Quais são os principais hábitos para prevenir a obesidade infantil?
A Organização Mundial da Saúde considera a obesidade uma epidemia global que atinge qualquer idade. Em 2018, cerca de 40 milhões de crianças com menos de 5 anos e outras 338 milhões entre 5 e 19 anos em todo o mundo estavam acima do peso. No entanto, por mais alarmantes que sejam os números, a aplicação de hábitos essenciais para prevenir a obesidade infantil tornou-se o foco da atenção das organizações de saúde.
Algumas recomendações para sair da epidemia de obesidade infantil incluem a adoção de alguns hábitos de mudança pessoal, familiar e social desde cedo. Dessa forma, busca evitar que nossas crianças sejam obesas. Continue lendo e ajude a diminuir as estatísticas enquanto seus filhos crescem saudáveis.
Descubra quais são os hábitos fundamentais para prevenir a obesidade infantil
O sobrepeso e a obesidade são conhecidos como fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas. Entre elas, podemos citar condições cardiovasculares, diabetes ou síndrome metabólica, entre outras. Portanto, internalizar alguns hábitos para prevenir a obesidade infantil é essencial para ter um futuro saudável.
As recomendações são baseadas no consenso de diferentes sociedades de pediatria, nutrição e obesidade. Elas foram refletidas na revista Anales de Pediatría Continuada e pela American Academy of Pediatrics (2015). Ambas se baseiam em 3 fases críticas da obesidade infantil: o primeiro ano de idade, dos 2 aos 6 anos, e a adolescência.
Promover a amamentação
Através do leite materno, o bebê obtém os nutrientes necessários para manter o crescimento ideal. Idealmente, deveria ser exclusiva até os 6 meses de idade e depois estendida até os 2 anos de idade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além disso, um estudo citado na revista Pediatrics mostra que existe uma correlação negativa entre a amamentação por muito tempo e o aparecimento posterior de obesidade.
Educar sobre o uso da mamadeira
Saber escolher a fórmula inicial e preparar a mamadeira corretamente também ajuda a prevenir a obesidade infantil. O volume de leite e a concentração devem ser indicados por um pediatra. É um erro usar esse produto para acalmar o bebê ou para induzir o sono. Além disso, açúcar, mel ou qualquer outro adoçante não deve ser usado no bico, pois pode criar preferências pelo sabor doce desde tenra idade.
Introduzir corretamente a alimentação complementar
É importante introduzir a alimentação complementar em bebês entre 4 e 6 meses de idade. Para isso, conforme recomendado pelo USDA Food Guide, 2020-2025, a dieta deve ser variada e incluir todos os grupos alimentares.
Cereais, proteínas, vegetais, frutas, azeite, legumes e peixes devem ser introduzidos gradualmente. Dessa forma, a criança se identificará desde os primeiros meses com uma alimentação equilibrada e saudável.
Reduzir o consumo de alimentos ricos em gordura
A partir dos 2 anos de idade, recomenda-se reduzir a ingestão de gorduras saturadas e trans. Dessa forma, busca-se evitar o possível sobrepeso correspondente ao segundo estágio crítico da obesidade infantil. Portanto, deve-se evitar o consumo de leite e derivados integrais, sorvetes, pastéis, embutidos, alimentos pré-fritos e pré-cozidos e margarinas, entre outros. Além disso, para garantir o consumo de cálcio, os laticínios recomendados devem ser desnatados.
Promover o consumo de carboidratos complexos
Os pais devem incluir na dieta alimentos que contenham carboidratos com baixo índice glicêmico (IG). Isso diminui a velocidade de absorção dos açúcares, que, por permanecerem mais tempo no sangue, reduzem a sensação de fome. Entre estes, temos os cereais integrais, a maioria dos vegetais, leguminosas e boa parte das frutas, como morangos, laranjas, tangerinas, abacates e mirtilos, entre outras.
Pelo contrário, recomenda-se evitar refrigerantes, bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados, doces e bolos. Caso contrário, seus açúcares são ingeridos e utilizados muito rapidamente no sangue, o que estimula o consumo de alimentos que favorecem a obesidade infantil.
Promover o aumento da atividade física
São vários os fatores que levam ao comportamento sedentário das crianças. Entre eles, a modernização de casa e prédios, o uso massivo do transporte mecanizado e, principalmente, mais tempo dedicado às tecnologias da informação (TIC), como televisão, videogames, internet e telefonia móvel.
A revista Physiology & Behavior adverte que a televisão tem uma influência negativa na obesidade. Insiste-se que é a atividade sedentária em que as crianças investem mais tempo, enquanto se promove o consumo de alimentos calóricos e se estimula a comer sem sentido. Assim, como medida preventiva da obesidade infantil, é aconselhável manter um padrão de vida mais ativo e com menos tempo dedicado à televisão e outras TIC.
Promover hábitos alimentares saudáveis
Dos 3 aos 4 anos, as crianças começam a adotar ou imitar hábitos alimentares. Por isso é importante que todos na família adotem uma alimentação saudável. A melhor opção é que seja semelhante à dieta mediterrânea tradicional, já que alguns estudos têm dado bons resultados na redução do sobrepeso e da obesidade infantil.
Alguns exemplos de alimentos saudáveis são: azeite de oliva, grãos integrais, vegetais variados, frutas frescas e inteiras, nozes, legumes e vegetais minimamente processados.
Cinco a seis porções de frutas inteiras por dia serão adequadas para crianças. A Associação Espanhola de Pediatria recomenda 3/4 de um copo de suco natural para crianças menores de 6 anos e, para menores de 18 anos, não mais que 2 copos por dia. Por outro lado, queijos desnatados e iogurtes são recomendados. No caso das carnes, as brancas devem ser consumidas pelo menos 3 a 4 vezes por semana, enquanto as carnes vermelhas são recomendadas algumas vezes ao mês.
Ter horários para as refeições
Outra dica para prevenir a obesidade infantil é estabelecer horários de alimentação ordenados. Deve haver pelo menos 3 refeições principais e 2 lanches para evitar beliscadas excessivas ao longo do dia. Além disso, recomenda-se que os lanches sejam saudáveis para complementar as necessidades nutricionais.
Comer em família
É importante que as refeições sejam compartilhadas com a família, pois é o momento propício para educar pelo exemplo. Pode-se até demonstrar que, ao comer, compartilhamos socialmente e não assistimos televisão nem usamos qualquer outra TIC.
Um problema que se resolve em família
Não se esqueça de que o pediatra é o primeiro profissional de saúde a controlar o estado geral de saúde, o peso e outras medidas corporais da criança. Além disso, se ela está acima do peso, deve consultar um nutricionista. De qualquer forma, você já sabe que a chave para combater a obesidade infantil é mudar hábitos sedentários e comportamentos alimentares inadequados para comportamentos que levem a um estilo de vida mais saudável.
Por exemplo, adotar uma alimentação saudável, aumentar a atividade física, reduzir o tempo em frente às telas e praticar esportes, entre outros, é fundamental. Devemos assumir que a obesidade infantil é um problema familiar e todos devemos enfrentá-lo juntos!
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