6 mitos sobre alergias alimentares em crianças

Existe uma série de mitos em torno das alergias alimentares em crianças que podem confundir o diagnóstico da doença e sua abordagem. Por isso, é importante esclarecê-los para chegar à verdade.
6 mitos sobre alergias alimentares em crianças

Última atualização: 20 fevereiro, 2024

Não há dúvida de que as alergias alimentares em crianças representam um tema de destaque na saúde pediátrica mundial, pois prejudicam a qualidade de vida da criança e da família. Apesar do interesse no tema, alguns mitos sobre alergias alimentares em crianças prevalecem em muitas famílias, dificultando o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.

Por esse motivo, queremos falar sobre alguns dos equívocos em torno das alergias alimentares infantis. Dessa forma, é possível conseguir uma melhor abordagem e conhecer os sintomas mais comuns. Claro que a principal recomendação é sempre se orientar com um profissional de saúde.

Mitos comuns sobre alergias alimentares em crianças

Os mitos que cercam as alergias alimentares existem há muito tempo. E eles começaram com a má aplicação do termo. Sob o termo “alergia alimentar” costumam ser agrupadas muitas desordens relacionadas a reações adversas a alimentos sem que todas sejam realmente uma alergia alimentar. Vamos rever quais são os mitos mais comuns para começar a desconstruí-los.

1. Qualquer desconforto após comer representa uma alergia alimentar

Falso. Um dos mitos mais frequentes é confundir intolerância alimentar com alergia. Mas, de acordo com o que a equipe de pesquisa de Gupta esclarece na revista JAMA Network Open, as intolerâncias são reações adversas que não são imunomediadas, ao contrário das alergias alimentares.

Uma alergia alimentar é mediada pelo sistema imunológico, é desencadeada pela exposição a um alimento e desaparece na sua ausência. A resposta imune pode ser humoral ou celular.

A intolerância alimentar ocorre devido a deficiências enzimáticas, como intolerância à lactose ou frutose, ou devido a um efeito farmacológico. Em outros casos, não há explicação orgânica para esse fenômeno.



2. As crianças herdam as alergias dos pais

Isso não é inteiramente verdade. Um artigo publicado na Europa PMC em 2018 sugere que nem todas as alergias são hereditárias, uma vez que fatores ambientais também influenciam a sua gênese.

Uma criança pode desenvolver uma alergia alimentar mesmo que os pais não a tenham. Da mesma forma, uma criança pode não desenvolver alergia mesmo que um dos pais seja alérgico a um alimento.



3. A exposição precoce a alérgenos alimentares pode causar alergia

Falso. Ao contrário desse mito, as diretrizes atuais propõem que a exposição precoce de bebês aos alimentos pode ser benéfica. Nesse sentido, o The New England Journal of Medicine mostra um estudo em que se lê que a exposição ao amendoim pode reduzir a incidência de alergias em crianças com alto risco de desenvolvê-la.

4. Comer “só um pouquinho” do alimento que desencadeia a alergia não faz mal

Falso. Não dar importância à manifestação de alguns sintomas, por mais leves que sejam após a ingestão de algum alimento, é cometer um rave erro. Existe a possibilidade de que, no próximo contato com o alimento, a reação alérgica seja maior ou com risco de vida. A reação pode ocorrer até mesmo ao tocá-lo ou inalá-lo.

5. As alergias alimentares são sempre graves

Falso. Embora as alergias alimentares possam ser perigosas e potencialmente fatais, nem todas as reações são anafiláticas. Nesse sentido, o guia para diagnóstico e manejo de alergias alimentares publicado na revista Nutrition Research menciona que as reações são muito variadas e isso depende de múltiplos fatores.

6. Em caso de suspeita de alergia a algum alimento, este deve ser removido do contato

Essa não é a forma mais adequada de manejo terapêutico. A retirada total do alimento pode interferir nos exames complementares e, consequentemente, no diagnóstico. O alergista é o profissional mais indicado para ordenar ou não a retirada de alimentos da dieta. No caso de retirada, ele também indicará como realizá-la.

Por outro lado, como pais, devemos estar preparados para reconhecer os sintomas comuns de uma alergia alimentar e não confundi-los com os da intolerância alimentar. Dessa forma, auxiliamos o diagnóstico do profissional de saúde.

Como se manifesta uma alergia alimentar?

As reações mais frequentes de uma alergia alimentar são a urticária, ou seja, o aparecimento de inchaços na pele com coceira e acompanhados de inchaço. Estes aparecem entre 70% a 80% dos casos na primeira hora após a ingestão do alimento.

Essas manifestações cutâneas são acompanhadas de sintomas respiratórios, como rinoconjuntivite e broncoespasmo. Também pode haver náuseas, vômitos, diarreia, cólicas e queda da pressão arterial.

Outro sintoma frequente é a síndrome de alergia oral (SAO), que se caracteriza por coceira e sensação de formigamento na cavidade oral e faringe. Também pode haver coceira ao redor da boca.



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Caso observe algum sintoma, o que fazer?

A primeira coisa é consultar o pediatra, principalmente se a reação alérgica estiver ativa. Essa atitude ajudará no diagnóstico. Se o pediatra considerar, consulte um especialista em alergia.

Para interromper a reação aguda, são utilizados anti-histamínicos e, em casos mais graves, outros medicamentos indicadas pelo médico. Por exemplo, em caso de anafilaxia, a adrenalina injetável é o tratamento de escolha.

O alimento desencadeante da alergia deve ser identificado e evitado. Inclusive, leia atentamente os rótulos dos produtos alimentícios e conheça detalhadamente os ingredientes das receitas em caso de alimentação fora de casa.

Por que é importante desmascarar mitos?

As alergias alimentares representam um problema de saúde que deve ser abordado pelos profissionais de saúde desde o seu diagnóstico e tratamento. É importante não confundi-las com intolerâncias a determinados alimentos, pois a abordagem é diferente.

As crenças familiares sobre alergias podem confundir e complicar o tratamento oportuno da doença. Uma vez que o profissional identifique o alimento responsável pela alergia, ele indicará como removê-lo completamente da dieta.


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