Pensamento convergente e divergente: em que diferem e como estimulá-los?

Pensamento convergente e divergente são duas ótimas estratégias para resolver problemas e tomar decisões. Mas seu filho sabe como usar os dois? Descubra como ajudá-lo a alcançá-lo.
Pensamento convergente e divergente: em que diferem e como estimulá-los?
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 24 maio, 2023

As pessoas gostam de nos classificar em diferentes categorias. Por exemplo, definindo-nos como sociáveis, reservados, enérgicos ou calmos. Isso nos dá uma sensação de ordem e controle sobre nosso ambiente. No entanto, esses rótulos podem limitar as possibilidades, principalmente se os recebermos desde a infância. Neste artigo, contaremos o que são pensamentos convergentes e divergentes e por que é importante estimular ambos nas crianças.

Pense um pouco no seu filho: você acha que ele é uma pessoa lógica e muito capaz de usar a razão? Ou, ao contrário, você o considera criativo e pouco convencional? Possivelmente, a resposta a essa dicotomia veio rapidamente à sua mente. Mas, na realidade, uma criança não precisa incorporar nenhuma dessas categorias e pode aprender a usar ambas a seu favor em diferentes contextos.

Pensamento convergente e divergente

Quando falamos de pensamento, nos referimos a esse conjunto de funções cognitivas que nos permitem entender, analisar, resolver problemas ou tomar decisões. Embora possa não parecer, pensar também é uma atividade que se aprende, e as crianças prestam atenção às pessoas ao seu redor e às instruções que recebem para fazê-lo. Agora, você está ciente de que tipo de pensamento você promove com seu exemplo e com suas diretrizes?

Pensamento convergente

Em termos gerais, podemos diferenciar entre dois processos cognitivos principais. O pensamento convergente é o pensamento linear, lógico e estruturado. Faz parte do que já se sabe, dos dados que já se conhecem e das formas de fazer que se aprenderam antes. É, por exemplo, aquele que ensinamos às crianças na hora de fazer somas ou subtrações ou fazer palavras cruzadas.

Pensamento divergente

O pensamento divergente busca a originalidade e a capacidade de enxergar além do que está estabelecido. Além disso, valoriza a quantidade de ideias e respostas independente de sua qualidade.

Por outro lado, o pensamento divergente é criativo, caótico e inovador. Incentiva a imaginar e pensar por si mesmo, fazer diferentes associações de dados e chegar a múltiplas e diversas conclusões. Por exemplo, é muito útil para resolver quebra-cabeças, criar uma coreografia ou construir um brinquedo com peças ou elementos que tenham outra utilidade.

Ambos são úteis em diferentes contextos

Como você pode ver, o pensamento convergente e divergente são diferentes, mas complementares. Cada um deles é útil em diferentes contextos e para diferentes propósitos. Um é eminentemente baseado na razão e na lógica, enquanto o outro preconiza a criatividade e a originalidade.

O papel da escola e do lar

São os pais, educadores e outros adultos atenciosos os responsáveis por ensinar as crianças a pensar. Mas que tipo de pensamento promovemos? Para responder a esta pergunta, podemos olhar para os resultados de um estudo interessante. Em 1968, George Land e Beth Jarman iniciaram um trabalho longitudinal que avaliou a criatividade de um grupo de crianças à medida que cresciam.

Quando esses menores tinham 5 anos, foi feita uma pergunta simples: “Quantos usos possíveis você consegue imaginar para um alfinete?” Com base nas respostas, os participantes foram classificados como mais ou menos proficientes em pensamento divergente. O surpreendente foi que, aos 5 anos, 98% das crianças foram classificadas como gênios nesse quesito. No entanto, aos 10 anos, apenas 30% mantiveram a capacidade e, aos 15 anos, apenas 12%.

O que aconteceu com a criatividade, a engenhosidade e a originalidade dessas crianças? Simplesmente, elas foram educadas. E estavam incluídas em um sistema que, ainda hoje, privilegia o pensamento convergente e ignora o pensamento divergente. Em outras palavras, os pais e as escolas muitas vezes suprimem a inovação das crianças e tentam adaptá-las ao pensamento lógico e sequencial.

O pensamento convergente usa procedimentos e sequências organizadas e chega a uma única conclusão.

A exigência no mundo de hoje

Essa tendência não se deve a uma má intenção dos adultos, e sim ao passado histórico que nos precede. Na era industrial, quando os trabalhos eram rotineiros e estruturados, o pensamento convergente era o mais útil. Porém, hoje nossos filhos fazem parte de um mundo mutável e incerto, por isso o mundo do trabalho exigirá pensamento crítico, engenhosidade, inovação e visão além do convencional.

Como estimular o pensamento convergente e divergente

Em casa e nas escolas, podemos ajudar a ensinar as crianças a desenvolver e usar os dois tipos de pensamento. Para fazer isso, podemos usar nosso exemplo, mas também jogos, atividades e várias propostas. Por exemplo, o pensamento convergente é estimulado por atividades como resolver problemas de matemática, jogar xadrez e jogos de tabuleiro ou construir modelos.

Por outro lado, o pensamento divergente é potenciado pela criação de pinturas, desenhos, coreografias, canções e histórias imaginárias. Tudo que envolve deixar a mente voar, sem se prender a uma estrutura e se abrindo para todas as possibilidades. Enigmas e jogos de palavras, brainstorming, debates ou trabalhos manuais que envolvam dar um novo uso a um objeto já conhecido também podem ser interessantes.

De qualquer forma, o ideal é gerar um equilíbrio entre os dois tipos de pensamento. Dessa forma, mostra-se às crianças que ambos são úteis e que podem ser usados sempre que necessário. No entanto, como as escolas tendem a se concentrar mais na promoção do pensamento lógico, talvez em casa isso possa ser apoiado, fornecendo um extra para a imaginação e a inovação.


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