Estereotipias no autismo: características e como corrigi-las

As estereotipias ajudam as crianças com autismo a se acalmarem e se regularem. Contaremos a você em que consistem e como agir em relação a isso.

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 18 dezembro, 2022

As crianças com autismo às vezes apresentam comportamentos repetitivos e sem propósito que são bastante impressionantes. São as chamadas estereotipias, que podem ir desde bater as mãos até se balançar ou emitir sons guturais. Esses comportamentos as ajudam a se regular e podem proporcionar alívio e prazer. No entanto, podem precisar ser reduzidos, eliminados ou substituídos em certos casos.

As estereotipias não são manifestações exclusiva do autismo, pois também podem aparecer em crianças com TDAH ou mesmo naquelas que não apresentam nenhum problema específico. No entanto, no autismo, também são chamadas de auto estimulações e estão relacionadas ao processamento sensorial dessas crianças. Se você quiser saber mais sobre isso, convidamos você a continuar a leitura.

As estereotipias no autismo

As estereotipias, como o nome sugere, são movimentos estereotipados, repetitivos e sem propósito. Ou seja, aparentemente não têm sentido, propósito ou finalidade específica. Além disso, têm duração variável e, embora possam parar se a criança se distrair, são recorrentes. Além disso, elas só aparecem durante o estado de vigília, pois não ocorrem enquanto o pequeno dorme.

Em cada criança podem se manifestar de forma diferente, mas estes são alguns dos exemplos mais comuns:

• Mãos batendo.
• Balanço do corpo para frente e para trás.
• Movimentos peculiares de mãos e dedos.
• Movimentos repetitivos com as pernas.
• Pular.
• Aplaudir.
• Fechar a mandíbula.
• Gritar.
• Repetir palavras ou sílabas.

Por que as estereotipias ocorrem?

É preciso entender que esses comportamentos repetitivos obedecem a uma causa. As estereotipias ou autoestimulação surgem principalmente pelas razões que desenvolveremos a seguir.

Excesso de estimulação

Em alguns ambientes, as crianças são expostas a um excesso de estímulos sensoriais que ultrapassam seu limiar de tolerância. Luzes brilhantes, ruídos altos ou multidões de pessoas são coisas demais para processar. Assim, esses pequenos encontram nas estereotipias uma forma de recuperar o equilíbrio.

Falta de estimulação

Outras vezes acontece o contrário. Quando as crianças não recebem estimulação suficiente, elas ficam entediadas e, portanto, recorrem à autoestimulação. Isso pode ocorrer, por exemplo, em situações de espera.

Transbordamento emocional

Situações novas, especialmente sociais, podem ser estressantes para crianças com autismo. Assim, quando elas se encontram em um ambiente desconhecido que as oprime ou que percebem como ameaçador, elas usam as estereotipias para se acalmar e reduzir sua ansiedade.

Mas esse comportamento também é usado como forma de expressão emocional ou como forma de expressar ou comunicar medo, raiva, dor ou alegria. Portanto, nem sempre estão relacionados a emoções negativas.

Demanda excessiva

Por fim, também é comum que as estereotipias apareçam naquelas situações em que a criança sente que estão exigindo demais dela, que ela não entende ou que o que está sendo pedido é muito complicado. Se as demandas do ambiente excederem as capacidades ou habilidades disponíveis no momento, o pequeno pode recorrer às estereotipias.

As estereotipias devem ser corrigidas?

Antes de falar sobre como lidar com essa autoestimulação, é importante ressaltar que existe um debate aberto a respeito. Muitos adultos com autismo, assim como diversos autores, pesquisadores e especialistas, defendem o direito dessas pessoas de manterem as estereotipias. Entende-se que são recursos valiosos, pois auxiliam na autogestão e na autorregulação e não causam danos.

Às vezes, pessoas neurotípicas não entendem a realidade dos autistas e procuram adequá-los à norma sem respeitar suas particularidades. Mas, como podemos ver, essas estereotipias são uma forma de expressão emocional e ajudam a controlar a ansiedade. Assim, e se não causarem desconforto, dificuldades e interferências, não há qualquer obrigação de eliminá-las.

Quando eliminar as estereotipias

No entanto, existem situações em que elas podem ser um problema. Por exemplo, quando a criança, ao se autoestimular, entra em um ciclo de retroalimentação que a leva a se isolar do ambiente e a se tornar excessivamente autocentrada. Mas, acima de tudo, é importante abordar os déficits de habilidades que levam à necessidade de estereotipias.

Assim, para intervir, o essencial será perceber quando ocorrem, diante de qual tipo de estímulos ou em quais ambientes e por quê. A partir daqui, os ajustes necessários podem ser feitos:

• Reduzir o nível de exigência.
• Oferecer estímulos para evitar o tédio.
• Se o ambiente for muito excitante, retire a criança do local e ofereça um estímulo compensatório (como carícias).
• Ensinar habilidades sociais e estratégias de comunicação.
• Formação em técnicas de relaxamento e expressão emocional.

Determine se as estereotipias ajudam ou prejudicam a criança

Se você deseja ter um impacto específico na redução ou eliminação de estereotipias, podem ser usadas técnicas comportamentais. Reforçar comportamentos incompatíveis com estereotipias ou aplicar técnicas de correção são alguns dos métodos mais utilizados e eficazes. Em qualquer caso, devemos sempre considerar se a autoestimulação ajuda ou limita a criança e quais são os déficits subjacentes.