Os 7 principais estereótipos dos adolescentes
É quase certo que, ao ler o termo “estereótipo” em um artigo que trata da adolescência, venham à mente imagens consideradas típicas dessa fase. Esses estereótipos adolescentes são positivos ou negativos?
Acontece que um dos maiores problemas da adolescência é o excesso de preconceitos. Estes antecipam uma leitura que nem sempre coincide com a realidade, mas com aquilo em que queremos acreditar. E, a longo prazo, gera-se uma ideia fantasiosa que estigmatiza os jovens que passam por ela.
Vamos entender um pouco mais do que se trata e tentar retraçar esse caminho.
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O que são os estereótipos e como eles influenciam a adolescência?
Os estereótipos são crenças, ideias, percepções enraizadas em uma sociedade, que antecedem a realidade e em muitos casos são impostas. Eles são construídos a partir de opiniões e critérios generalizados, que nascem de sua própria cultura e de outras, nas quais a mídia e as redes participam fortemente.
Num mundo interligado, a construção da ideia de gênero, a estética dos corpos, as sensibilidades e, em geral, as formas de viver as emoções, avançam rumo à uniformidade, num trabalho de modelagem em que participam uma multiplicidade de fatores.
O cinema, a cultura do espetáculo, a moda e suas tendências, têm como objetivo prioritário os adolescentes. E neste ambiente envolvente, os grupos que criam, seja por gosto ou afinidade, delineiam os estilos e, por conseguinte, as imagens estereotipadas que recriam e projetam.
“…os ambientes ou círculos de relação condicionam a visão dos adolescentes sobre o mundo em que vivem e, portanto, contribuem para representar e vivenciar as coordenadas e homologias da adolescência em um ou outro sentido.”
~ Miguel Ángel Alegre Canosa ~
Os 7 estereótipos mais repetidos sobre os adolescentes
A motivação dos adolescentes depende muito do que eles recebem do meio ambiente. E se, por exemplo, ouvirem o dia todo que são preguiçosos e rebeldes, quanto vão querer mudar essa imagem arraigada?
Por isso, é importante que toda a sociedade questione os estereótipos sobre o adolescente e reveja suas crenças e sua concepção de adolescência, que não é uma só. Nem todos os jovens podem se dar ao luxo de serem preguiçosos, pois muitos precisam trabalhar para ajudar suas famílias.
A seguir, descreveremos alguns dos estereótipos mais conhecidos que assombram os jovens.
1. São rebeldes
Entre os principais estereótipos dos adolescentes está a afirmação de que são rebeldes, como se a rebeldia fosse algo alheio e distante da nossa realidade, algo com o qual não temos contato na vida adulta.
A adolescência é uma fase em que os jovens buscam desenvolver sua própria identidade e isso implica exercer mais plenamente seu direito de decidir e expressar sua opinião. Mas isso não significa que seja por isso que eles são rebeldes. Mesmo que fossem, não seria necessariamente uma coisa ruim.
De uma forma ou de outra, classificar um adolescente dessa forma é desnecessário e não permite que ele fortaleça sua autonomia ou tome suas próprias decisões com confiança.
2. São preguiçosos
Nesse sentido, os adultos falam da preguiça dos nossos filhos como se fosse algo exclusivo dessa fase da vida. Como se não existisse na idade adulta, como se às vezes não deixássemos alguns pratos acumularem na cozinha ou não evitássemos alguns compromissos.
Também é bom se perguntar por que eles são preguiçosos, já que têm boa energia e são capazes de se comprometer muito seriamente com os assuntos que os interessam e os inspiram.
3. Não têm valores
Esse é um preconceito generalizado, principalmente quando os valores tradicionais são colocados em questão.
Por exemplo, muitas vezes se ouve que “Não há mais respeito pelos pais”. No entanto, quando um adolescente discute ou confronta seu pai porque ele violenta sua mãe, de que tipo de valores estamos falando? Por muitas gerações, o respeito anda de mãos dadas com o silêncio e o medo, não com a convicção.
Além disso, em consonância com o preconceito anterior, alguns adolescentes se mostram bastante comprometidos, o que serve como evidência de adesão a determinados valores. Por exemplo, a proteção dos animais, a igualdade de gênero, a proteção do planeta, entre outros.
4. São confrontadores
Outro dos mitos mais difundidos é que os jovens confrontam sem motivo. Se acrescentarmos também alguns componentes, como classe social, etnia e gênero, a imagem resultante é fatal. E, infelizmente, muitas vezes isso prejudica ainda mais os jovens negros, de classe baixa ou que usam determinada roupa.
O que muitas vezes acontece é que, a partir de uma estrutura centrada no adulto, aqueles que exercem papéis de autoridade não gostam de ser confrontados ou desafiados. Muito menos por quem tem outras concepções de mundo ou por pessoas com pouca experiência, como os adolescentes.
Mas, outras vezes, isso se revela quando os pais não têm as habilidades necessárias para estabelecer limites de forma assertiva.
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5. São instáveis
A adolescência tem seus próprios desafios, pois as mudanças ocorrem em todos os níveis. Isso implica certas pressões e experiências muito específicas que podem andar de mãos dadas com oscilações emocionais. Isso não transforma os jovens em pessoas instáveis, mas sujeitos em pleno desenvolvimento.
6. São facilmente influenciáveis
É verdade que na adolescência o grupo de pares adquire grande importância e que, por vezes, a aceitação tem mais peso do que a diferenciação. Fazer parte é importante e isso significa seguir a corrente.
No entanto, tudo isso faz parte de um processo normal e os adultos referentes devem saber acompanhar e quais ferramentas fornecer.
Novamente, vale fazer uma autocrítica e perguntar se a sociedade em geral não é influenciada: pela publicidade, pelo consumo, por um “dever ser” que nos mostra o caminho, entre outras questões.
Se formos capazes de transcender preconceitos, seremos capazes de admitir que os adultos também têm o que criticamos na adolescência.
7. Usam celular o dia todo
É verdade que o uso de tecnologia nessa fase costuma ser excessivo e que isso traz problemas de atenção, concentração e comunicação entre as famílias. No entanto, deve-se reconhecer que é algo que afeta a sociedade como um todo (mesmo em idade precoce) e que é necessário estabelecer regras sobre seu uso adequado para todos. Vale esclarecer que as proibições não são efetivas nem educativas.
A adolescência exige compreensão e superação de estereótipos
Como podemos perceber, existem inúmeros preconceitos e estereótipos em relação aos adolescentes, mas é preciso reconhecê-los, questioná-los e superá-los.
Isso não significa liberar os jovens de suas responsabilidades, nem ignorar as dificuldades dessa etapa. Ao contrário, trata-se de entender que leituras estereotipadas não são mais suficientes.
O principal problema desses preconceitos é que eles parecem se cristalizar em uma única realidade, o que costuma ser uma concepção bastante simplista e injusta. Além disso, em fases-chave da construção da identidade, os estereótipos podem ser um estigma e limitar o potencial dos jovens.
Além disso, não devemos esquecer a forma como a socialização marca essas crenças e pensamentos, que interiorizamos desde muito cedo e que definem a forma como interpretamos o mundo.
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