Medos evolutivos na infância

Os medos nos acompanham ao longo da vida. Alguns persistem e outros aumentam, diminuem ou dão lugar a novos. Cada fase da vida é marcada por seus próprios medos.
Medos evolutivos na infância

Última atualização: 05 março, 2022

É normal que as crianças sintam medo durante a infância. Os medos evolutivos na infância são transitórios e sem grande importância. Além disso, tendem a desaparecer por conta própria e raramente se tornam um problema.

A seguir, vamos falar sobre os medos evolutivos que surgem em cada fase da infância e sobre algumas orientações que devem ser levadas em consideração ao ajudar as crianças a enfrentá-los.

Medos evolutivos na infância

 

Menino se escondendo atrás de uma árvore devido aos seus medos evolutivos.

O que é o medo?

O medo é uma das seis emoções básicas do ser humano. Os medos nos alertam sobre um perigo real ou imaginário e originam respostas defensivas e protetoras. De fato, funciona como um mecanismo de defesa.

Todo mundo, em algum momento de sua vida, já sentiu medo. De acordo com os autores Sassaroli e Lorenzini, se uma espécie não fosse capaz de sentir medo, ela se extinguiria rapidamente, pois não seria capaz de perceber ou reagir aos perigos a tempo. Assim, o medo é considerado um fenômeno adaptativo e protetor.

Portanto, é normal que as crianças sintam medo durante seu desenvolvimento. Esses medos evolutivos não têm grande importância, pois tendem a desaparecer por conta própria e, raramente, se tornam um problema.

No entanto, em alguns casos extremos, os medos podem afetar o desenvolvimento da criança. Eles podem se tornar um problema, até mesmo um distúrbio ou uma fobia, o que afetará seu desenvolvimento emocional.

Aspectos que afetam o aparecimento evolutivo dos medos

Algumas características do desenvolvimento infantil e o contexto em que a criança se desenvolve ajudam a explicar o surgimento de alguns medos evolutivos. Seu crescimento, sua aprendizagem, a evolução do sistema nervoso e o desenvolvimento da capacidade perceptiva, fazem com que a criança tenha uma melhor percepção dos perigos e, portanto, do medo.

Outros dois aspectos que afetam o aparecimento evolutivo dos medos são:

  • A capacidade simbólica e de representação. A criança se lembra de experiências desagradáveis e é capaz de prever que elas podem ocorrer novamente.
  • Informação e percepção em relação à realidade ao redor e aos avisos dos adultos.

Medos evolutivos

Os medos infantis surgem, muitas vezes, sem razão aparente. Eles se desenvolvem em uma sequência evolutiva previsível e eventualmente desaparecem com o tempo.

Os primeiros medos da infância são instintivos e inatos. Eles estão presentes assim que a criança nasce. Por exemplo, o medo de barulhos altos, o medo de cair, do escuro, de estranhos, etc. Esses medos são determinados biologicamente, embora não sejam imutáveis. Mesmo alguns desses medos inatos perdurarão até a idade adulta.

À medida que a criança cresce e se desenvolve, outros medos surgirão. Muitos desses medos continuam sendo instintivos, enquanto outros dependem de aprendizagens e experiências individuais e sociais.

Fases dos medos evolutivos na infância

A seguir, vamos falar sobre as diferentes fases dos medos evolutivos nas crianças.

Menina com medo, abraçando a perna do pai.

De 0 a 12 meses

Assim que nasce, a criança já experimenta reações de medo a estímulos específicos e delimitados. As respostas de medo aparecem diante de barulhos repentinos e intensos, da perda repentina de sustentação e de qualquer estimulação muito intensa. Essas respostas são universais, não condicionadas e, portanto, filogenéticas.

A partir dos 6 meses, a criança sente medo ao se separar dos pais ou de suas figuras de apego. Surge também o medo de estranhos, outra reação considerada por muitos autores como universal e inata.

Entre 1 e 2 anos

Os medos anteriores permanecem. Além disso, a partir do primeiro ano, aumenta a quantidade de objetos e situações que provocam medo nas crianças. Em geral, a criança de um ano tende a reagir com medo a estímulos intensos e desconhecidos.

Entre 2 e 4 anos

Aos dois ou três anos, os animais aparecem como objetos de medo para algumas crianças. Além disso, elas começam a ter medo do escuro, das tempestades e dos médicos. Ainda sentem medo de serem separados de seus pais.

Entre 4 e 6 anos

Por volta dos quatro ou cinco anos, os medos mais frequentes se relacionam a personagens fantásticos e imaginários, aos pesadelos ou a ficar sozinho. Da mesma forma, elas continuam com os mesmos medos da fase anterior.

A partir dos quatro ou cinco anos, a influência de fatores culturais e educacionais é decisiva no surgimento e desenvolvimento dos medos infantis. Por meio da aprendizagem (observacional, condicionamento etc.) e do contágio afetivo de pais, educadores e outros adultos, as crianças vão, em grande medida, adotando medos.

Entre 6 e 8 anos

Por volta dos sete ou oito anos, mais medos se radicalizam. O desenvolvimento intelectual da criança, juntamente com as experiências vividas, produz novos medos. Surge o medo da desaprovação social, do ridículo ou da morte, não tanto da própria morte, mas a dos pais.

Entre 8 e 10 anos

Nesse período, as crianças ainda têm medo de passar vergonha. Começam os medos das avaliações e das reprovações. Além disso, também temem brigas e conflitos graves entre os pais.

A partir dos 10 anos

A partir dos nove ou dez anos de idade, intensificando-se dos quatorze em diante, os medos que as crianças tinham até os seis anos se reduzem significativamente. No entanto, os medos da fase anterior permanecem e outros novos aparecem.

Os novos medos estarão relacionados ao medo das críticas e da rejeição por parte de seus pares. Nessa fase, também há medo do fracasso escolar, assim como de catástrofes, acidentes, doenças, morte, etc.

 

Nesse sentido, o desenvolvimento maturacional faz com que os medos comecem a diminuir. As crianças desenvolvem novas capacidades cognitivas e motoras e aprendem estratégias para enfrentar seus medos. Além disso, elas vão tomando consciência de que algumas coisas não são reais nem possíveis. Aos poucos, adquirem segurança e autocontrole.

Nesse processo, o ambiente educacional no qual a criança se desenvolve é fundamental. As diretrizes educacionais utilizadas na presença dos medos irão acelerar sua superação ou, ao contrário, dificultá-la.

Algumas orientações a se considerar para lidar com o medo na infância

O papel da família e do educador, junto com as diretrizes educacionais, desempenha um papel essencial na remissão dos medos infantis. Aqui estão algumas dessas diretrizes:

  • Ofereça uma atmosfera geral de segurança afetiva.
  • Mantenha um clima de calma e firmeza.
  • Promova a independência da criança.
  • Evite usar o medo como um fator disciplinar.
  • Não tente coagir a criança a confrontar o objeto temido.
  • Tente não reforçar quando a criança estiver com medo.
  • Não dramatize a situação assustadora.
  • Escolha histórias protagonizadas por crianças que enfrentam seus medos e os superam.

Em relação aos medos evolutivos na infância, devemos considerar que…

Em relação aos medos, é importante destacar que, entre os dois e os quatorze anos, praticamente todas as crianças vivenciam algum medo específico e concreto. Esses medos vão desaparecendo sozinhos e são substituídos por outros novos. Raramente eles se tornam um problema.

No entanto, os medos considerados “normais” não são os mesmos em todas as crianças da mesma idade, nem em quantidade nem em intensidade. Além do estágio evolutivo, variáveis como diferenças individuais (personalidade), diferenças culturais, raça, sexo, entre outras, interferem no surgimento dos medos.


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  • SASSAROLI, S. y LORENZINI, R. (2000): Miedos y fobias: causas, características y
    terapias. Barcelona: Paidós.
  • Giner González, C. EDUCAR LAS EMOCIONES EN LA INFANCIA. EVALUACIÓN DEL PROYECTO DE INTERVENCIÓN: “¡UY, QUÉ MIEDO!” GRADO DE MAESTRO/A DE EDUCACIÓN INFANTIL. Universidad e Valladolid. Junio 2013. Disponible en:   https://uvadoc.uva.es/bitstream/handle/10324/4738/TFG-L304.pdf?sequence=1 [Acceso julio 2021]

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