Em que consiste a cirurgia fetal?
A cirurgia fetal consiste em uma operação realizada no feto ainda dentro do útero de sua mãe. Essas intervenções são uma opção quando o bebê tem malformações ou doenças graves.
Estatisticamente, 1 em cada 1.000 gestações precisaria desse procedimento. Através da cirurgia fetal, busca-se evitar a morte do feto ou futuros problemas graves de saúde ao nascer.
A primeira vez que uma operação dessa natureza foi realizada foi em 1995, ou seja, é um tipo relativamente novo de cirurgia. Pouco a pouco, a sua técnica foi evoluindo, e vamos detalhá-la no artigo a seguir.
Causas de uma cirurgia fetal
Esse tipo de intervenção e cirurgia geralmente tem diferentes origens:
- Tumor pulmonar.
- Mielomeningocele (espinha bífida).
- Hérnia diafragmática congênita.
- Obstrução do sistema urinário.
- Teratoma sacrococcígeo.
- Alterações em caso de gestação de gêmeos (gêmeos monocoriônicos ou que habitam a mesma placenta).
- Tumor cervical.
Técnicas de cirurgia fetal
Existem dois métodos através dos quais essa prática é realizada nos fetos, e nos dois casos há riscos. Pontualmente, existe a possibilidade de haver complicações tanto para o feto quanto para a mãe, seja durante a operação ou posteriormente. Também pode haver prematuridade do parto ou da cesárea.
A metodologia é a seguinte:
- O útero é aberto, o feto é parcialmente removido para o exterior e a operação é realizada.
- O feto é colocado de volta no útero e a incisão é fechada.
- É utilizada a técnica chamada de fetoscopia, semelhante à endoscopia, que consiste na introdução de uma câmera laparoscópica no útero.
Características da cirurgia fetal
O avanço da medicina, em termos de questões técnicas, permitiu o acesso a instrumentos cirúrgicos finos e pequenos. Dessa maneira, a complexidade de uma operação fetal pode ser planejada dentro de prazos e requisitos próprios.
Uma intervenção em um bebê dentro da barriga da mãe deve ser muito rápida. Existem dois pacientes que estão sendo tratados. Além disso, o feto é apenas um pequeno corpo imaturo e mole, ativo e envolto em membranas frágeis que devem ser perfuradas para acessar o útero.
Cada uma das causas de cirurgia fetal requer um tipo especial de intervenção. Existem cerca de 14 maneiras de realizar essas operações com sucesso.
Durante as primeiras experiências nesse tipo de cirurgia, a segurança materna foi entendida como uma premissa fundamental acima de tudo.
“A cirurgia fetal pode ser uma ajuda milagrosa em alguns casos nos quais o feto está em risco.”
Quando a cirurgia fetal é realizada
A cirurgia fetal não pode ser realizada antes da 18ª semana, pois a fragilidade dos tecidos é extrema. Por outro lado, após a 30ª semana de gestação, uma intervenção dessas características pode desencadear o parto prematuro.
Nesse último caso, geralmente espera-se até o nascimento para realizar uma operação pós-natal. Ou seja, a cirurgia fetal é realizada, até o momento, entre a 18ª e a 30ª semana de gestação.
Antes, durante e após a cirurgia fetal
A doença fetal é diagnosticada pelo obstetra. Depois de detectar uma anomalia, esse especialista solicita uma série de exames, incluindo ressonância magnética e ultrassom de alta resolução.
Também deve ser realizada uma amniocentese, um exame que determina a existência de defeitos genéticos ligados a infecções congênitas.
Com base nos resultados, os médicos vão informar a mãe sobre os riscos que a cirurgia acarreta para ela. Uma segunda reunião servirá para que os profissionais que realizarão a operação apresentem o seu papel na intervenção e os riscos que assumem.
Caso a mãe concorde em levar a intervenção adiante, ela deverá assinar um consentimento no qual constem os riscos e benefícios da cirurgia.
A equipe de profissionais
Essas cirurgias são realizadas através da coordenação de uma sólida equipe de especialistas: cirurgiões, neurocirurgiões, pediatras, obstetras, radiologistas com conhecimento em ressonância magnética, neonatologistas, anestesistas, assistentes sociais, psicólogos e enfermeiros.
Dada a natureza delicada do problema, geralmente também há psicólogos na equipe interdisciplinar para oferecer a devida assistência à mãe e à sua decisão.
Após a cirurgia, a mãe pode continuar a gravidez. No entanto, a cesariana é o único método de parto possível nos casos em que houve uma cirurgia fetal.
O bebê é removido aproximadamente na 36ª semana para que seja possível confirmar a maturação pulmonar através da amniocentese.
Em resumo, a cirurgia fetal pode ser uma ajuda milagrosa em alguns casos nos quais o feto corre o risco de malformações graves, doenças congênitas ou até mesmo problemas ainda mais graves. No entanto, a prioridade, em qualquer caso, é a voz e a saúde da mãe.