Síndrome do berço com espinhos
“Ele adormece em paz, mas sempre que o coloco no berço, ele acorda como se o colchão tivesse espinhos.” Isso é o que muitas mães e pais vivenciam toda vez que tentam colocar seus filhos para dormir. Sem dúvida, é uma situação que gera muitas angústias e incertezas e que potencializa o cansaço crônico dos pais.
A seguir, vamos contar tudo que você precisa saber sobre a “síndrome do berço com espinhos”.
O que é a síndrome do berço com espinhos?
O “berço com espinhos” é uma metáfora usada para descrever a percepção subjetiva de muitos pais ao colocarem seus bebês na cama em seus respectivos locais de descanso. Às vezes, esse fato também é interpretado com alguma culpa: Será que ele ficou com fome? Não conseguimos fazê-lo dormir? Essas e muitas outras ideias atormentam os pais com sua própria imagem competitiva.
Por outro lado, todas essas preocupações noturnas aumentam a exaustão física e mental que acompanha a criação de um filho pequeno. E assim o sono de toda a família é frequentemente perturbado noite após noite.
No entanto, deve-se notar que isso varia ao longo do desenvolvimento por razões biológicas. E entre as razões mais frequentes para esse tipo de despertar, encontramos as seguintes:
- O bebê deita-se em uma fase de sono leve. Os pais às vezes fazem seus filhos dormirem no colo e correm para colocá-los no berço antes que entrem em um sono profundo. Por isso, ao tocar no colchão, os pequenos acordam.
- A necessidade de contato físico. Os bebês costumam adormecer aquecidos, agarrando-se ao seio da mãe, embalados e em contato pele a pele com seus cuidadores. Essa cena, assim colocada, é tentadora para qualquer pessoa, certo? Portanto, não é ilógico pensar que as crianças desejem prolongar esse estado de satisfação e acordem quando ele é interrompido.
- Medos noturnos. Dependendo da idade dos pequenos, podem coexistir medos ou terrores noturnos, o que potencializa o despertar quando eles sabem que estão sozinhos. Você deve saber que isso não é uma estratégia de manipulação, e sim a externalização de um sentimento de angústia.
No final das contas, se você notar que o sono do seu bebê está muito leve, observe seu comportamento durante o dia. Se mostrar sinais de sono insuficiente, é melhor consultar o médico.
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Algumas dicas para superar “o berço com espinhos”
Aqui estão algumas dicas para superar esse problema e ajudar seu bebê a ter um sono de melhor qualidade.
- Tente manter uma rotina de sono que inclua horários e lugares. Isso serve para facilitar certas condições que predispõem a criança ao descanso. É lógico que se você tentar fazer seu filho dormir em um lugar que não lhe é familiar, ele se sentirá inquieto, inseguro ou até ameaçado.
- Crie experiências de “transição”. Procure situações agradáveis que precedam a hora de dormir, como contar histórias ou cantar canções. Assim, você não apenas proporciona a ele um bom momento compartilhado, como também o ajuda a diminuir os decibéis.
- Gera as condições ambientais certas. Por exemplo, coloque uma luz quente e suave no ambiente e reduza o nível de ruído. Implementar essa e outras medidas de promoção do sono pode ser de grande ajuda.
- Proporcione contato pele a pele para confortá-lo e tranquilizá-lo na hora de dormir.
- Não o deixe chorar. Mesmo que ele acorde à noite, não é aconselhável deixar o bebê no berço quando ele chorar, pois isso não acaba com a angústia em um passe de mágica. O melhor é acompanhá-lo para que ele volte a dormir em paz. Caso contrário, o pequeno pode desenvolver uma rejeição ainda maior ao berço, interpretando-o como o lugar onde é “abandonado” por seus cuidadores.
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Ajuste as expectativas de sono para não se frustrar nas tentativas
Por fim, uma dica a se ter em mente é que nem todos os pequenos têm a mesma facilidade para adormecer. Portanto, é importante conhecer o nosso bebê e tentar acompanhar suas necessidades e características. Isso implica nos adaptarmos à fase em que nosso filho se encontra.
É importante tentar não se deixar orientar pelo que foi feito com o irmão mais velho ou pelo que deu certo para o vizinho. É melhor ser respeitoso com essa criança e oferecer o que ela precisa. Ninguém dorme da mesma maneira e lembrar disso nos ajudará a aceitar que não existem regras universais para todos os bebês.
Por fim, é preciso entender que as crianças não dormem nem descansam como os adultos, uma vez que esse aspecto do desenvolvimento ainda não está totalmente amadurecido.
Muitas vezes, a hora do sono se transforma em momentos de terror devido às falsas expectativas que trazemos e à frustração resultante do não cumprimento dos nossos desejos. Isso nos bloqueia e elimina qualquer possibilidade de sermos criativos e buscarmos nossas próprias soluções. Tentar ter empatia com a situação pode ser um alívio para todos.
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