Quando toda a família concorda em se mudar menos o filho adolescente

Uma mudança de cidade altera a vida de cada membro da família. Como abordar a situação em que um filho adolescente não concorda com a mudança?
Quando toda a família concorda em se mudar menos o filho adolescente
Sharon Capeluto

Escrito e verificado por Sharon Capeluto.

Última atualização: 19 junho, 2023

Mudar em família é um desafio. Não é uma decisão simples, muito menos uma mudança insignificante. Nesses casos, a adaptação é feita em grupo, mas também individualmente: cada um dos membros deve ajustar-se ao novo local, à escola, ao trabalho, aos outros amigos e à rotina. Em suma, é necessário se ajustar à nova vida.

No melhor dos casos, todos concordam com a mudança: tanto os pais quanto os filhos. Esse panorama simplifica as coisas, pois o entusiasmo é compartilhado. Mas a verdade é que às vezes a situação se torna mais complexa. Em geral, os adolescentes tendem a ser mais reticentes quando se trata de sair de sua cidade quando não é uma opção sua.

Mudar-se em família

São várias as realidades que podem levar uma família inteira a se mudar. Às vezes, essa decisão é tomada devido a oportunidades de trabalho ou profissionais para um dos adultos.

Em casos menos idílicos, pode ser por necessidades econômicas ou de sobrevivência. Além disso, outras vezes trata-se da busca por uma experiência inesquecível.

Seja qual for o motivo da mudança, todas carregam estresse, preocupação e uma carga emocional. Ainda mais quando se trata de mudança para outra cidade ou país. De fato, diante dessa situação, as pessoas enfrentam o que chamamos de luto migratório, o processo que lhes permite se adaptar a um novo local, assumindo a perda do que ficou para trás.

Embora os adultos tenham a última palavra, é fundamental considerar que a vida de cada um dos integrantes dará um giro de 180 graus. Por isso, os pais devem ter cuidado ao tomar uma decisão dessa magnitude e comunicá-la. Para isso, deve-se levar em consideração o contexto, a idade e os traços de personalidade de cada uma das crianças.

É essencial cuidar, validar e respeitar as emoções de cada membro da família. Para isso, é aconselhável não ocultar informações, mas tornar todos participantes ativos do processo.

E se o adolescente não concordar?

Não é de estranhar que um adolescente prefira ficar na cidade em que vive, onde estão seus amigos . Bem, isso representa o reflexo da própria identidade, que é diferente da dos pais.

“O fenômeno grupal adquire uma importância transcendental, pois grande parte da dependência que antes era mantida com a estrutura familiar e com os pais em particular é transferida para o grupo. O grupo constitui assim a transição necessária no mundo externo para alcançar a individuação adulto”.

– Aberastury, A. e Knobel, M. –

Por isso, muitos adolescentes rejeitam a ideia de sair de casa e ter que se despedir dos amigos. Essa situação se torna muito difícil para eles, pois estão em um estágio intermediário em relação à independência. Embora já tenham conquistado alguma autonomia , ainda dependem das decisões familiares. Como pais, é importante considerar sua condição e ter empatia com eles.

Valide suas emoções

A primeira reação do adolescente provavelmente será de raiva e impotência , também podendo sentir tristeza e incerteza. Portanto, validar suas emoções é condição necessária para que ele se sinta seguro para expressar seus sentimentos sem restrições e para que se sinta acompanhado.

Quando falamos de validação emocional , queremos dizer aceitar a experiência emocional do outro sem julgar. Em hipótese alguma devemos minimizar o que o adolescente sente ou fazê-lo acreditar que está exagerando.

Não há maneira certa ou errada de abordar essa situação. No entanto, é importante que os jovens conheçam as possíveis alternativas que sua família considera válidas para lhes oferecer, bem como ouvir as suas preocupações e pontos de vista.

Ouça suas preocupações

Aceitar e ter empatia com suas emoções também significa estar disposto a ouvir suas preocupações. Certamente, você também tem um bom número de preocupações decorrentes da decisão de se mudar em família.

Conte ao adolescente alguns de seus pensamentos inquietos e ouça os dele. Se ele não conseguir identificá-los facilmente, você pode orientá-lo com as seguintes perguntas:Você está preocupado em perder o contato com seus amigos? Tem medo de não fazer novos amigos? Tem medo de mudar de escola ?” Idealmente, ele deve se sentir à vontade para compartilhar seus problemas com você e juntos vocês podem resolvê-los.

Dê alternativas

Cada família é diferente, então cada situação na hora da mudança é particular. Dependendo das condições econômicas, simbólicas e relacionais de cada grupo, algumas alternativas serão possíveis ou não.

Por exemplo, há famílias que poderão visitar sua cidade antiga todos os meses, mas outras poderão fazê-lo uma vez por ano. Também, algumas podem considerar o descontentamento do filho adolescente e, talvez, avaliar a possibilidade de ele ficar na cidade junto com outro parente.

Mudar em família requer comunicação e empatia

Há muitas coisas para descobrir antes do dia da mudança. Procedimentos, vistos, transporte e aspectos legais, entre outros. Além disso, você tem que decidir o que levar e o que não levar, embalar os objetos, fazer contas e realizar inúmeras consultas.

No entanto, é fundamental que o turbilhão envolvido na gestão da mudança não faça com que a parte emocional de cada membro da família seja negligenciada. É importante dar espaço e tempo para conversar, dar e receber apoio, despedir-se de amigos , familiares e lugares importantes. Trata-se de iniciar a esse processo simbólico que traz toda mudança.


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