O método ABA para o autismo
Os transtornos do espectro autista (TEA) têm grande impacto na dinâmica familiar. Os pais de crianças com essa condição geralmente ficam confusos e desorientados, especialmente nos primeiros anos de vida de seus filhos. Eles nem sempre dispõem de informações suficientes e claras e podem até se deparar com um bombardeamento de técnicas, métodos e tratamentos à sua disposição. O método ABA tem respaldo científico e tem dado bons resultados no autismo, embora também tenha seus críticos. Por isso, queremos contar tudo sobre isso aqui para que você possa tirar suas próprias conclusões.
Vale ressaltar que é um programa intensivo, com carga terapêutica de 20 a 40 horas semanais. Isso supõe um custo que o torna inacessível para muitas pessoas. Mesmo assim, seus métodos e procedimentos podem ser utilizados sem necessariamente realizar toda a intervenção.
O método ABA deve ser aplicado preferencialmente em crianças pequenas, pois quando iniciado em idade precoce, podem ser obtidos melhores resultados. Se você quiser saber mais, continue a leitura!
O que é o método ABA?
O método ABA é um programa de intervenção terapêutica para certos transtornos do neurodesenvolvimento e comportamentais, bem como deficiência intelectual. Suas iniciais respondem ao termo Applied Behavior Analysis, que em português se traduz como ‘análise do comportamento aplicada’.
Baseia-se em procedimentos destinados a modificar comportamentos que podem ser muito variados. O objetivo é observar, descrever e prever o comportamento da criança para substituir aspectos não funcionais por outros mais adaptativos.
Dessa forma, os comportamentos disruptivos e as dificuldades de aprendizagem são abordados. Até mesmo são ensinadas novas habilidades que facilitam o desenvolvimento e a autonomia das crianças com autismo.
O método ABA tem algumas características distintas e particulares:
- É um tratamento personalizado e individualizado, que se concentra nas necessidades específicas de cada criança.
- Baseia-se principalmente na repetição e no uso de reforço positivo.
- Durante a intervenção, é oferecido apoio, que é retirado gradativamente.
- Um registro diário do progresso da criança é mantido, o que é de grande utilidade para pais, professores e terapeutas.
- É um programa altamente estruturado no qual são estabelecidas para a criança pequenas metas alcançáveis, que aumentam progressivamente em dificuldade.
- Busca oferecer à criança toda a ajuda necessária para que ela tenha sucesso na tarefa ou na habilidade que deve desenvolver. Dessa forma, evita-se a frustração e aumenta-se a motivação, além de aumentar a segurança pessoal.
O que funciona nesse programa de intervenção?
O método ABA utiliza diversas técnicas, ferramentas e procedimentos que possuem sólido respaldo científico. Assim, é aplicado a diferentes áreas do cotidiano da criança e busca oferecer um tratamento integral que inclua todos os ambientes habituais. É comum começar em casa, mas as habilidades aprendidas logo são extrapoladas para outros contextos.
Entre as principais áreas de aplicação estão as seguintes:
- Habilidades cognitivas: aquelas funções que permitem a relação com o ambiente e a aprendizagem, como atenção, memória ou pensamento abstrato.
- Habilidades acadêmicas: relacionadas à capacidade de aprender e ter sucesso na escola. Variam desde planejamento de tempo a técnicas de estudo.
- Habilidades sociais: ajudar a criança a se relacionar e se comunicar com os outros, tanto verbal quanto não verbalmente (por exemplo, trabalhando no contato visual).
- Habilidades motoras finas e grossas.
- Autocuidado: ensina rotinas de higiene pessoal ou hábitos alimentares, entre outros.
- Tarefas domésticas: são promovidas a autonomia e a colaboração nas tarefas domésticas, como varrer, arrumar a mesa ou arrumar a cama.
- Controle de impulsos: observa-se a relação entre estímulos e reações, a fim de controlar o comportamento.
O método ABA e seus críticos
Embora esse programa tenha se mostrado eficaz e muitas famílias atestem seus resultados positivos, cada vez mais pacientes e profissionais mostram sua relutância em relação a ele.
Em primeiro lugar, o método é criticado pela repetição excessiva e pelo desgaste que pode gerar nas crianças.
Além disso, é considerado desrespeitoso com a própria essência do paciente. A questão é que, como o objetivo é modificar o comportamento, a verdadeira origem do problema pode permanecer sem tratamento. Por exemplo, se o comportamento disruptivo da criança se dever à sua alta sensibilidade, é inútil abordar o nível comportamental se o aspecto sensorial não for trabalhado.
De alguma forma, parece que o objetivo é fazer com que essas crianças se comportem de forma neurotípica, em vez de respeitar sua neurodiversidade.
Em suma, essa é uma das alternativas terapêuticas disponíveis para o autismo que tem demonstrado bons resultados, mas pode não ser a opção mais adequada para todas as famílias. Aprenda bem e encontre o método mais adequado para o seu pequeno.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Mulas, F., Ros-Cervera, G., Millá, M. G., Etchepareborda, M. C., Abad, L., & Téllez de Meneses, M. (2010). Modelos de intervención en niños con autismo. Rev Neurol, 50(3), 77-84.
- Peters-Scheffer, N., Didden, R., Korzilius, H., & Sturmey, P. (2011). A meta-analytic study on the effectiveness of comprehensive ABA-based early intervention programs for children with autism spectrum disorders. Research in Autism Spectrum Disorders, 5(1), 60-69.