A violência obstétrica silenciada também é violência de gênero

Infelizmente, muitas mulheres são expostas a situações que envolvem esse tipo de tortura física ou emocional.
A violência obstétrica silenciada também é violência de gênero
Nelton Ramos

Revisado e aprovado por o médico Nelton Ramos.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

A violência obstétrica, embora silenciada, também é violência de gênero. Este tipo de prática abusiva tira o brilho de um dos momentos mais bonitos da vida de uma mãe.

Dor, impotência, indignação, raiva e tristeza. Estes são apenas alguns dos sentimentos que tomam conta das mulheres que tiveram que passar por esse tipo de situação, e pior, em silêncio.

Maus-tratos, certamente. Toda mãe assume e passa pela considerável dor do parto por amor a seu filho. Mas suportar ou tolerar esses abusos é passar dos limites.

Palavras cruéis e dolorosas que chicoteiam mais do que um tapa. A solidão absoluta e o afastamento de um filho de quem não se tem nenhuma notícia como punição.

Gritos, desrespeito, falta de informação, maus-tratos e práticas ruins de todos os tipos são fatores que infelizmente acontece em muitas salas de obstetrícia e neonatologia.

Por esse motivo, há muitos anos vem sido promovido o que é chamado de “parto humanizado”. Falamos sobre uma das propostas mais importantes e valiosas lideradas por mães.

As mulheres do mundo se cansaram e decidiram gritar “basta!” para a violência obstétrica e não deixar mais que tais acontecimentos sejam silenciados.

É por isso que devemos conhecer os direitos que temos como futuras mamães, nos informar sobre quais práticas são necessárias e quais são agressivas e abusivas. Tanto hospitais públicos quanto privados tem a sua parte nisso.

O que é exatamente a violência obstétrica?

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Não é nada mais nada menos do que outra forma de violência de gênero. Não discrimina por idade ou classe social. Quando falamos sobre esse tipo de circunstância, nos referimos a práticas muito diferentes.

Elas variam de omissão de informações até injeção de substâncias mesmo quando não é necessário, sem consultar a mulher nem dar aviso prévio.

Os maus-tratos físicos e verbais e a realização desnecessária de cesáreas complementam esse quadro complexo e doloroso. A violência não tem hora certa para acontecer: pode ser antes, durante ou até mesmo depois do parto em si.

Toda mulher tem o direito de desfrutar de um “Parto Humanizado” e poder ter a possibilidade de escolher e decidir sobre o seu parto.

Poder escolher aquilo que ela considera que seja melhor para o próprio corpo, as intervenções que ela acredita que sejam convenientes ou descartar as que sejam desnecessárias.

A violência é o medo dos ideais dos outros
-Mahatma Gandhi-

Como sabemos, o momento de parto envolve momentos de extrema vulnerabilidade. Portanto, tanto a mãe como o bebê que está para chegar ou o recém-nascido, merecem respeito e os cuidados adequados.

Justamente os profissionais de saúde que deveriam colaborar se posicionam acima dos desejos maternos e os ignoram, alegando diferentes procedimentos que são “pelo bem da mãe”.

Uma vez que a violência obstétrica é um tipo de violência de gênero, é tão questionável e repudiável como qualquer outra. Permanecer em silêncio te torna parte disso. Por isso, não tenha medo e denuncie.

É necessário lutar e combater este sofrimento para ajudar outras mães a não verem o brilho desse momento tão especial ser apagado.

Como combater a violência obstétrica?

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Se você foi vítima de violência obstétrica e o seu filho já nasceu, faça a sua queixa no Ministério da Saúde ou da Justiça. Você provavelmente poderá apresentar a queixa também a qualquer comissão ou conselho especializado em violência de gênero.

Se o seu filho ainda está a caminho, não se esqueça de que hospitais e maternidades geralmente oferecem visitas guiadas para que você conheça tanto as instalações quanto os protocolos de cuidado e atenção a futura mamãe. Assim, você poderá escolher o lugar que mais se encaixa de acordo com as suas expectativas.

Sempre expresse os seus desejos antes de dar à luz e deixe claro o tipo de parto que você espera ter. Consulte e revise o processo que escolheu sempre que achar necessário.

Esses aspectos serão um pouco mais difíceis nos casos em que forem exigidos agilidade profissional. Entretanto, quaisquer alterações necessárias no procedimento devem ser previamente explicadas e receber o consentimento da mãe.

Mesmo que neguem, você tem o direito de estar acompanhada nesse momento tão especial. Um ambiente tranquilo, calmo e harmonioso é essencial no momento de dilatação.

Em nenhum momento você pode ser proibida de se mexer ou escolher livremente a postura que achar mais confortável.

Não é necessário se submeter constantemente ao incômodo toque vaginal ou do colo do útero. Esse procedimento que geralmente é praticado para verificar o estágio do processo do parto deveria ser limitado a somente um a cada quatro horas.

Por fim, os exames, as vacinas e a limpeza do bebê podem esperar. O mais urgente nesse momento é começar a reforçar o vínculo com seu filho. O contato pele a pele durante a primeira hora após o nascimento é essencial.

Portanto, priorize a amamentação sempre que possível e nunca esqueça que é o seu parto, e seu filho.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.