Como prevenir a intoxicação alimentar durante a gravidez

Uma intoxicação alimentar durante a gravidez pode trazer complicações para a saúde da mãe e do bebê. Aprenda a evitá-la!
Como prevenir a intoxicação alimentar durante a gravidez
Silvia Zaragoza

Escrito e verificado por a nutricionista Silvia Zaragoza.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Você sabia que durante a gravidez você fica mais vulnerável a sofrer uma intoxicação alimentar? Por esse motivo, vamos explicar algumas orientações básicas para prevenir esse problema durante a gravidez. Lembre-se de que a saúde do seu bebê também está em jogo!

A intoxicação alimentar ocorre pelo consumo de alimentos contaminados com toxinas, que podem ser geradas por alguns produtos químicos ou por certos microrganismos. Em geral, elas tendem a passar despercebidas, pois não exalam odor nem alteram o sabor dos alimentos. Os sintomas podem começar até 15 ou 20 dias após a ingestão do alimento.

Você quer saber mais sobre o que se trata e como prevenir a intoxicação alimentar durante a gravidez? Então, confira as informações a seguir.

Riscos de intoxicação alimentar durante a gravidez

Na gravidez, todo o sistema imunológico se dedica a manter o futuro bebê seguro. Além disso, quando responde, o faz de forma muito rápida e exagerada, o que pode causar danos à saúde de ambos.

A intoxicação alimentar geralmente ocorre devido ao manuseio impróprio de alimentos crus. Isso favorece o crescimento excessivo de germes e a produção de toxinas prejudiciais ao nosso corpo. Entre os microrganismos mais comuns, encontramos a bactéria Listeria monocytogenes e o parasita Toxoplasma gondii.

A toxoplasmose é uma doença comum em todo o mundo, afetando 1% das mulheres. Em mulheres grávidas, pode causar abortos espontâneos ou malformações no feto, como microcefalia e hepatomegalia. No recém-nascido, pode causar cegueira, convulsões e icterícia (cor amarelada da pele).

A infecção por Listeria é de 10 a 20 vezes mais frequente em mulheres grávidas do que na população em geral, de acordo com uma revisão sistemática publicada em 2018. Quando adquirida nessa fase da vida, pode causar aborto espontâneo, parto prematuro, infecções perinatais ou morte fetal. Também pode se manifestar tardiamente e causar meningite no recém-nascido.

O que pode causar uma intoxicação alimentar?

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A intoxicação alimentar ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados com várias toxinas.

A maioria dos alimentos de risco para toxoplasmose são carnes cruas ou mal cozidas e vegetais crus que não são lavados ou higienizados. Portanto, é melhor esquecer bifes mal passados, ceviches e sushis durante a gravidez.

A Listeria, por outro lado, é adquirida pelo consumo de laticínios frescos não pasteurizados. Por exemplo, leite cru, queijo brie e queijos azuis.

Como saber se você está com uma intoxicação alimentar?

Quando ocorre uma infecção por Listeria, os sintomas são semelhantes aos da gripe: febre, tosse, dor de cabeça e dor de garganta. Náuseas, vômitos e diarreia também podem ocorrer.

Por outro lado, a toxoplasmose pode ser assintomática ou apresentar sintomas pouco específicos. Por exemplo, fadiga, dores musculares, mal-estar geral e, às vezes, febre.

É importante saber que, quando a mulher já teve essa doença antes da gravidez, a imunidade gerada dura a vida toda. Por esse motivo, é importante realizar os exames correspondentes antes ou durante a gravidez, para saber o estado de anticorpos da mãe.

Como preparar os alimentos com segurança?

A Agência Catalã de Segurança Alimentar (ACSA) recomenda seguir 4 regras para o manuseio de alimentos a fim de prevenir intoxicações. Elas consistem basicamente em limpar, separar, cozinhar e resfriar os alimentos. A seguir, explicamos todas elas em detalhes.

1. Limpar os alimentos

Antes de começar a mexer nos alimentos, é importante lavar as mãos com água e sabão. Esse passo deve ser repetido após tocar em alimentos crus, ao sair do banheiro, após jogar o lixo fora, espirrar ou tossir.

Além disso, é importante limpar bem os utensílios e as superfícies usadas para o manuseio dos alimentos. Isso inclui desinfetar frutas, vegetais e verduras com água sanitária.

2. Separar os alimentos crus dos cozidos

Tanto no preparo dos alimentos quanto no armazenamento na geladeira, é importante separar os alimentos crus dos cozidos. Isso porque os primeiros possuem alto teor de água, o que favorece o crescimento de microrganismos e o desenvolvimento de toxinas.

Para o armazenamento, você pode usar recipientes cobertos ou com fechos herméticos. Dessa forma, evitará que alimentos previamente cozidos sejam contaminados.

3. Cozinhar os alimentos adequadamente

Uma boa cozinha se faz em altas temperaturas, garantindo que o interior dos alimentos atinja cerca de 75 a 80 graus Celsius. Quando isso não acontece, as carnes ficam rosadas e os ovos não caem bem.

4. Garantir o resfriamento adequado

A última regra é manter os alimentos preparados na geladeira, sem deixá-los mais de 2 horas em temperatura ambiente. Uma boa maneira de fazer isso é dividi-los em pequenas porções e colocá-los sobre água e gelo.

Quando quiser descongelar alguns alimentos, certifique-se de colocá-los na geladeira no dia anterior. No caso de carne ou peixe, você pode colocá-los sobre grelhas para que possam escorrer.

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Como prevenir a intoxicação alimentar?

Resumindo, prevenir a intoxicação alimentar está em suas mãos. Seguindo essas dicas e evitando os alimentos mais perigosos durante a gravidez, você reduzirá as chances de sofrer com isso.

É importante ressaltar que, se você tem um gato, também deve evitar limpar a caixa sanitária, já que esses animais são portadores de Toxoplasma.

Além disso, procure respeitar os prazos de validade dos alimentos e consumi-los dentro do prazo recomendado.

Se você tiver alguma dúvida, entre em contato com o seu ginecologista ou nutricionista. Apesar do que se pode pensar, diversos estudos realizados sobre a dieta de gestantes evidenciam uma grande carência de informações sobre hábitos de prevenção.


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