Apego inseguro: características e consequências
Existem vários estudos que relacionam apego inseguro ao comportamento disfuncional, em qualquer fase da vida. De acordo com Bowlby (1958), o bebê humano precisa estar perto de certas figuras que forneçam tudo o que é necessário para sua sobrevivência até que ele possa se defender sozinho.
Como resultado da proximidade e do controle que o bebê exerce sobre esses indivíduos, o vínculo de apego é produzido. Uma pessoa estabelece um apego quando, em situações de insegurança, busca contato com a figura que determina qual a melhor forma de protegê-la.
“A resposta do medo provocada pela inacessibilidade da mãe é uma reação básica de adaptação que, no curso da evolução, se tornou uma resposta essencial para a contribuição da sobrevivência da espécie”.
– Bowlby –
Criação do vínculo de apego
A maneira pela qual estabelecemos o vínculo de apego é regulada ao longo da vida, variando com base nas experiências que temos. No entanto, o período mais crítico é a infância, no qual são formadas crenças sobre:
- O autoconceito.
- Como são nossas figuras de apego.
- O que podemos esperar, ou o que achamos que merecemos, dos outros?
Pankseep (1998) afirmou que o apego é regulado por um sistema neurobiológico que seria ativado a partir dos diferentes sistemas sensoriais, do sistema vestibular (posição e equilíbrio) e dos sensores hipotalâmicos de temperatura e fome.
Esses sistemas favorecem a abordagem da figura de referência, enquanto ativam respostas desagradáveis à separação. Esse processo seria regulado pela ocitocina, prolactina e endorfinas.
Moriceau e Sullivan (2005) concluíram que a ligação seria produzida pela ativação e modificação estrutural do bulbo olfatório. Dessa forma, o sistema nervoso se adaptaria ao ambiente em que a criança está. Isso seria possível devido a:
- O desenvolvimento pós-natal de projeções noradrenérgicas do locus coeruleus (McLean e Shipley, 1991).
- A imaturidade da amígdala e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (Jakubs, & Sullivan, 2009).
“O tipo de apego dependerá da disponibilidade, da receptividade e do calor da mãe, bem como da conexão estabelecida com ela”.
– Botella, 2005 –
Consequências do apego inseguro
Esse padrão de apego será formado em pessoas cujos pais:
- Não estão disponíveis emocionalmente.
- Ignoraram os pedidos de ajuda da criança.
- Foram incapazes de satisfazer as necessidades dos filhos.
- Estabeleceram relações incoerentes, caóticas e instáveis.
Dentro desse perfil, e devido às deficiências sofridas, a criança tenta se adaptar a essa situação. Dependendo das ferramentas desenvolvidas por ela, dois tipos de apego podem aparecer:
- Apego inseguro evitativo, no qual a busca de seus cuidadores será minimizada. O pequeno aprende que ele não pode contar com ninguém e que deve ser autossuficiente.
- Apego inseguro ansioso ambivalente, caracterizado pela busca incessante da atenção dos outros, já que a relação se tornou imprevisível e ele não entende mais o que deve fazer.
Ambos os tipos de apegos têm consequências, que podem ser graves, por exemplo:
- Transtornos psicológicos e de personalidade: depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno limítrofe, etc.
- Comportamentos de dependência.
- Desequilíbrios emocionais.
- Perfeccionismo negativo e sensação de ineficácia.
- Suicídio.
- Entre outros.
Características do apego inseguro evitativo
- Pensamento analítico, evitando envolvimento emocional.
- Aparente desinteresse nas relações com os outros.
- Retiro e tendência ao individualismo.
- Evitação de situações que implicam certo grau de intimidade.
- Na fase da infância, pode passar despercebido na escola, sem problemas acadêmicos. Mas, quando atinge a adolescência, pode vir a diminuir significativamente seu desempenho escolar.
- Possível dificuldade para controlar sua agressão. Explosões de ira e raiva.
- Possível desorganização no dia a dia.
Características do apego inseguro ansioso ambivalente
- Tentativas contínuas de chamar atenção, através de comportamento disruptivo ou possível chantagem emocional.
- Idealização dos outros. Embora, caso sinta-se frustrado por não ter visto suas necessidades satisfeitas, pode vir a desvalorizar quem admirava.
- Preocupação obsessiva em saber o que os outros admiram, querem ou precisam. Sobretudo se são figuras significativas.
- Imagens emocionais de ambivalência e ansiedade.
- Problemas de aprendizado ou controle de atenção.
- Tendência a ignorar as necessidades dos outros, concentrando-se apenas nas suas próprias.
- Dificuldade para assumir a culpa, responsabilizando os outros. Tendência a distorcer certas situações.
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