Gostos alimentares das crianças
Você já se perguntou por que as crianças odeiam brócolis, mas nunca rejeitam um doce? Se a sua resposta é que isso depende apenas da genética, você está enganado. Essa é uma ideia que foi disseminada durante muito tempo. Porém, após inúmeras investigações, observou-se que os gostos alimentares são aprendidos. Você quer saber como isso acontece? Descubra a seguir.
Como os gostos alimentares se desenvolvem?
Primeiramente, você deve saber que as papilas gustativas se desenvolvem por volta das 7-8 semanas de gestação. Portanto, tudo começa ainda no útero. Durante esse período, o bebê se desenvolve graças aos nutrientes que passam através do cordão umbilical e do líquido amniótico. Esses nutrientes vêm da alimentação da mãe.
Posteriormente, ao receber a amamentação, também percebemos os sabores daquilo que a nossa mãe come. Dessa maneira, o paladar se acostuma, de modo que, quando os alimentos são introduzidos, geralmente preferimos os alimentos que tenham um sabor semelhante ao que já conhecemos.
Além disso, a exposição repetida, o ambiente social e as emoções associadas à alimentação também influenciam. Até mesmo a cultura também é determinante.
Influência do tipo de amamentação nos gostos alimentares
Embora os benefícios da amamentação com o leite materno sejam maiores em comparação ao uso de leite industrializado, nem sempre é possível mantê-la durante pelo menos 6 meses.
Estudos clínicos mostram uma maior variabilidade na aceitação de sabores e uma facilidade para experimentar novos alimentos se o leite for materno. Inclusive, a alimentação geralmente é mais saudável, desde que a mãe também a siga.
Percepção do salgado
Desenvolve-se aos 4 meses de idade de forma inata. Geralmente, a partir dos 2 anos, os bebês têm um desejo maior por esse tipo de alimento em comparação aos adultos.
Existe até mesmo uma relação entre baixo peso ao nascer e o consumo de alimentos salgados. Mas, assim como acontece com todos os gostos alimentares, é possível educar o paladar.
Ninguém dispensa um doce!
Raramente haverá uma criança que rejeite esse sabor, a menos que ele seja pouco oferecido. O sabor doce sempre é associado ao bem-estar e ao prazer, pois ativa tais áreas do cérebro.
Além disso, foi observado que, diante do mínimo contato das crianças com esse sabor, a frequência cardíaca e a quantidade ingerida aumentam. Isso ocorre porque o leite materno é doce.
Ademais, é um sabor associado a festas e comemorações, gerando, assim, um sentimento de alegria. É por isso que, na idade adulta, comemos algo doce quando temos um dia ruim.
No entanto, o grau de percepção varia de acordo com a presença de determinados genes. Portanto, os mais sensíveis geralmente rejeitam o doce em grandes quantidades.
A rejeição pelo amargo
Foi considerado um veneno na Pré-História, pois era característico dos frutos verdes consumidos para sobreviver. As pessoas que os consumiam ficavam doentes ou morriam. Daí a rejeição inata que poderia explicar a razão pela qual as crianças odeiam certos vegetais, tais como brócolis e a couve-de-bruxelas.
Da mesma forma que ocorre com o sabor doce, também temos receptores que predispõem a uma maior sensibilidade a esse sabor.
Se o nosso filho for um super degustador (ele o considera muito intenso, mesmo que seja mínimo), por mais que tentemos oferecer, ele sempre o rejeitará. Caso contrário, após 10 ou mais tentativas, ele provavelmente o aceitará.
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