A pedagogia de Jean-Jacques Rousseau

Vamos conhecer neste artigo as principais ideias pedagógicas de Jean-Jacques Rousseau que foram consideradas um importante legado para o desenvolvimento da pedagogia moderna.
A pedagogia de Jean-Jacques Rousseau
María Matilde

Escrito e verificado por a pedagoga María Matilde.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Colocar a criança no foco de atenção dentro do processo educativo é a ideia central sobre a qual se desenvolve a pedagogia de Jean-Jacques Rousseau. Essa teoria pedagógica é exposta em uma das suas obras mais conhecidas, denominada Emílio, ou da Educação (1762), livro que se constitui em um tratado filosófico sobre a natureza e a educação do homem.

Pensamento político, social e filosófico de Jean-Jacques Rousseau

Nascido em Genebra em 28 de junho de 1712, Jean-Jacques Rousseau foi um pedagogo, filósofo, músico e botânico. Além disso, as suas ideias políticas formaram parte substancial dos fundamentos teóricos do movimento intelectual e cultural do Iluminismo, e da posterior Revolução Francesa.

Rousseau sustentou um pensamento político que defendia como a única forma de governo um Estado Republicano. Desse modo, é em sua obra Do contrato social (1762) que ele afirma que em um Estado com essas características, deve ser o povo quem tem a soberania e a vontade geral de legislar, como forma de zelar pelo bem comum de todos os cidadãos.

A pedagogia de Jean-Jacques Rousseau

Na linha de seu pensamento político e social, Rousseau realiza uma grande contribuição para a pedagogia com o seu pensamento filosófico sobre a educação.

Assim, em Emílio, ou da Educação, ele propõe uma evolução natural da criança e do homem, que ele afirma serem nobres por natureza. Além disso, fala também sobre a necessidade de uma formação da criança para que ela seja capaz de enfrentar e se integrar a um tipo de sociedade que ele descreve como corrupta.

“O homem nasce bom e a sociedade o corrompe”.

-Jean-Jaques Rousseau-

Pedagogia de Jean-Jacques Rousseau: a bondade do homem e da natureza

A pedagogia desenvolvida por Jean-Jacques Rousseau propõe e descreve um sistema educativo que considera a evolução natural da criança e do homem como forma de se adaptar e melhorar a sociedade. E, a partir da ideia de bondade, tanto do homem quanto da natureza, ele sustenta que o ensino deve se dar dentro dela e em contato com ela.

Dessa maneira, para que o potencial das crianças se desenvolva, a educação deve seguir o ritmo da natureza, e não da sociedade. Além disso, deve-se dar importância aos interesses das crianças, respeitando a sua condição de crianças, e não de adultos.

Rousseau propõe uma educação organizada em períodos. O primeiro, caracterizado por uma educação física, principalmente, até os dois anos de idade.

Posteriormente, entre os dois e os doze anos, ele propõe um ensino para o desenvolvimento dos sentidos externos. A partir dos doze até os quinze anos, uma educação intelectual e, logo depois dos quinze anos, até a maioridade, uma educação moral.

Pilares fundamentais da pedagogia de Jean-Jacques Rousseau

  • A defesa de uma educação que leve em conta a natureza própria da criança e das particularidades da sua idade.
  • Uma educação que deve se desenvolver por meio dos órgãos dos sentidos e por meio da experiência individual das pessoas com a natureza, com as coisas e com as outras pessoas que as rodeiam.
  • A defesa da liberdade do homem. Em outras palavras, isso significa ser contra qualquer tipo de educação rígida, severa e baseada em castigos.
  • Uma didática baseada no desenvolvimento da independência da criança, da sua habilidade para observar e compreender o que a rodeia, submetendo-as às leis da natureza. Repetindo o processo, igualmente, nas relações com as pessoas.
  • O professor deve seguir um princípio de “não-intervenção”, ou seja, deve “fazer tudo sem fazer nada”. Isso significa que o papel do educador é servir de orientador no processo de ensino-aprendizagem.
A pedagogia de Jean-Jacques Rousseau
  • Ensino de diferentes tipos de trabalhos, artesanais ou agrícolas, como forma de aprender ocupações ou ofícios úteis. Essa é a maneira que um homem pode ganhar o pão e, assim, conservar a sua liberdade.
  • A partir dos 16 anos, as crianças devem voltar à sociedade e a educação moral deve prepará-las para realizar boas ações. Assim, a educação moral deve formar pessoas de bons sentimentos, bom juízo e boa vontade.
  • Rosseau expressa a necessidade de uma educação sexual a partir dos 16 ou 17 anos. Também expressava que se devia evitar falar de religião durante a infância, considerando que as crianças vão chegar sozinhas ao conhecimento do princípio divino paulatinamente. Além disso, Rousseau contemplava uma religião do coração, e não uma baseada em verdades religiosas.

O legado de Rousseau…

Um ensino ativo dentro da natureza, a consideração dos interesses e das particularidades da criança e a defesa da sua liberdade. Igualmente, há a consideração da formação de um homem de bons sentimentos e com a necessidade de realizar boas ações para poder viver em uma sociedade que deve ser melhorada. Essas são algumas das principais ideias educativas e filosóficas que Rousseau desenvolveu.

Assim como as contribuições de muitos outros pensadores da educação, as concepções pedagógicas de Rousseau representaram grandes avanços e mudanças para a sua época. Além disso, as suas ideias mais progressistas possibilitaram as concepções pedagógicas mais democráticas e complexas que são usadas atualmente.


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