Diabetes infantil e sua relação com a saúde bucal

O diabetes infantil e a saúde bucal têm uma relação bidirecional. Descubra a importância de cuidar da boca do seu filho caso ele sofra dessa doença.
Diabetes infantil e sua relação com a saúde bucal
Vanesa Evangelina Buffa

Escrito e verificado por a dentista Vanesa Evangelina Buffa.

Última atualização: 30 maio, 2024

A diabetes infantil é uma patologia que afeta várias áreas da vida das crianças que dela padecem, incluindo a saúde oral. Esse distúrbio metabólico afeta uma alta porcentagem da população e é mais frequentemente observado durante a infância e adolescência. Neste artigo, explicamos a relação entre a diabetes infantil e a saúde bucal e quais são os problemas bucais relacionados a esse distúrbio.

De acordo com o Relatório Nacional de Estatísticas de Diabetes de 2020, 210 mil crianças e adolescentes com menos de 20 anos de idade foram diagnosticados com diabetes nos Estados Unidos. Ou seja, 25 em cada 10 mil jovens.

O que é diabetes infantil?

De acordo com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), o diabetes é uma doença que ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão muito altos. Isso se deve a um problema com a insulina. Quando o corpo não o produz suficientemente ou não o utiliza adequadamente, o açúcar permanece no sangue e não chega aos tecidos. Existem diferentes variantes da doença:

  • Tipo 1.
  • Tipo 2.
  • Gestacional.
  • Monogênico.

Em geral, o diabetes infantil pertence ao tipo 1. Nesse tipo de distúrbio, o corpo da criança não produz insulina porque seu sistema imunológico ataca e destrói as células do pâncreas que a produzem. Assim, para sobreviver, os pequenos precisam tomar insulina todos os dias. Isso permite que eles mantenham seus níveis normais de açúcar no sangue e evitem complicações metabólicas.

O diabetes tipo 2 resulta da resistência à insulina. Nesse caso, os receptores não são sensíveis o suficiente para que o hormônio se ligue às células e a glicose entre. Por sua vez, estudos relatam um número crescente de crianças e adolescentes diagnosticados com essa variante. Possivelmente, isso esteja associado ao aumento da obesidade infantil, do sobrepeso e do sedentarismo.

Excesso de açúcar no sangue

O excesso de glicose no sangue predispõe a vários problemas de saúde:

  • Aumento da produção de urina.
  • Sede excessiva.
  • Perda de peso.
  • Aumento do apetite.
  • Problemas de visão.
  • Deficiência de crescimento.
  • Predisposição a infecções.
Quando os pequenos têm diabetes, muitos órgãos e tecidos de seus corpos são afetados, incluindo as estruturas da boca.

A relação do diabetes infantil com a saúde bucal infantil

Um estudo publicado na revista Decisiones en Odontología considera que a relação entre o diabetes infantil e as condições de saúde bucal das crianças é bidirecional.

  • Por um lado, a hiperglicemia aumenta os processos inflamatórios, altera as defesas, predispõe a infecções, diminui a vascularização tecidual e afeta os processos de reparação. Assim, o diabetes predispõe a desenvolver certas condições na boca, como gengivite, periodontite, cáries e candidíase, entre outras.
  • Por sua vez, sofrer de certos problemas bucais piora o quadro de diabetes. Isso porque as infecções periodontais causam inflamação sistêmica que reduz a ação da insulina nas células e afeta o controle glicêmico.

Manifestações bucais do diabetes infantil

O site da American Dental Association explica que crianças com diabetes infantil correm maior risco de certas condições orais associadas à hiperglicemia. Estas são as manifestações mais comuns:

  • Erupção dentária precoce. Crianças com diabetes tendem a perder seus dentes de leite prematuramente e a erupcionar os permanentes mais cedo do que o normal. De acordo com um estudo da revista Pediatrics, esse sinal pode ser um indício que ajuda no diagnóstico precoce da doença.
  • Aumento do risco de doenças gengivais, como gengivite e periodontite. Glóbulos brancos fracos, problemas vasculares e respostas inflamatórias exageradas dificultam a defesa das gengivas contra bactérias na boca.
  • Menos produção de saliva. Isso causa desconforto e aumenta o risco de dores, queimação na língua, úlceras, cáries, mau hálito e infecções. A bibliografia explica que a hiperglicemia diminui o fluxo salivar, reduz seu pH e aumenta as concentrações salivares de glicose, o que favorece a proliferação de bactérias patogênicas.
  • Disfunção do paladar.
  • Úlceras orais. A falta de colágeno, o déficit imunológico e a dificuldade de cicatrização dos tecidos aumentam as lesões nos tecidos moles.
  • Cáries. O ressecamento oral e a menor resposta imunitária dos tecidos aumentam o risco de sofrer dessa patologia. Estudos mostram que as lesões aumentam em lactentes com mau controle metabólico.
  • Candidíase oral. O fungo aproveita os altos níveis de açúcar e a baixa resposta imune para se proliferar e causar infecção nos tecidos moles da boca.

Como cuidar da saúde bucal de crianças com diabetes infantil

Devido à deterioração da função salivar e ao aumento do risco de periodontite e cárie, as crianças com diabetes devem receber alguns cuidados especiais. Confira o que fazer a seguir.

1. Controlar os níveis de glicose no sangue

A maioria dos danos e complicações que ocorrem nos tecidos orais de uma criança estão relacionados a altos níveis de açúcar no sangue. Uma das melhores estratégias para evitar problemas de saúde bucal é tentar manter os níveis de glicose no sangue próximos ao normal.

O acompanhamento médico é essencial. A realização de testes de glicemia e exames laboratoriais ajudará a determinar seus níveis de açúcar no sangue. Além disso, será pertinente ser rigoroso com a medicação indicada pelo profissional e aliar esse cuidado a uma alimentação adequada.

2. Manter uma higiene bucal adequada

Evitar o acúmulo de placa bacteriana ajuda a prevenir doenças e neutralizar os efeitos negativos da hiperglicemia.

Outra forma de cuidar da saúde bucal do seu filho com diabetes infantil é cuidar da higiene bucal dele. Recomenda-se limpar os dentes e gengivas do seu filho três vezes ao dia com uma escova de cerdas macias e creme dental com flúor. Além disso, sugere-se complementar a higiene com o uso de fio dental. Além disso, para crianças maiores, mascar chiclete com xilitol é uma medida benéfica para aumentar o fluxo salivar e reduzir a placa bacteriana.

3. Visitar o odontopediatra com frequência

Ir ao odontopediatra a cada seis meses é essencial. Além do acompanhamento, o profissional aplicará medidas preventivas específicas que ajudarão a preservar a saúde bucal do seu pequeno:

  • Limpezas profissionais: são importantes para controlar a placa bacteriana, remover o tártaro e prevenir danos aos tecidos periodontais.
  • Selantes dentários: permitem prevenir o desenvolvimento de cáries.
  • Aplicação de flúor: são usados para neutralizar a acidez do meio bucal e prevenir patologias orais.

Como preparar uma criança com diabetes para uma consulta odontológica

Quando você for ao odontopediatra com seu filho, é importante que você informe ao profissional tudo relacionado ao problema metabólico do pequeno. Assim, deverá levar os resultados dos últimos exames laboratoriais, indicar as medicações que a criança toma e compartilhar todas as informações que lhe parecerem pertinentes.

Além disso, você deve informar se seu filho já sofreu episódios de hipoglicemia no passado, pois eles podem se repetir. Para evitar esses eventos, estudos recomendam programar compromissos pela manhã e após o café da manhã. Além disso, se os níveis de açúcar no sangue não estiverem bem controlados, apenas emergências odontológicas devem ser atendidas: infecções agudas, abscessos ou traumas.

Uma boca saudável para uma melhor qualidade de vida

Para melhorar a qualidade de vida do seu filho com diabetes infantil, você deve cuidar da saúde bucal dele. Sua patologia básica o predispõe a sofrer certos problemas na cavidade bucal, mas com os devidos cuidados você pode combatê-los. Uma boca saudável permitirá que seu filho desempenhe as funções orais normalmente e, ao mesmo tempo, o ajudará a controlar seus níveis de açúcar no sangue.


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