Por que sempre fico brava com meus filhos?

Diante de uma situação de raiva com as crianças, é importante perguntar de onde vem essa emoção. Muitas vezes, a causa não são elas. Nós vamos ajudar você a pensar sobre isso.

No final do dia, sua casa parece uma batalha campal: raiva e gritos de sua parte que desencadeiam choro, birras e mais raiva nas crianças. Consequentemente, você sente que passa mais tempo brava com as crianças do que curtindo os momentos em que está junto com elas.

Mas por que isso está se tornando cada vez mais frequente? Aqui ajudamos você a entender os motivos do seu desconforto e descobrir como resolvê-lo. Não deixe de ler!

“Por que sempre fico brava com as crianças?”: um mal-estar quase permanente

A raiva com crianças geralmente não é resultado de uma causa única e, em geral, implica um acúmulo de situações estressantes. Às vezes têm a ver com elas, mas outras vezes essas situações têm uma raiz muito mais remota.

A seguir, veremos alguns dos possíveis gatilhos para a sua raiva.

Estresse e pressa

O ritmo diário, as múltiplas responsabilidades e as pressões da vida adulta causam desconforto, ansiedade e nervosismo. Dessa forma, um fato aparentemente insignificante, como atrasar para se trocar na hora de ir para a escola, torna-se um gatilho para a raiva.

Expectativas e fantasias

Às vezes, a raiva com os filhos tem a ver com expectativas e idealizações anteriores à maternidade. Projetamos que as crianças serão de uma certa maneira, exatamente como gostaríamos. Assim como gostaríamos que a nossa infância tivesse sido, já que a paternidade sempre nos remete ao passado.

Dificuldade em administrar as próprias emoções

A falta de autocontrole e a impossibilidade de descarregar a raiva de forma saudável revelam uma dificuldade com o próprio mundo emocional. Todos nós temos o direito de sentir raiva, mas os momentos de explosão nunca são bons conselheiros.

Falta de limites

Às vezes, a raiva é consequência de uma situação anterior, em que as regras e os limites não foram esclarecidos. Os pequenos se comportam de certa forma porque não houve acordo prévio sobre o que deveria ser feito e o que não deveria ser feito, o que é permitido e o que não é.

O que posso fazer quando fico brava com as crianças?

As recomendações sobre a raiva com crianças não devem ser isoladas das causas que a motivam, pois se levarmos em conta o contexto, estaremos mais bem orientadas na hora de resolvê-la.

No entanto, quando você ficar com raiva, pode implementar algumas das seguintes estratégias:

• Respire e aprenda técnicas de relaxamento. Oxigenar o cérebro nos permite recuperar a calma e tomar boas decisões, além de escolher melhores maneiras de reagir ao aborrecimento. Além disso, você pode praticar exercícios de tensão e relaxamento muscular com a mesma finalidade.
• Gerenciar as emoções. Não há problema ter raiva de vez em quando, porque é uma emoção válida e porque ela tem algo a nos dizer. Mas é importante aprender a expressá-la e canalizá-la de alguma forma saudável. Devemos identificar o que ajuda cada um de nós a reagir melhor: interromper a situação até nos acalmarmos, descarregá-la por meio de atividade física ou tomar um pouco de ar fresco.
• Uma vez que tenhamos reconhecido as emoções, devemos começar a explorar a origem da raiva. Vale a pena se perguntar, é realmente algo que meu filho fez que me deixa com raiva ou o motivo não tem nada a ver com ele? Tentar explorar as emoções nos ajuda a compreender e a nos conhecer melhor. E a partir daí, escolher melhor o que fazer.
• Tente exercitar a empatia. Muitas vezes esquecemos que nossos filhos são pequenos e que nem sempre têm a capacidade de resolver ou se comportar de uma determinada maneira. Em vez de ficar com raiva deles, podemos parar para pensar no que motiva seu comportamento e tentar adaptar nossa resposta a essa necessidade.

Outras recomendações adicionais contra a raiva com seus filhos

• Pergunte a si mesma sobre quais coisas vale a pena ficar com raiva e sobre quais coisas não vale a pena. Às vezes aprendemos que a raiva é a única resposta possível. Mas nem tudo tem a mesma importância e talvez outras respostas sejam mais apropriadas em alguns casos.
• Respeite a individualidade. Uma das formas de evitar a raiva com as crianças é tentar entender que cada criança é como é, com sua personalidade, seus desejos, seus sonhos e suas necessidades. Elas não são e não serão nossa imagem e semelhança e não há nada de errado nisso, muito pelo contrário. Devemos estimular uma vida autêntica que permita às crianças se sentirem plenas para serem quem elas querem ser e, acima de tudo, apoiadas.
• Finalmente, é necessário aprender a pedir desculpas se excedermos nosso comportamento. É bom que as crianças vejam que seus pais são capazes de reconhecer erros quando os cometem. Isso os torna mais genuínos e humanos.

A importância de não ficar sempre brava com as crianças

Tanto as mães quanto os pais são pessoas de carne e osso, que tentam fazer o melhor pelos filhos e também lidam com inúmeras questões. Entender isso é um bom ponto de partida para tirar um peso dos ombros e se permitir ter dias ruins.

No entanto, é igualmente importante aprender a administrar as emoções e evitar descarregar a raiva de forma prejudicial ao ambiente, especialmente às crianças.

Ao contrário do que muitos acreditam, ficar com raiva e gritar com as crianças não facilita o aprendizado, e sim o contrário: ensina a elas modelos negativos e ineficazes para a resolução dos problemas. Como se ficar com raiva ou gritar fosse a única maneira de pedir as coisas. Com o tempo, elas se acostumam com a raiva e os gritos se tornam barulho de fundo. O ambiente hostil as “anestesia” e faz com que os pais comecem a gritar ainda mais alto.

Por fim, é importante ter em mente que o estilo parental é decisivo para o desenvolvimento e o bem-estar das crianças. Nesse sentido, a raiva sustentada atua em detrimento da qualidade de vida de todas as pessoas que compõem aquela família.

Você tem seu próprio lugar?

Os pais acompanham os filhos no processo de educação, o que implica um enorme desafio e uma grande exigência. Mas para regular o outro, é importante saber se autorregular. Por isso, é necessário ter tempo para o descanso e o lazer pessoal, recuperar espaços individuais e se reconectar com o que define quem é cada um de nós.

Da mesma forma, é essencial aprender a pedir ajuda e identificar quais são aquelas coisas que levam tudo ao limite, para enfrentá-las e contê-las antes que causem desconforto.