Por que o parto por cesárea pode afetar a sensibilidade da mulher?

Abuso ou humilhação durante o parto por cesárea podem afetar a sensibilidade da mulher que está para dar à luz. Isso também é considerado uma violência obstétrica.
Por que o parto por cesárea pode afetar a sensibilidade da mulher?

Última atualização: 22 fevereiro, 2022

O parto por cesárea pode afetar a sensibilidade da mulher se ela não receber os cuidados médicos adequados, se não receber informações oportunas ou se seus direitos não forem respeitados.

Não se trata de romantizar o parto normal ou de condenar o parto por cesárea. Trata-se de aceitar ambos os procedimentos como válidos para dar à luz, pois cada um tem suas vantagens. Da mesma forma, em qualquer um deles uma experiência angustiante e dolorosa pode ser vivida se os direitos da mulher não forem respeitados. É preciso lembrar que ela está vivendo um momento muito particular e muito especial de sua vida e que merece estar bem acompanhada.

Para algumas mulheres, o parto foi uma experiência estressante por causa do tratamento que receberam. Para outras, foi uma experiência tranquila, pois obtiveram informações e apoio adequado da equipe de saúde.

Normalizar o abuso obstétrico ou a infantilização não é uma alternativa. Portanto, devemos buscar aprimorar o tratamento dado às mães para não lhes causar danos emocionais em um momento tão intenso como o nascimento de um filho.

O parto por cesárea pode afetar a sensibilidade da mulher

Tipos de cesarianas.

Em primeiro lugar, é preciso saber que a experiência do parto envolve uma gama de emoções: alegria, excitação, medo, angústia, ansiedade e adrenalina. Então, se levarmos isso em conta, podemos entender que cada um dá seu tom emocional à experiência.

No entanto, essa experiência também pode ser condicionada por fatores externos. Nesse sentido, as pessoas que nos acompanham (médicos, anestesistas, enfermeiras, entre outros) e o tratamento recebido podem fazer a diferença.

Quando esse tratamento é humilhante, agressivo ou violento, enfrentamos um tipo específico de abuso denominado violência obstétrica.

“Consiste em maus-tratos físicos, humilhações e agressões verbais, procedimentos médicos coercitivos ou não consensuais, não solicitação de consentimento informado, recusa em administrar analgésicos, negligência no atendimento ou graves violações de privacidade”.

– Organização Mundial da Saúde-

Pelo contrário, o parto humanizado, seja vaginal ou por cesárea, é aquele que respeita a pessoa que está dando à luz em sua autonomia, na decisão do seu tempo e na satisfação das necessidades emocionais próprias e do bebê.

Por outro lado, uma pessoa que acabou de dar à luz também pode ser afetada por comentários como: “Não é tão ruim”, “Se eles decidiram assim, deve ter um motivo”, “Deixe o seu sentimentalismo de lado”. Esses e outros comentários podem ser uma forma de abuso sutil, capaz de afetar o estado emocional da mulher.

Algumas dicas para ter em mente a fim de garantir um parto com respeito

O parto com respeito ou humanizado refere-se àquele modelo de atenção que se responsabiliza por aconselhar, atender e acompanhar as necessidades das pessoas que estão para dar à luz, seus bebês e suas famílias.

A seguir, compartilharemos alguns pontos essenciais do parto com respeito:

  • As gestantes devem receber todas as informações sobre os procedimentos. A equipe médica não pode decidir pela paciente sem primeiro dar a ela todos os conselhos e explicar as alternativas existentes. Seu papel é recomendar de acordo com a forma como o caso é apresentado, mas não tomar decisões arbitrárias.
  • As gestantes podem completar seu plano de parto para deixar registradas suas preferências em relação a determinados procedimentos, posturas, acompanhantes e outros aspectos relacionados ao momento do parto.
  • Quando o parto ocorrer, é importante que a mãe possa conhecer seu bebê e passar os primeiros minutos de sua vida em contato pele a pele. As exceções são aqueles casos em que ocorre uma emergência ou a vida de um dos dois está em perigo. Todas as ações que não sejam urgentes podem ser adiadas a fim de promover a intimidade e o encontro da mãe com o recém-nascido.
  • A mulher grávida tem o direito de ser acompanhada por uma pessoa de sua escolha, a menos que haja circunstância e risco particulares que impeçam esse direito.
  • A equipe médica deve evitar todas as técnicas invasivas e de acompanhamento que não sejam necessárias. Da mesma forma, devem dar informações sobre o que consistem e explicar as razões para realizá-los.

Prepare-se para um parto com respeito

Obstetra segurando a mão da mulher grávida.

As pessoas que vão dar à luz podem chegar mais bem preparadas se receberem as informações necessárias com antecedência e conhecerem seus direitos. Só assim podem fazer com que seja válidos e respeitados.

São inúmeras as associações e grupos interessados em sensibilizar a população sobre o parto com respeito, bem como divulgar as recomendações da OMS e outras organizações de saúde.

Na dúvida, você sempre pode consultar um especialista no assunto. Dessa forma, decisões melhores e mais seguras podem ser feitas. Além disso, é conveniente banir os mitos que existem em torno do parto, do puerpério ou da amamentação.

Se a mulher tiver um parceiro, também é conveniente que ele receba as informações necessárias e que esteja ciente das decisões de quem vai dar à luz. A contenção emocional do ambiente íntimo é fundamental no parto e no puerpério, por isso é recomendável pedir ajuda a amigos ou familiares.

Finalmente, também é importante trabalhar com os medos e as ansiedades sobre a situação. Praticar técnicas de relaxamento e respiração pode ajudar nesse momento.

Qualquer experiência que vá contra a autonomia e o respeito pode afetar a sensibilidade da mulher, seja no parto vaginal ou por cesárea. Não podemos esquecer que as grávidas são pessoas que vão dar à luz um filho e têm plena capacidade para serem protagonistas ativas desse processo.


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