Quando se preocupar com o resfriado na infância?
O resfriado é uma doença infantil muito frequente e que encabeça a lista de motivos de consulta nos prontos-socorros.
Embora seja uma patologia comum em todas as idades durante as estações frias do ano, as crianças são particularmente propensas a apresentá-la. Estima-se que crianças menores de 10 anos tenham entre 4 e 8 episódios de resfriado por ano, principalmente aquelas que frequentam a escola. (de la Flor i Brú, 2013).
Felizmente, geralmente são quadros leves e de resolução espontânea, mas você deve levar em consideração os sinais que podem indicar que algo mais pode estar acontecendo.
Neste artigo, vamos contar tudo o que você precisa saber sobre o resfriado na infância.
Como se pega resfriado?
O resfriado na infância é uma doença que ocorre em decorrência da infecção por vírus respiratórios, principalmente da família Rinovírus.
Vale ressaltar que não é a doença (o resfriado) que é transmissível, e sim o agente que a causa (o vírus).
Os germes respiratórios são transmitidos de pessoa para pessoa por meio de dois mecanismos principais:
- Aerossolização: os vírus viajam dentro das partículas de água, presentes na saliva ou no muco, que ficam suspensas no ar quando alguém tosse ou espirra.
- Contato: depois de um tempo, essas partículas infectadas caem nas superfícies e as colonizam por várias horas ou mesmo dias. A criança se infecta ao tocar nessas superfícies e, em seguida, colocar as mãos na boca, nos olhos ou no nariz.
Se dividirmos o quarto com alguém que esteja com um vírus respiratório em seu corpo, é provável que sejamos contaminados com esse germe também.
Quando alguém tosse ou espirra sem cobrir a boca, os vírus podem entrar diretamente em nossas membranas mucosas (nasal, ocular ou oral) ou indiretamente, quando tocamos superfícies contaminadas (como uma maçaneta) e, em seguida, levamos a mão ao rosto.
Como saber se uma criança está resfriada?
Entre 1 e 3 dias após contrair o vírus respiratório, as crianças podem começar a manifestar os sintomas típicos da doença. Os mais evidentes são os seguintes:
- Coceira ou dor na garganta.
- Dor ao engolir (odinofagia)
- Sensação de nariz entupido (congestão nasal).
- Descarga de muco pelas narinas (rinorreia).
Normalmente a rinorreia é transparente ou clara no início, chamada de hialina. Com o passar dos dias, ela vai mudando de aparência, tornando-se mais espessa e amarela ou verde.
Isso é típico da evolução natural da doença e não indica que a causa do resfriado seja bacteriana ou que exija tratamento com antibióticos.
Em alguns casos, o quadro clínico de resfriado na infância pode ser acompanhado de febre, tosse, dor de cabeça ou dores musculares, que em geral são leves.
Quando se preocupar com o resfriado na infância?
O quadro mais comum é quando um resfriado na infância se resolve por conta própria dentro de 7 a 10 dias. Isso significa que sua cura não exige tratamento, pois nosso sistema de defesa é capaz de combater o vírus que o causa.
Em uma minoria de casos, o quadro pode durar um pouco mais, tornando oportuna a consulta com o pediatra para descartar outras condições de saúde agregadas.
Além do fator tempo, é importante prestar atenção aos sintomas que vamos detalhar a seguir. Caso apareçam, a avaliação do pediatra será importante para descartar complicações.
Febre
Esse sintoma pode estar presente em um quadro de resfriado, mas não é muito comum. Costuma ocorrer em crianças com menos de 3 anos de idade e é mais raro em crianças mais velhas.
Em geral, aparece após congestão nasal e muco, e pode durar entre 1 e 3 dias. É característico que, apesar da febre, a criança apresente um bom estado geral.
Quando, ao contrário, a febre precede a secreção, dura mais de 3 dias e a criança apresenta um declínio notável em seu estado, será necessário consultar um médico.
Da mesma forma, nos casos em que a febre estiver acompanhada de tremores, alteração da coloração da pele e da boca ou acentuada deterioração do estado geral, é adequado ir com urgência ao serviço de saúde mais próximo de casa.
Muito muco
A duração da congestão e da rinorreia é variável, embora em geral não ultrapasse 10 dias. É de se esperar que, com o passar do tempo, o muco diminua gradualmente até desaparecer.
Nos casos em que a presença de secreções nasais ultrapassarem 14 dias ou que reaparecerem em um curto período de tempo, é recomendável consultar um médico para descartar outras doenças agregadas, como a sinusite.
Embora esse diagnóstico seja raro em crianças pequenas (com menos de 10 anos), não é impossível. Devemos pensar nisso quando os sintomas durarem mais de 2 semanas, a febre persistir ou a criança relatar uma sensação de dor ou peso em qualquer parte do rosto.
Dor de ouvido
Uma das complicações mais comuns dos resfriados infantis é a Otite Média Aguda, relatada com frequência entre 5 e 30% dos casos. Um risco maior também foi descrito em crianças com menos de 3 anos que frequentam creches (Miller, 2020).
Deve-se suspeitar quando a febre reaparece após vários dias do início do resfriado e quando a dor de ouvido é intensa, bilateral ou acompanhada de secreções de odor fétido que escorrem através do ouvido.
Tosse
Outra complicação do resfriado são as condições respiratórias das vias aéreas inferiores, como a pneumonia ou o broncoespasmo.
Normalmente, a tosse que ocorre no contexto de um resfriado é úmida e é produzida por causa do gotejamento de muco para a parte de trás da garganta. Também costuma coincidir com o período de maior congestão nasal, ou seja, com os primeiros dias de resfriado.
Desde que a tosse for constante, durar mais de 10 dias ou aparecer acompanhada de agitação (em crianças pequenas) ou falta de ar (em crianças maiores), seu filho deve ser avaliado pelo pediatra.
Algumas considerações finais sobre o resfriado…
O resfriado é uma doença muito comum na infância. Embora seus sintomas sejam leves e limitados, provoca grande preocupação nos pais e é uma das principais causas de absenteísmo na escola e no trabalho.
Além dos medicamentos indicados para o alívio dos sintomas, não será necessário oferecer outros medicamentos. De fato, é importante escolher apenas os produtos que tenham demonstrado eficácia real na melhora dos sintomas e o perfil de segurança necessário para uso em casa.
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- Miller EK, Williams JV. The common cold. Chapter 379. En: Kliegman, Stanton, St Geme, Schor. Melson Textbook of Pediatrics. 20th Edition. Philadelphia, USA. Elsevier. 2016.
- Over-the-Counter Medications: Update on Cough and Cold Preparations. Pediatrics in Review
- de la Flor i Brú, J. Infecciones de vías respiratorias altas-1: resfriado común. Pediatr Integral 2013; XVII(4): 241-261. [Internet] Disponible en: https://www.pediatriaintegral.es/numeros-anteriores/publicacion-2013-05/infecciones-de-vias-respiratorias-altas-1-resfriado-comun/