Por que meu filho adolescente não sai do quarto?

Você precisa entender por que seu filho não está saindo do quarto para decidir qual ação tomar. Neste artigo, falamos justamente sobre os possíveis motivos do isolamento de adolescentes.
Por que meu filho adolescente não sai do quarto?

Última atualização: 07 dezembro, 2022

Seu filho adolescente passa horas e horas dentro do quarto? Ele se recusa a abrir a porta ou convidar você para entrar? Você está preocupada com o fato de ele ficar isolado por muito tempo? Não sabe como agir? Se suas respostas foram sim, você está no lugar certo. Neste artigo, mencionaremos os possíveis motivos que podem explicar esse comportamento dos adolescentes e avaliaremos qual é a melhor forma de agir.

Por que meu filho não sai do quarto?

As razões pelas quais um jovem toma a decisão de se trancar no quarto são muito variadas. Alguns deles refletem um comportamento natural e até saudável, enquanto outros podem representar uma preocupação maior. A priori, podemos dizer que é um comportamento esperado se levarmos em conta a fase da vida que estamos considerando. Tenha em mente que, embora o adolescente precise de seus pais por perto, ele agora está começando a ter segredos e quer se sentir livre e independente.

Por isso, é natural que notemos nossos filhos mais reservados. Eles não nos contam mais sobre suas coisas em detalhes da vida nem nos atualizam sobre suas atividades diárias. Também não sabemos ao certo com quem eles conversam.

A questão é que os adolescentes precisam ganhar autonomia à medida que envelhecem. Em geral, isolar-se em seu quarto pode ter algo a ver com esse processo. Vamos ver quais são os motivos mais comuns para esse comportamento.

1. Quer se destacar do resto da família

Em uma família com dinâmica e relacionamentos saudáveis, cada membro é diferente do outro. Há um nós, mas também um eu, você, você e você. Ou seja, embora haja um sentimento de pertencimento que estabelece segurança e bem-estar, a individualidade é claramente definida.

Você sabia que a identidade pessoal é construída através da alteridade? Isso significa que se forma na relação consigo mesmo e com os outros. Em palavras simples, trata-se de reconhecer a própria existência na medida em que se distingue das outras pessoas.

“Nesse processo de identidade, a subjetividade se organiza por trás de processos de identificação e diferenciação com a alteridade. Diferença e igualdade são conceitos
fundamentais do pensamento humano, praticamente não há pensamento no mundo em que não esteja incluído de uma forma ou de outra o fato de ser diferente ou ser o mesmo”.

-Bernal, C., Matoma, LV-

2. Busca explorar sua sexualidade

Por outro lado, a exploração sexual é, sem dúvida, um dos principais motivos que podem explicar seu comportamento. O quarto pode ser o único lugar da casa onde o adolescente pode ficar sozinho. Então, é natural que ele opte por se trancar ali para conhecer seu próprio corpo. Nesse sentido, ter um espaço seguro e íntimo é benéfico para a autoexploração nessa fase de mudanças físicas e psicológicas.

3. Precisa definir limites

Uma porta fechada é um limite explícito, mas também simbólico. Significa ‘Você pode vir até aqui’. Geralmente, os quartos das crianças são frequentemente deixados abertos, mesmo à noite. Isso porque na infância, as crianças precisam de nós mais perto do que longe. No entanto, uma vez que se tornam mais independentes e passam a lidar com certos problemas por conta própria, o acesso livre dos pais ao quarto não é mais necessário.

Portanto, se seu filho passa muito tempo em seu quarto com a porta fechada, é possível que a mensagem que ele queira lhe passar seja a seguinte: “Este é o meu espaço e você não pode entrar sem minha permissão. Eu decido quanto tempo que passo aqui e quem deixo entrar”. Dessa forma, o jovem marca uma certa distância e é importante que você a respeite, desde que seja um limite saudável e proporcional.

4. O mundo digital ocupa um lugar de destaque na sua vida

O fator tecnológico pode ser a base do isolamento do seu filho em seu quarto. Seja jogando videogame, interagindo com outras pessoas, navegando em redes sociais ou consumindo conteúdo pelo YouTube ou pela Twitch, é essencial determinar se o entretenimento digital é moderado ou excessivo. Em alguns casos, o mundo das experiências dos adolescentes é reduzido à esfera digital. Nesse caso, é importante buscar estratégias para estimular o uso consciente e responsável da tecnologia.

5. Não tem recursos para enfrentar ameaças do mundo exterior

Esta é uma das razões que podem exigir a intervenção de um adulto. Quando o isolamento é voluntário e se estabelece como mecanismo de evitação, é importante ampliar os sentidos e estar atenta aos sinais de alerta. O comportamento solitário é motivo de preocupação para pais, professores e profissionais de saúde.

A tendência de se isolar por medo da ameaça representada pelo mundo exterior está associada a habilidades sociais fracas e a uma autoimagem ruim. São adolescentes que se sentem desconfortáveis na presença de outro alguém. Consequentemente, para minimizar as chances de serem rejeitados, eles optam por evitar o contato interpessoal.

“Déficits em habilidades sociais, particularmente estilo agressivo e baixa capacidade de liderança, aumentam a percepção de solidão, que, por sua vez, sustenta as dificuldades na interação social”.

-Contini EN, Lacunza AB, Medina SE-

Devo intervir?

Como vemos, não há uma resposta universal para o porquê de um adolescente ficar em seu quarto por um longo período de tempo. Esse comportamento pode refletir uma atitude saudável e esperada considerando a fase da vida pela qual está passando. No entanto, também pode ser uma indicação de um problema emocional que requer ajuda profissional.

Como pais, devemos intervir sempre que considerarmos que o isolamento atingiu um nível problemático. Possibilitar o diálogo baseado na empatia e no respeito, e pedir ajuda profissional, são as melhores medidas que podemos tomar se tivermos dúvidas sobre a complexidade desse cenário.


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  • Bernal, C., Matoma, LV (2013) La construcción de la identidad en la adolescencia. Universidad Pedagógica Nacional. Facultad de Educación. Bogotá.
  • Contini EN, Lacunza AB, Medina SE, et al. Una problemática a resolver: Soledad y aislamiento adolescente . Rev Elec Psic Izt. 2012;15(1):127-149.
  • Tapia, M. L., Fiorentino, M. T. y Correché, M. S. (2003). Soledad y tendencia al aislamiento en estudiantes adolescentes. Su relación con el autoconcepto. Fundamentos en Humanidades, IV(7-8),163-172. [fecha de Consulta 26 de Octubre de 2022]. ISSN: 1515-4467. Recuperado de: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=18400809

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