Tratamento da ansiedade em crianças

Quando as crianças têm medos excessivos ou preocupações frequentes, podemos nos encontrar diante de um transtorno de ansiedade. Descubra as intervenções mais eficazes para lidar com esses casos.
Tratamento da ansiedade em crianças
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 13 abril, 2023

Muitas vezes pensamos que a saúde mental é uma questão de adultos, que os pequenos têm uma vida simples e feliz e que todos os seus medos são temporários. No entanto, a ansiedade nas crianças está muito mais presente do que pensamos. Esses sintomas podem até afetar seu bem-estar, seu desempenho acadêmico e suas relações sociais. Além disso, se não forem tratados a tempo, é provável que se tornem crônicos. Por isso, hoje queremos falar sobre os principais tratamentos disponíveis.

Os transtornos de ansiedade em crianças são o primeiro diagnóstico psiquiátrico nessa faixa etária e afetam entre 3% e 31% das crianças. Se seu filho tem medos ou preocupações inapropriadas que lhe causam grande desconforto, ele pode precisar de apoio profissional. Felizmente, existem estratégias terapêuticas muito eficazes.

Os principais transtornos de ansiedade em crianças

Em primeiro lugar, é importante lembrar que existem diferentes transtornos de ansiedade, com diferentes causas, sintomas e abordagens. Os principais transtornos de ansiedade que podem ocorrer na população infantil são os seguintes:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): É caracterizado por preocupação excessiva e persistente que é muito difícil para as crianças controlarem. A criança experimenta preocupação e ansiedade sobre uma ampla variedade de questões, mas em um grau desproporcional.
  • Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS): Diante da ideia de ter que se separar de seus pais ou cuidadores, a criança vivencia uma grande angústia que interfere em sua vida diária. Além disso, apresenta um medo recorrente de que algo aconteça com esses adultos.
  • Fobias específicas: Define-se como um medo intenso e desproporcional diante de certos estímulos (animais, situações ou eventos). A criança faz todo o possível para evitá-los ou suporta-os à custa de grande desconforto.
  • Fobia social: Neste caso, são as interações sociais que atuam como estímulo para a ansiedade. Consequentemente, surge um grande medo de ser julgado que impede a criança de funcionar socialmente de forma adequada.
  • Transtorno obsessivo-compulsivo: Caracteriza-se pela presença de pensamentos intrusivos que causam medo e angústia (obsessões) e comportamentos que visam aliviar esse desconforto (compulsões).
  • Transtorno de estresse pós-traumático: Surge em resposta a uma experiência traumática e se manifesta em pesadelos e flashbacks incontroláveis do evento, além de presença constante de emoções negativas e necessidade de evitar qualquer coisa relacionada ao trauma.
A ansiedade nas crianças pode afetar a maneira como elas pensam, sentem, se comportam e se relacionam com os outros. Não se trata apenas de crianças medrosas, nervosas ou tímidas, por isso o acompanhamento e a ajuda profissional são fundamentais.

Conheça os tratamentos para ansiedade em crianças

Como você pode ver, existem vários transtornos de ansiedade que podem ocorrer em crianças. Por esse motivo, a abordagem será diferente dependendo de cada caso. No entanto, existem algumas diretrizes gerais que se aplicam a todas as condições.

Várias pesquisas têm mostrado que a terapia cognitivo-comportamental é a mais eficaz quando se busca tratar transtornos de ansiedade em crianças. Isso se baseia no fato de que pensamentos e comportamentos estão diretamente relacionados às emoções, de modo que, modificando os primeiros, podemos alcançar mudanças nas últimas. Assim, as intervenções cognitivo-comportamentais se concentram em três níveis que veremos a seguir.

Manifestações fisiológicas

A ansiedade se manifesta, muitas vezes, por meio de sintomas fisiológicos e corporais como sudorese, taquicardia, náusea ou dor psicossomática. O treinamento em técnicas de relaxamento, como respiração diafragmática ou relaxamento muscular progressivo, é usado para ensinar os pequenos a regular seus níveis de ansiedade.

Pensamentos e cognições

Para as crianças mais novas é difícil identificar seus pensamentos, expressá-los e modificá-los. No entanto, a partir dos 9 anos é possível recorrer a técnicas, como a reestruturação cognitiva, que permitem aos jovens ajustar os pensamentos irracionais que causam ansiedade e substituí-los por outros mais funcionais.

Comportamentos

A exposição é uma das técnicas mais utilizadas. Consiste em aproximar as crianças de situações que geram ansiedade, de forma gradativa, para que o desconforto comece a diminuir.

Muitas vezes, a ansiedade leva crianças e adolescentes a evitar determinados estímulos. No entanto, isso só aumenta o medo, pois impede que os pequenos verifiquem se a situação é realmente inofensiva.

Outros aspectos a considerar no tratamento da ansiedade em crianças

Além de aplicar as técnicas mencionadas, a psicoeducação é essencial. Ou seja, explicar tanto ao pequeno quanto à sua família o que está acontecendo e por quê, como funciona a ansiedade e como vamos enfrentá-la. Desta forma, consegue-se não só a compreensão, mas também o envolvimento dos pais e a sua colaboração durante o tratamento.

Por outro lado, em alguns casos pode ser necessário o acompanhamento de psicoterapia medicamentosa. Vários estudos mostraram que os medicamentos mais eficazes para reduzir os sintomas de ansiedade são os Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS). No entanto, a psicoterapia é muito necessária para ensinar as crianças a lidar com suas dificuldades de longo prazo e proporcionar-lhes novas formas de pensar e interpretar a realidade.

Transtornos de ansiedade são comuns em crianças

Em suma, os transtornos de ansiedade em crianças são mais comuns do que pensamos. Se você identificar algum possível sinal em seus filhos, não ignore e procure orientação profissional. Existem tratamentos eficazes que, se não forem aplicados, o problema pode perdurar até na idade adulta.


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