Como superar a síndrome da infertilidade?

Para lidar com a síndrome da infertilidade, também é importante promover mudanças sociais para parar de pressionar as pessoas a se tornarem pais.
Como superar a síndrome da infertilidade?
Maria Fátima Seppi Vinuales

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fátima Seppi Vinuales.

Última atualização: 24 dezembro, 2022

Segundo a OMS, a infertilidade é a “incapacidade de conceber uma gravidez após um ano de relações sexuais regulares sem o uso de métodos contraceptivos.” Além de sua definição estrita, sabemos que a síndrome da infertilidade causa muito sofrimento e desconforto para quem quer ser mãe ou pai.

Em muitos casos, após várias tentativas, há quem decida parar de tentar. Por outro lado, também há quem prefira dar um passo além e avançar com as técnicas de reprodução assistida. Em um caso ou outro, é importante acompanhar o processo com apoio psicológico para poder enfrentá-lo da melhor maneira possível.

Como lidar com a síndrome da infertilidade

A notícia sobre a infertilidade é muito mais do que um momento. É um processo, que às vezes dura anos, onde as emoções serão variáveis. Estes vão desde o choque inicial, passando pela negação e até mesmo um possível pensamento de que tudo vai se resolver. Em alguns casos, o processo é complicado e pode levar à depressão.

Cada caso é muito único, por isso é conveniente ter o apoio de um profissional psicólogo para orientar e conter em todos os momentos.

Tratamento de infertilidade

A síndrome de infertilidade geralmente é trabalhada a partir de diferentes estágios:

  • Comunicar sobre o diagnóstico de infertilidade.
  • Oferecer informações abrangentes e confiáveis sobre as técnicas de reprodução assistida existentes.
  • Orientação na tomada de decisão e acompanhamento dependendo do que for escolhido (iniciar ou não um tratamento).
O apoio psicológico é muito importante neste problema. Outra boa opção é participar de comunidades de apoio para encontrar empatia e compreensão.

Comunidades de ajuda

Além do apoio emocional, é importante que as pessoas com síndrome de infertilidade possam ter todas as informações necessárias para enfrentar a situação. Um dos espaços de consulta mais frequentes são os conselhos. É um espaço de encontro entre os profissionais de saúde e os que consultam, onde se recebe um aconselhamento personalizado sobre o tema do seu interesse. Ali se busca atender a um triplo objetivo: informar, orientar e conter.

Em alguns casos, as comunidades de apoio de pessoas que passam por uma situação semelhante podem servir de suporte para encontrar compreensão e empatia, além do círculo interno.

A importância do apoio psicológico contra a síndrome da infertilidade

Pensemos em todas aquelas emoções e sensações que surgem quando vemos frustradas nossas tentativas de alcançar um objetivo. Tudo isso ocorre também em situação de infertilidade e, às vezes, duplamente, principalmente pela pressão social para constituir família.

A superação da síndrome da infertilidade não é fácil, pois ali confluem desejos, expectativas, fantasias, projetos (individuais ou de casal) e até avaliações. Algumas recomendações a ter em conta, tanto para quem passa por esta situação, como para quem a acompanha, estão comentadas abaixo.

Aceitar emoções

Por um lado, é importante dar a si mesmo o tempo necessário para lamentar o que tanto desejamos. Assim, deve-se trabalhar a aceitação das emoções. Se você faz parte de um casal, deve validar o que a outra pessoa sente, pois nem todo mundo sente da mesma maneira.

Trabalhar a culpa

É importante trabalhar a culpa e a busca de culpados. Tentar dar um nome à situação ou assumir responsabilidades não traz a solução nem é mais tranquilizador. Pelo contrário, isso pode aumentar a tensão e o estresse caso você esteja em um relacionamento e esse fato seja motivo de brigas. Em vez disso, é necessário se conectar com aquelas coisas que dão prazer e alegria como forma de distração.

Melhorar a comunicação do casal e a presença de apoio e contenção mútuos é fundamental para passarmos por esta fase da melhor forma possível.

Ser o apoio do parceiro e vice-versa

Quem faz parte de um casal deve trabalhar o apoio mútuo e as habilidades de comunicação para que não se crie uma distância emocional nem que se chegue ao extremo de ficar obcecado pelo assunto ou deixar de falar sobre ele.

Enfrentar projetos gratificantes

Com o tempo, será importante trabalhar para que as pessoas encontrem outros planos e projetos gratificantes que tragam felicidade. Consequentemente, podendo significar o evento como uma oportunidade de crescimento e fortalecimento da resiliência.

É importante trabalhar a adaptação para evitar ficar com a sensação de mãos vazias a que muitos se referem. Além disso, o apoio psicológico é fundamental e altamente recomendado para esta fase.

A sociedade também deve fazer uma mudança

Em muitos casos, o peso de não poder ser mãe vem da pressão social, dos estereótipos e imagens erradas que se constroem em torno de quem não pode ter filhos. O luto pela síndrome da infertilidade exige que não apenas as pessoas diretamente afetadas trabalhem com a ajuda de profissionais, mas também da sociedade.

É importante conscientizar sobre o assunto para ajudar a banir esses preconceitos que tanto prejudicam e pressionam. Além disso, é necessário oferecer outros planos e projetos que não estejam vinculados à paternidade.

Quando este é o único projeto de vida validado, diante da impossibilidade de realizá-lo, a frustração, a culpa e a grande afetação da autoestima são enormes. Devemos parar de perguntar “Quando vocês vão ter um filho?”, pois nunca sabemos quais são as circunstâncias pessoais de cada pessoa e casal.


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