Transtorno desintegrativo da infância: sintomas e tratamento
O transtorno desintegrativo da infância, ou a Síndrome de Heller, faz parte da lista das chamadas doenças raras. Descrito em 1908, pelo psiquiatra austríaco Theodore Heller, é um dos transtornos globais do desenvolvimento. Distingue-se por provocar uma regressão em várias áreas do desenvolvimento.
Aparece entre os 3 e os 10 anos de idade. Quando a doença começa a se manifestar, os indivíduos aparentam um progresso satisfatório. No entanto, pouco depois, começam a ver desintegradas suas habilidades linguísticas, comportamentais e sociais. Inclusive, é possível notar o retrocesso nas habilidades motoras e no controle dos esfíncteres.
Esse transtorno é considerado pelos especialistas como uma alteração destrutiva e crônica, que pode levar à dependência absoluta. Alguns o classificam como uma espécie de demência, por causa das alucinações ou percepções irreais que pode causar. Por causa desse efeito, também é chamado de psicose desintegrativa.
A criança antes do transtorno desintegrativo da infância
Até os três anos de idade, a criança mostra uma evolução de acordo com o esperado para sua idade. Ela é capaz de explicar acontecimentos vividos no passado recente e utilizar frases de até quatro palavras. Também consegue responder perguntas e vai aumentando seu vocabulário aos poucos.
Em relação às habilidades motoras e à autonomia pessoal, ela também faz progressos. Pula com os dois pés, come utilizando uma colher ou um garfo e bebe sem derrubar o líquido. Além disso, é capaz de reconhecer os utensílios usados no banho e os usa com a supervisão de um adulto.
“O aparecimento do transtorno desintegrativo da infância pode acontecer subitamente ou de forma gradual”
No aspecto social, ela também se desenvolve adequadamente no seu meio habitual. Brinca com outras crianças da mesma idade e identifica os adultos significantes ou conhecidos.
O aparecimento do transtorno desintegrativo da infância
Aos três anos de idade ou um pouco antes, começa-se a observar regressões nas habilidades da criança. O aparecimento do transtorno desintegrativo da infância pode acontecer subitamente ou de forma gradual. Na linguagem é possível perceber mais facilmente, já que a criança pode perder totalmente a habilidade de se comunicar.
Da mesma forma, sua interação social é alterada e ela passa a perder o interesse pelas pessoas. Percebe-se, além disso, um isolamento severo: a criança não brinca, não se integra como antes e prefere passar a maior parte do tempo sozinha.
Adicionalmente, ela vai perdendo a motricidade fina e grossa. Vai ter dificuldades de andar e mudar de posição. Além disso, vão começar a aparecer estereotipias, ou seja, movimentos repetitivos de balanço no corpo. Às vezes, a criança será consciente da perda das suas capacidades e vai se mostrar ansiosa, inquieta e hiperativa. Inclusive ela pode chegar a sentir raiva e impotência.
Descrição clínica da alteração
De maneira geral, os sintomas do diagnóstico do transtorno desintegrativo da infância podem ser resumidos da seguinte maneira:
- Perda parcial ou total da linguagem no que se refere tanto à recepção quanto à expressão.
- Déficit na comunicação.
- Retração nas condutas adaptativas e nas interações sociais.
- Desinteresse pelo contexto imediato, retraimento.
- Indiferença por atividades lúdicas.
- Descoordenação motora fina e grossa.
- Movimentos repetitivos ou estereotipados.
- Perda do controle dos esfíncteres.
- Aparecimento de enurese.
- Falta de reciprocidade emocional ou social.
Se o transtorno afetar pessoas adultas, na maioria das vezes elas se tornam completamente dependentes. Portanto, precisam de cuidados constantes, preferivelmente em instituições especializadas. Além disso, a expectativa de vida pode ser baixa.
Possíveis causas da alteração
Não se conseguiu ainda determinar uma causa específica para o aparecimento dessa síndrome. Estima-se que seu aparecimento segue um quadro infeccioso no sistema nervoso. O sofrimento de um episódio traumático, seja físico ou psicológico, também está associado a essa condição.
Da mesma maneira, as convulsões, a esclerose tuberosa e as anomalias cerebrais são mencionadas como possíveis causas. Não se tem conhecimento do motivo, mas sabe-se que há uma tendência maior de ocorrer em meninos do que em meninas.
Tratamento comum para o transtorno
Não há um tratamento exclusivo. Na verdade, existem controvérsias em relação a esse assunto. Em essência, o tratamento visa atenuar os sintomas, mas não o transtorno em si. Foi demonstrado que a criança não consegue retomar completamente as habilidades que perdeu.
As melhoras podem ser conquistadas com algumas terapias. Mas na maioria dos casos, essas crianças não voltam a ser totalmente independentes. Quando há evidências de comportamentos agressivos, ansiedade e depressão, é comum receitar antidepressivos e antipsicóticos.
“Estima-se que seu aparecimento segue um quadro infeccioso no sistema nervoso. O sofrimento de um episódio traumático, seja físico ou psicológico, também está associado a essa condição.”
O tratamento farmacológico é semelhante ao de crianças com autismo. No entanto, o procedimento para o controle neurológico e o plano comportamental difere um pouco. Em geral, recorre-se às terapias de conduta e de comunicação, às dietas especiais e às chamadas medicinas alternativas.
É recomendável que a família procure apoio psicológico para a aceitação da involução da criança. A informação e o conhecimento sobre a doença são essenciais.
Intervenção com terapia comportamental
As aplicações das terapias comportamentais têm oferecido significativos benefícios para pacientes com o transtorno desintegrativo da infância. A participação ativa da família e de professores em um ambiente de motivação favorece o estado de espírito da criança.
Sua finalidade é proporcionar à criança experiências que favoreçam suas competências comunicativas. Além de ensinar regras básicas de comportamento e rotinas sociais que sejam fáceis de serem seguidas. Trata-se de buscar a conservação de algum nível de atividade que lhe proporcione melhor qualidade de vida. O contato com animais como cavalos ou golfinhos pode ajudar.
Com o passar do tempo, o agravamento da doença pode ser interrompido. Certas funções podem reaparecer, mesmo que de forma limitada, como a fala. Mas a criança só conseguirá formar algumas frases. A habilidade de comunicação, entretanto, continuará bastante reduzida.
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