Quais são os riscos da indução do parto?
Quando falamos em indução do parto (IDP), nos referimos àquele procedimento obstétrico que busca desencadear o processo de parto por meio de métodos artificiais. Embora seja uma prática bastante comum nas maternidades, há uma série de riscos aos quais as mulheres em trabalho de parto estão expostas que devem ser conhecidos.
A seguir, vamos dizer em quais circunstâncias é necessário proceder dessa maneira e quais são os prós e contras de escolher essa técnica em vez de uma cesariana. Continue lendo!
A indução do trabalho traz seus riscos
O parto é um processo fisiológico, comandado pela ação de hormônios e outros agentes químicos no organismo. Todos eles geram uma série de mudanças progressivas ao nível do útero, colo do útero e pelve, de modo que o bebê é expelido pelo canal vaginal.
Esse processo começa apenas quando o corpo da mãe está preparado e o bebê está pronto para sair. Em geral, ambos os fenômenos ocorrem quando a gravidez chega ao termo, ou seja, a partir da 37ª semana.
Contudo, existe uma maneira de iniciar e acelerar o processo de parto artificialmente, conhecido como indução do parto. Essa técnica pode ser benéfica sob certas condições de saúde, especialmente quando ficar dentro do útero é mais arriscado para a criança ou para a mãe do que “forçar” a saída.
O problema é quando o parto é induzido sem uma causa médica clara, pois nesses casos a mãe e o bebê ficam expostos a riscos desnecessários. Apesar disso, a cada dia aumenta o número de internações em hospitais, seja por conveniência da equipe de saúde ou da família. Nesse sentido, a Sociedade Espanhola de Ginecologia e Obstetrícia se manifesta da seguinte forma:
“A indução é um dos procedimentos mais comuns em obstetrícia, com uso mundial aumentando de 9,5% para 23,2% entre 1990 e 2009. As IDPs em gestações precoces (37-38 semanas) aumentaram de 2 para 8%, em parte devido ao aumento das indicações de IDP por outras razões que não critérios médicos”.
A seguir, detalharemos os métodos de indução ao parto e quais são os riscos associados a cada um deles.
Ruptura artificial do saco amniótico
Uma das técnicas de indução do parto mais conhecidas é a ruptura artificial da membrana amniótica ou amniotomia. Essa manobra que é realizada no ambiente hospitalar busca iniciar, acelerar e potencializar as contrações a fim de diminuir o tempo de trabalho de parto.
No entanto, ao rompê-lo também se rompe a proteção ou “selo hermético” que protege o bebê de germes no trato genital da mãe. Portanto, uma ruptura prematura pode desencadear uma infecção na mãe e no bebê. Daí a importância de o parto não durar mais de 48 horas após a perda da integridade do saco amniótico.
Indução com hormônios sintéticos
Outra forma de induzir o parto é por meio da administração de hormônios sintéticos, como a ocitocina e as prostaglandinas. Estes desencadeiam contrações e alterações no colo do útero. No entanto, às vezes a dinâmica uterina pode ser ineficaz, embora dolorosa e frequente. Isso pode levar à hiperestimulação uterina, redução do suprimento de oxigênio para o bebê e causar sofrimento fetal, exigindo uma cesariana de emergência.
Qualquer uma das técnicas utilizadas para indução requer uma intervenção médica minuciosa, como a administração de anestesia peridural, exames vaginais, monitorização contínua, entre outras. No entanto, muitos desses partos são lentos e terminam em uma cesariana ou instrumentados com fórceps.
Em muitos casos, os métodos de indução não permitem que o trabalho de parto progrida adequadamente e não causam a dilatação correta do colo do útero. Da mesma forma, a indução do parto aumenta o risco de contrações intensas que podem causar rasgos no útero e sangramento interno.
Há momentos em que a indução é a única alternativa
Nas últimas semanas de gravidez, algumas complicações potencialmente arriscadas podem surgir. Por exemplo, distúrbios do crescimento do bebê, envelhecimento placentário, pré-eclâmpsia ou colestase materna, entre outros. Para evitar as consequências de sua progressão ou a necessidade de cesariana, o médico pode considerar a necessidade de induzir o parto.
Entre as causas mais comuns de indução do parto após a 37ª semana temos as seguintes:
- Ruptura do saco amniótico: quando o saco amniótico se rompe espontaneamente, espera-se que o trabalho de parto comece dentro de 12 a 24 horas. Caso isso não aconteça, o risco de desenvolver uma infecção obriga os profissionais a acelerar o processo de parto com uma indução.
- Gestação prolongada: a partir da semana 41, aumenta o risco de o bebê sofrer de complicações de saúde. Isso acontece porque a placenta começa a calcificar ou envelhecer, o que pode levar a problemas como sofrimento fetal, restrição de crescimento e, em casos graves, morte do bebê.
- Outros problemas: alterações no crescimento fetal, hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, colestase ou diabetes na mãe. Nessas situações, a indução do parto é uma necessidade.
Complicações da indução do parto no bebê
Induzir o parto sem um motivo obstétrico claro pode ser contraproducente e acabar afetando a saúde do bebê. Embora seja verdade que o feto se forma no nono mês, o amadurecimento de seus órgãos pode se estender além da 39ª semana. Após 40 semanas, diz-se que o bebê atingiu o termo.
Quando os bebês nascem cedo, ou quando a indução do parto é feita muito cedo (às vezes por causa de erros de cálculo da provável data de parto), há riscos para sua saúde. Por exemplo, aumento da dificuldade de alimentação, icterícia ou problemas na regulação da temperatura corporal. Também pode ocorrer situações de hipóxia perinatal, com possibilidade de consequências neurológicas a longo prazo.
Algumas considerações finais
A indução do parto deve ser indicada pelo médico especialista após avaliação detalhada dos prós e contras de sua execução. E, também, seguindo os protocolos obstétricos estabelecidos. Dessa forma, evitam-se procedimentos desnecessários que possam colocar em risco o bem-estar do binômio mãe-filho.
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