O que é o bullying homofóbico?

As consequências do bullying homofóbico podem ser físicas e mentais. Além disso, deve-se considerar que, embora afetem mais a vítima, impactam todo o ambiente.
O que é o bullying homofóbico?
Maria Fátima Seppi Vinuales

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fátima Seppi Vinuales.

Última atualização: 18 março, 2023

O bullying sempre foi um desafio para a convivência nas instituições de ensino, visto que a escola é fundamental para a promoção de uma sociedade mais igualitária e tolerante. Consequentemente, o bullying homofóbico representa um desafio adicional, devido aos inúmeros episódios de violência que ocorrem. Vamos ver do que se trata.

Diversidade sexual-afetiva, do que estamos falando?

A diversidade sexual refere-se à pluralidade de práticas e manifestações emocionais, afetivas e sexuais, seja em relação a pessoas do mesmo gênero, de gênero diferente ou de ambos. Assim, todas as pessoas fazem parte da diversidade.

Porém, segundo alguns autores, como Pecheny et al., nem todas as diversidades são respeitadas, pois apenas um modelo de vivência do corpo, da sexualidade e da afetividade é legitimado e reconhecido. E isso tem a ver com o modelo cis-heterossexual. Ou seja, uma pessoa que se interessa ou se sente atraída pelo sexo ou gênero oposto e cuja identidade coincide com sua genitália ou sistema reprodutivo.

Todas as outras expressões ou identidades de gênero existentes não são consideradas hegemônicas, razão pela qual, em algumas ocasiões, são objeto de ridicularização, agressão e violência. Nesse sentido, uma das formas de manifestação dessa violência é o bullying homofóbico.

Saiba o que é bullying homofóbico

O bullying homofóbico refere-se a todos os comportamentos que persistem ao longo do tempo com o objetivo de humilhar, agredir ou causar sentimentos de inferioridade em uma pessoa. Pode ter relação com sua orientação sexual, sua identidade de gênero ou comportamentos considerados inadequados ao seu gênero, entre outros.

A discriminação e a violência ocorrem por uma causa real ou aparente. Neste último caso, por exemplo, é comum a zombaria de homens que têm gestos ou atitudes mais femininas.

Além disso, membros da família ou filhos de casais do mesmo sexo podem ser objeto de ridicularização. Assim, o bullying homofóbico pode ser expresso de diferentes maneiras. Entre elas:

  • Exclusão e marginalização.
  • Insultos e agressões verbais.
  • Humilhação.
  • Agressão física.
  • Ameaça, chantagem e manipulação.
  • Assédio ou abuso sexual.
  • Danos aos pertences da vítima.
O fato de o patriarcado e o paradigma da cis-heterossexualidade existirem como referentes do normal, cria espaços para que outras formas de vivenciar a diversidade afetivo-sexual sejam consideradas fora da norma.

Características do bullying homofóbico

O bullying homofóbico tem certas características particulares. Entre elas, podemos citar os seguintes:

  • Como a sexualidade e a diversidade ainda são tabus em muitos lugares, às vezes as pessoas que sofrem bullying não denunciam. O mesmo acontece com outros espectadores passivos que, embora não participem diretamente, ao não denunciar a situação, tornam-se cúmplices.
  • No ambiente escolar, em muitos casos, a equipe docente não é informada ou sensibilizada sobre as diversas realidades que o coletivo LGBTIQA+ enfrenta. Portanto, quando surge uma situação, as pessoas não sabem como agir e as escolas também não têm um protocolo para isso.
  • A maioria das pessoas é socializada com base no patriarcado e no androcentrismo, então outras diversidades são invisibilizadas e consideradas fora da norma.
  • A população LGBTIQA+ encontra-se em maior situação de vulnerabilidade quando há rejeição por parte de seus familiares.

Como detectar uma situação de bullying homofóbico

Algumas das seguintes características nos permitem entender se estamos diante de uma situação de bullying homofóbico:

  • intenção deliberada por parte do agressor de humilhar, assediar ou causar danos à vítima.
  • Ocorre em uma relação assimétrica ou de poder. Por exemplo, mesmo que sejam pares, uma das pessoas tem mais poder ou está em posição de vantagem.
  • A situação de assédio, agressão e/ou violência deve ocorrer de forma persistente e repetida ao longo do tempo.
  • A ação de assédio é dirigida a alguém, embora possa ser perpetrada por uma ou várias pessoas.

Quais são as consequências do bullying homofóbico?

As consequências do bullying homofóbico podem ser tanto físicas quanto mentais, mas também deve-se considerar que, embora afetem mais a vítima, também influenciam todo o ambiente. Vamos analisar os principais:

  • Afeta a autoestima.
  • Prejudica o rendimento escolar.
  • Dá uma sensação de medo e insegurança.
  • Pode levar a distúrbios do humor, como depressão, ansiedade ou ataques de pânico.
  • Em alguns casos, pode terminar em suicídio.

Por outro lado, é importante levar em consideração que não só a vítima é afetada, mas também os restantes alunos, uma vez que essa situação tem impacto na vida escolar. Da mesma forma, a pessoa que assedia também não será beneficiada. Isso ensina que força ou violência são os únicos meios para conseguir o que se deseja e estabelece as bases para comportamentos antissociais, negativos e desafiadores.

Nos casos de bullying homofóbico, as situações de violência e agressão são naturalizadas, além de invisibilizar outras formas de vivenciar o corpo, a sexualidade e o afeto.

Podemos falar sobre homofobia?

O termo mais conhecido para falar dessa constante situação de humilhação, agressão ou assédio é o bullying homofóbico. No entanto, a verdade é que muitos autores preferem falar em homonegatividade, pois a fobia é um distúrbio, ao contrário do ódio e do preconceito, que são o motor da “homofobia”.

Como prevenir o bullying homofóbico?

A responsabilidade de prevenir o bullying homofóbico é coletiva. Além disso, como na maioria das vezes ocorre em ambientes escolares, é importante que todos os atores estejam envolvidos. Dessa forma, pode-se frear esse fenômeno de violência que afeta a convivência escolar.

É necessário não só estar atento a medidas concretas de ação, como também prevenir através da sensibilização e formação de toda a comunidade educativa, incluindo as famílias. Nesse sentido, deve-se levar em consideração que muitos desses comportamentos são aprendidos em casa. Por outro lado, também é conveniente promover pessoas do coletivo LGBTIQA+ como referências.

É preciso possibilitar espaços de diálogo com o corpo discente para que se sintam confiantes e se aproximem para pedir ajuda. Por fim, os professores devem ser treinados para detectar possíveis casos de bullying e entender como agir. Optar por não fazer nada é deixar claro que diante da violência não há sanção.


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  • Diversidad sexual y derechos humanos: sexualidades libres de violencia y discriminación; dirigido por Javier Alejandro Bujan. – 1a ed . – Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Instituto Nacional contra la Discriminación, la Xenofobia y el Racismo – INADI, 2016.
  • Pichardo Galán, J. I. (2009). Entender la diversidad familiar: Relaciones homosexuales y nuevos modelos de familia. Barcelona: Bellaterra.
  • Pecheny, Mario. (2013). Desigualdades estructurales, salud de jóvenes LGBT y lagunas de conocimiento: ¿qué sabemos y qué preguntamos?. Temas en Psicologia, 21(3), 961-972. https://dx.doi.org/10.9788/TP2013.3-EE10ESP

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