5 fatores que influenciam a compreensão leitora

Problemas de compreensão leitora podem se dever a várias causas. Conheça os principais componentes desse processo para saber qual pode ser a falha no caso de cada criança.
5 fatores que influenciam a compreensão leitora
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 12 abril, 2023

A leitura abre as portas do conhecimento para as crianças. Por meio da linguagem escrita, elas podem não apenas entender instruções ou se comunicar, mas também acessar informações de todos os tipos. Assim, conseguem aprender mais sobre diversos temas ou desfrutar de livros fantásticos como forma de lazer. Mas, para obter todas essas vantagens, elas devem passar por um complexo processo de aprendizagem que só atinge seu ponto ideal aos 9 anos de idade. Quer conhecer os fatores que influenciam a compreensão leitora? Falaremos mais sobre eles abaixo!

Entender como esse processo se desenvolve e quais elementos estão envolvidos nele é essencial para detectar possíveis dificuldades. Se uma criança tem problemas para entender os textos, para construir conhecimento sobre o que lê ou para interpretar orientações escritas, é preciso saber onde está a falha para encontrar uma solução.

O que é a compreensão leitora?

A compreensão leitora é a capacidade de entender o que se lê, tanto o significado das palavras quanto o significado do argumento geral. Assim, é preciso saber identificar as palavras e conhecer seus significados, embora isso não seja suficiente. Alcançar uma verdadeira compreensão leitora requer reflexão e esforço mental para relacionar a nova informação com outros conhecimentos prévios e gerar significado autêntico.

Portanto, é um processo mais complexo do que parece e que pode levar anos para as crianças concluírem. Assim, não é de estranhar que, apesar de saber ler fluentemente, uma criança não consegue extrair o sentido do texto. E há várias etapas a serem seguidas para concluir o procedimento.

Descubra quais fatores influenciam a compreensão leitora

A seguir, listamos e explicamos os diferentes processos cognitivos envolvidos na compreensão leitora. Estes são gradualmente dominados, mas todos são essenciais para alcançar o resultado final.

1. Identificar letras ou grafias

Um primeiro passo fundamental é constituído pelos processos de identificação das letras. A criança deve ser capaz de reconhecer individualmente aquelas que compõem determinada palavra. Apesar de a hipótese do reconhecimento global afirmar que somos capazes de reconhecer palavras sem a necessidade de seccionar cada letra separadamente, a verdade é que ambos os processos convergem e são necessários. Ou seja, ao ver uma palavra, as letras começam a ser identificadas, o que permite que ela seja processada globalmente.

Identificar grafias é essencial para a compreensão leitora. Assim, quanto mais a criança reconhece cada palavra, mais ela identifica as letras. Em suma, esses dois níveis de reconhecimento interagem simultaneamente.

2. Decodificar

Uma segunda etapa consiste na aplicação das regras de conversão grafema/fonema. Ou seja, saber associar cada grafia ou letra ao seu som correspondente a fim de ativar a rota fonológica que permite reconhecer a palavra e seu significado.

Nós podemos identificar as letras em qualquer idioma desconhecido (desde que seja alfabético), mas isso não nos permite entender o texto. Assim, ao transformar cada grafema em um som, a criança pode acessar o significado da palavra da mesma forma que faria por meio da linguagem oral.

3. Reconhecer e acessar o léxico

Por outro lado, existe a via direta ou via lexical, que também permite decifrar o significado da palavra que vemos escrita. Nesse caso, isso ocorre porque cada palavra (conjunto de letras) está associada a uma representação interna (significado). Por exemplo, assim como uma criança sabe que se trata de um cachorro quando vê a foto de um cachorro, quando vê a palavra escrita, ela também a associa a essa imagem.

O mais comum é que os bebês utilizem a rota fonológica em seus estágios iniciais, pois estão acostumados a acessar os significados por meio do som da palavra. No entanto, à medida que leem mais, têm mais representações internas das palavras escritas e podem reconhecê-las facilmente. Assim, crianças mais velhas e boas leitoras tendem a utilizar mais a rota lexical.

4. Entender as frases

Em seguida, devem ser realizados processos sintáticos e semânticos para entender a frase. Ou seja, estabelecer relações gramaticais entre os diferentes componentes e, além disso, dar sentido à frase.

Vários fatores influenciam neste ponto:

  • Por um lado, a memória e o léxico ou vocabulário que a criança possui, o que lhe permitirá acessar o significado de cada palavra.
  • Além disso, ela precisará entender como as palavras são organizadas em uma frase (principalmente são atribuídas as funções sujeito-verbo-objeto).
  • Além disso, os sinais de pontuação são importantes, pois se forem omitidos, a compreensão da leitura fica muito prejudicada.
Para entender verdadeiramente um texto, as crianças devem ser capazes de fazer certas inferências sobre informações que não são explícitas, mas são compreendidas.

5. Estabelecer relações e inferências sobre o texto

Um passo final é relacionar o que foi lido com as informações anteriores, a fim de integrar tudo à memória e consolidar a lembrança. Por fim, a leitura compreensiva não consiste em lembrar exatamente a frase, e sim o que ela quer transmitir, independentemente de como está escrita. Para isso, as crianças devem saber fazer uso do contexto que é apresentado e do que já sabem sobre situações semelhantes à apresentada.

Por exemplo, na frase “Maria cortou um pedaço de pão”, entende-se que ela usou uma faca ou ferramenta semelhante para isso. Este último processo inferencial é aquele que completa a compreensão real do que o texto tenta transmitir.

Intervir em problemas de compreensão de leitura

Conhecer todo o processo acima nos ajuda a determinar em que ponto a compreensão leitora de uma criança pode falhar. Talvez a atenção vacile porque não há motivação suficiente ou, talvez, seja necessário enriquecer o vocabulário ou trabalhar a memória. Além disso, é possível que a criança tenha problemas de decodificação ou que, apesar de ler com fluência, não consiga extrair o sentido último do texto. Assim, em cada caso a intervenção será diferente.

Nesse sentido, pode ser importante ensinar explicitamente às crianças algumas estratégias de compreensão leitora e autorregulação. Ou seja, que consigam planejar a leitura, supervisionar a própria compreensão e perceber quando há um erro para resolvê-lo. Existem programas educacionais que buscam esse objetivo. Portanto, um acompanhamento profissional pode ser útil.


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