de idade, é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). Esse transtorno interrompe, por fração de segundos, a respiração quando a pessoa está dormindo, evitando, assim, o repouso completo.
Outros agentes podem influenciar no aparecimento da hipersonia. Entre eles, se destacam:
- Lesões na cabeça.
- Patologias de ordem neurológica.
- Ação de medicamentos.
- Excesso de peso.
Se houver comprometimento no sistema nervoso central, presença de tumores ou histórico clínico familiar, também pode haver um diagnóstico.
Quais outros desconfortos provoca?
O principal resultado da hipersonia é a sonolência exagerada e incontrolável. As horas de sono nunca serão suficientes. Para que seja identificada como tal, as alterações do sono devem se manter por pelo menos por um mês.
Com a sonolência, são produzidos outros desconfortos como angústia, lentidão no pensamento e na fala e falta de apetite. Paralelamente, pode ocorrer dificuldade para se lembrar, falta de energia e incapacidade de se desenvolver em situações sociais.
Se a hipersonia estiver vinculada à Síndrome de Kleine-Levin, a pessoa pode chegar a dormir por 18 horas ou mais.
Tratamentos mais comuns para a hipersonia
A recomendação inicial é a monitoração dos ciclos de sono da criança, assim como o registro das alterações e dos possíveis fatores de risco. A relação com o meio e o estilo de vida são fatores que ajudam os pais e os especialistas a analisar a complexidade do transtorno.
Quando a hipersonia for causada pela narcolepsia, a criança pode ter uma vida normal desde que a abordagem do tratamento seja integral. A família, os professores e os colegas de escola devem estar cientes e envolvidos no tratamento.
Em geral, a hipersonia nas crianças, nos adolescentes e nos adultos deve receber tratamento terapêutico e, caso necessário, farmacológico também. Caso contrário, a condição pode se tornar mais grave.
Os pacientes podem passar a sofrer episódios frequentes de sono ao dormir de doze a dezoito horas por dia, o que vai afetar sua capacidade de interagir e realizar suas tarefas. Para evitar que isso aconteça, é possível recorrer a terapias corporais, comunicacionais e de atenção.
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