Pensamento convergente e divergente: em que diferem e como estimulá-los?
As pessoas gostam de nos classificar em diferentes categorias. Por exemplo, definindo-nos como sociáveis, reservados, enérgicos ou calmos. Isso nos dá uma sensação de ordem e controle sobre nosso ambiente. No entanto, esses rótulos podem limitar as possibilidades, principalmente se os recebermos desde a infância. Neste artigo, contaremos o que são pensamentos convergentes e divergentes e por que é importante estimular ambos nas crianças.
Pense um pouco no seu filho: você acha que ele é uma pessoa lógica e muito capaz de usar a razão? Ou, ao contrário, você o considera criativo e pouco convencional? Possivelmente, a resposta a essa dicotomia veio rapidamente à sua mente. Mas, na realidade, uma criança não precisa incorporar nenhuma dessas categorias e pode aprender a usar ambas a seu favor em diferentes contextos.
Pensamento convergente e divergente
Quando falamos de pensamento, nos referimos a esse conjunto de funções cognitivas que nos permitem entender, analisar, resolver problemas ou tomar decisões. Embora possa não parecer, pensar também é uma atividade que se aprende, e as crianças prestam atenção às pessoas ao seu redor e às instruções que recebem para fazê-lo. Agora, você está ciente de que tipo de pensamento você promove com seu exemplo e com suas diretrizes?
Pensamento convergente
Em termos gerais, podemos diferenciar entre dois processos cognitivos principais. O pensamento convergente é o pensamento linear, lógico e estruturado. Faz parte do que já se sabe, dos dados que já se conhecem e das formas de fazer que se aprenderam antes. É, por exemplo, aquele que ensinamos às crianças na hora de fazer somas ou subtrações ou fazer palavras cruzadas.
Pensamento divergente
Por outro lado, o pensamento divergente é criativo, caótico e inovador. Incentiva a imaginar e pensar por si mesmo, fazer diferentes associações de dados e chegar a múltiplas e diversas conclusões. Por exemplo, é muito útil para resolver quebra-cabeças, criar uma coreografia ou construir um brinquedo com peças ou elementos que tenham outra utilidade.
Ambos são úteis em diferentes contextos
Como você pode ver, o pensamento convergente e divergente são diferentes, mas complementares. Cada um deles é útil em diferentes contextos e para diferentes propósitos. Um é eminentemente baseado na razão e na lógica, enquanto o outro preconiza a criatividade e a originalidade.
O papel da escola e do lar
São os pais, educadores e outros adultos atenciosos os responsáveis por ensinar as crianças a pensar. Mas que tipo de pensamento promovemos? Para responder a esta pergunta, podemos olhar para os resultados de um estudo interessante. Em 1968, George Land e Beth Jarman iniciaram um trabalho longitudinal que avaliou a criatividade de um grupo de crianças à medida que cresciam.
Quando esses menores tinham 5 anos, foi feita uma pergunta simples: “Quantos usos possíveis você consegue imaginar para um alfinete?” Com base nas respostas, os participantes foram classificados como mais ou menos proficientes em pensamento divergente. O surpreendente foi que, aos 5 anos, 98% das crianças foram classificadas como gênios nesse quesito. No entanto, aos 10 anos, apenas 30% mantiveram a capacidade e, aos 15 anos, apenas 12%.
O que aconteceu com a criatividade, a engenhosidade e a originalidade dessas crianças? Simplesmente, elas foram educadas. E estavam incluídas em um sistema que, ainda hoje, privilegia o pensamento convergente e ignora o pensamento divergente. Em outras palavras, os pais e as escolas muitas vezes suprimem a inovação das crianças e tentam adaptá-las ao pensamento lógico e sequencial.
A exigência no mundo de hoje
Essa tendência não se deve a uma má intenção dos adultos, e sim ao passado histórico que nos precede. Na era industrial, quando os trabalhos eram rotineiros e estruturados, o pensamento convergente era o mais útil. Porém, hoje nossos filhos fazem parte de um mundo mutável e incerto, por isso o mundo do trabalho exigirá pensamento crítico, engenhosidade, inovação e visão além do convencional.
Como estimular o pensamento convergente e divergente
Em casa e nas escolas, podemos ajudar a ensinar as crianças a desenvolver e usar os dois tipos de pensamento. Para fazer isso, podemos usar nosso exemplo, mas também jogos, atividades e várias propostas. Por exemplo, o pensamento convergente é estimulado por atividades como resolver problemas de matemática, jogar xadrez e jogos de tabuleiro ou construir modelos.
Por outro lado, o pensamento divergente é potenciado pela criação de pinturas, desenhos, coreografias, canções e histórias imaginárias. Tudo que envolve deixar a mente voar, sem se prender a uma estrutura e se abrindo para todas as possibilidades. Enigmas e jogos de palavras, brainstorming, debates ou trabalhos manuais que envolvam dar um novo uso a um objeto já conhecido também podem ser interessantes.
De qualquer forma, o ideal é gerar um equilíbrio entre os dois tipos de pensamento. Dessa forma, mostra-se às crianças que ambos são úteis e que podem ser usados sempre que necessário. No entanto, como as escolas tendem a se concentrar mais na promoção do pensamento lógico, talvez em casa isso possa ser apoiado, fornecendo um extra para a imaginação e a inovação.
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- Herbert, A. (2016). Creativity in the Classroom: Promoting Divergent Thinking. Bridge, linking innovators in education. https://www.bridge.org.za/knowledgehub/creativity-classroom-promoting-divergent-thinking/
- Land, G., & Jarman, B. (1998). Breakpoint and Beyond: Mastering the Future Today. Leadership 2000 Inc