O delicado momento do pós-parto

O delicado momento do pós-parto

Última atualização: 14 novembro, 2016

O quarto trimestre, o do pós-parto, é um dos momentos de maior vulnerabilidade materna em todos os níveis. Durante esta etapa o bebê e a mãe continuam sendo uma unidade física sem sê-lo, a fim de que a criança vá se tornando cada vez mais independente.

Como consequência natural disso, a vida da mãe está tão condicionada como complementada, o que pode chegar a frustrar a rotina ou estabilidade às quais o adulto aspira.

Assim, este é um momento de sobressaltos, de preocupações, de inquietudes, de prazer e de conexão que desemboca em uma quantidade de sentimentos encontrados que podem chegar a nos desdobrar.

Porque isso acontece? Porque os três primeiros meses depois do parto constituem um período de enormes mudanças físicas, emocionais e psicológicas? Vejamos a seguir alguns dos incômodos ou problemas que podem surgir:

O reajuste corporal

Por exemplo, o corpo transpira muito e sente abafos, o que ainda que não seja muito conhecido é totalmente normal. Também é frequente que o cabelo caia devido às mudanças hormonais, ainda que volte a crescer de forma natural.

Da mesma forma, a mulher pode estar sangrando por quatro ou seis semanas, tempo que o útero demora para curar o lugar onde a placenta estava. Isso é muito incômodo e pode ser difícil de superar para algumas mulheres.

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A sexualidade no pós-parto

Outro problema corrente que as mulheres que acabam de dar a luz enfrentam é a dor durante o ato sexual, principalmente nas que passaram por episiotomia (uma incisão que vai da vulva ao anus e que facilita a expulsão da criança durante o parto).

Porém, à margem do que possa ocorrer nessa condição especial, as mudanças hormonais que ocorrem durante a lactância e o cansaço das noites em claro podem resultar em certo ressecamento vaginal.

Nestes momentos de êxtase emocional pode ser complicado compreender a razão pela qual não se desfruta ou não sente-se vontade no ato sexual. Assim, pode nos dar a impressão de que a maternidade e a sexualidade estão em desacordo,  quando na realidade isso não é verdade. Simplesmente ambas as atividades precisam de condições de descanso e dedicação que nem sempre sabemos encaixar.

A depressão pós-parto

É um tema tabu, mas a depressão pós-parto afeta mais de 80% das mulheres durante as duas semanas posteriores ao parto. Destes 80%, ao redor de 15% continuarão sofrendo algum tipo de transtorno de humor mais adiante, seja depressão ou ansiedade.

Nos supõe um grande esforço aceitar que em momentos de luz uma mãe possa chegar a sentir tanta escuridão. Porém, se atendemos e valorizamos a enxurrada de mudanças nas quais ela se vê imersa de repente, compreendemos a incompreensão e a súplica de seu corpo e de sua mente.

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Os especialistas recomendam tomar quantidades adequadas de ômega-3, manter o nível adequado de açúcar no sangue (o baixo nível de açúcar exagera a depressão pós-parto) e manter uma vida saudável quanto à alimentação e aos hábitos.

Tudo isso contribuirá para restabelecer o equilíbrio hormonal, o que apoiará a estabilidade emocional.

O nascimento abre uma janela emocional

Desde a concepção do filho a mulher se encontra imersa em um turbilhão de emoções, sentimentos, conhecimentos e comportamentos que são realmente complicados de gerenciar.

De fato, no pós-parto o mundo pode chegar a parecer-lhe extremamente duro; isso é porque sentimos nossa pele muito mais fina, mais frágil e mais translúcida. Como consequência, qualquer emoção é amplificada ao máximo, sem interessar se é positiva ou negativa, provavelmente sua expressividade crescerá muito.

Definitivamente, a única coisa que parece eterna e natural na maternidade é a ambivalência, especialmente no momento do pós-parto. Porém, isso não deve nos assustar, pois é muito normal que atendemos as nossas percepções e nem tanto às expectativas.

Por isso, uma mulher deve compreender que um bebê supõe uma mudança enorme em sua vida e que tanto seu corpo como sua mente têm que de preparar para enfrentar esse período tão importante.


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