7 problemas comuns que surgem ao diagnosticar TDAH em crianças

Um dos problemas decorrentes de um diagnóstico de TDAH em crianças tem a ver com a medicação excessiva ou com sua escolha como único tratamento. Conheça outros problemas neste artigo.
7 problemas comuns que surgem ao diagnosticar TDAH em crianças

Última atualização: 30 agosto, 2022

Os diagnósticos têm uma dupla face. Por um lado, nos permitem dar um nome ao que acontece e que não sabemos explicar. Além disso, são um ponto de partida a partir do qual se abrem novos caminhos que requerem outras habilidades e técnicas para poder enfrentar o problema que nos aflige. Por outro lado, eles nos apresentam uma série de desafios que nos fazem perceber que o assunto não acabou. Vamos ver quais são os problemas mais comuns em casos de TDAH em crianças.

O que é o transtorno de déficit de atenção em crianças

Quando falamos em transtorno de déficit de atenção, com ou sem hiperatividade (TDAH), nos referimos a um dos diagnósticos mais frequentes na infância. Embora a prevalência varie de acordo com a metodologia utilizada, é geralmente aceito que está presente em 5% da população pediátrica, com maior incidência em homens do que em mulheres.

Embora ainda não seja possível determinar o que causa o TDAH, sabe-se que é um distúrbio neurobiológico multifatorial que produz algumas alterações no córtex pré-frontal do cérebro. Ali estão concentradas as chamadas funções executivas, que são o que nos permite manter a atenção e a concentração, apelar à memória, planejar, tomar decisões, controlar impulsos e regular as emoções, entre outras questões.

Devido a todos os aspectos da vida que o TDAH condiciona, é importante chegar a um diagnóstico preciso e oportuno, a fim de melhor acompanhar as crianças. Tanto em seus processos de aprendizagem, quanto no restante das atividades da vida diária.

Os problemas mais frequentes que surgem ao diagnosticar TDAH em crianças

Qualquer diagnóstico alcançado com responsabilidade desencadeia uma série de questionamentos. Ao mesmo tempo, dá lugar a emoções novas e diversas, à proposta de desafios e aos inconvenientes da implementação das mudanças.

O diagnóstico de TDAH na criança esclarece o panorama para os pais, mas representa transtornos e grandes desafios para toda a família.

1. Dificuldades para tomar uma decisão sobre o diagnóstico

Às vezes, existem características comuns entre as diferentes patologias do neurodesenvolvimento que geram confusão na hora de definir o diagnóstico. Mesmo muitos dos sintomas que são considerados atípicos em um momento da vida são esperados até uma certa idade de desenvolvimento.

Para ambas as questões, é necessário aplicar uma bateria de testes diagnósticos, que vão desde entrevistas com a criança, pais e professores, até testes de visão e audição ou avaliações psicométricas. Assim, especifica-se a definição do quadro apresentado pela criança e esclarecem-se algumas dúvidas sobre os diagnósticos diferenciais. Entre os mais comuns, citamos os transtornos de comportamento, transtornos de aprendizagem e transtorno do espectro autista, entre outros.

2- Sobrediagnóstico

Há também uma realidade da qual não podemos fugir, que é o excesso de diagnósticos de TDAH em crianças, mesmo que não preencham os critérios necessários para definir essa condição. Deve-se notar que nem toda criança inquieta é hiperativa e que a capacidade de manter a atenção é uma habilidade que amadurece gradualmente nos pequenos.

3- Turbilhão emocional

Embora o fato de saber que nosso filho foi diagnosticado com TDAH proporcione uma certa tranquilidade em relação à incerteza, também é verdade que desencadeia algumas ansiedades e medos. Será que o meu pequeno será capaz de levar uma vida normal? Poderá estudar ou trabalhar no futuro?

4- Superproteção

Uma vez que uma família recebe um diagnóstico, especialmente se for relativo a uma criança, todos os adultos próximos tendem a ser superprotetores. Eles estão tão preocupados em evitar o sofrimento que procuram preservá-la em uma espécie de “caixa de vidro”.

No entanto, no final da história se cumpre a profecia autorrealizável: nós protegemos porque não queremos que a criança seja excluída do meio e sofra por isso, mas ela acaba isolada e afetada pela mesma causa.

5- Dificuldades com a medicação

Quando o tratamento do TDAH inclui medicamentos, pode haver alguns problemas na adesão a essa estratégia de procedimento. Isso pode ocorrer por diversos motivos, seja porque a criança não os assimila bem, pelos efeitos colaterais que causam ou porque não há registro por parte da família.

Por outro lado, às vezes comete-se o erro de considerar a medicação como a única forma de abordar o TDAH. Embora importante, não é suficiente. Os pacientes com este diagnóstico devem frequentar terapias de vários tipos para trabalhar as habilidades necessárias para cumprir suas atividades e tarefas diárias.

Acompanhar e ajudar a criança com TDAH é fundamental. No entanto, muitas vezes, nem os pais nem os professores têm recursos para aplicar as técnicas necessárias.

6- Obstáculos para acompanhar a criança

O TDAH é uma condição muito difundida e estudada. No entanto, isso não significa que pais ou educadores tenham recursos suficientes para acompanhar a criança em seus processos de desenvolvimento e aprendizagem. Dessa forma, ao planejar a abordagem devemos pensar também no papel da família e da comunidade educativa e apoiá-la.

7- O impacto nas crianças

Receber um diagnóstico permite ajudar a criança a lidar com sua condição. Mas também gera impacto na autoestima, nos “rótulos” sociais, na relação com os pares ou com os professores. Devemos estar atentos para poder ser suporte e apoio emocional.

Os diagnósticos de TDAH também são um alerta para o mundo adulto

Quase sempre quando se trata de uma questão envolvendo a população infantil, é importante também olhar para a realidade ou o correlato daqueles que acompanham sua formação. Não com a intenção de acusar ou culpar ninguém, mas sim de acompanhar e fornecer as ferramentas necessárias para lidar com o problema.

Nesse sentido, é verdade que o TDAH em crianças corresponde a um transtorno de base neurológica. No entanto, não podemos pensar que vivemos em um ambiente em que nosso ritmo diário, demandas, consumo e a forma como lidamos com o mundo não têm impacto. Pelo contrário, todos esses fatores influenciam e se espalham. Assim, muitas vezes esperamos que as crianças sejam capazes de prestar atenção a uma aula tradicional e sentar em uma cadeira por horas ou chegar de bom humor à noite após um dia cheio de atividades.

É por isso que um diagnóstico de TDAH também implica uma “pausa” no mundo adulto. Ou seja, nos convida a nos reconectar com outros ritmos, a respeitar o tempo, a entender que existem processos que exigem um “aqui e agora”. Devemos ser os primeiros a se autorregular para ensinar as crianças a fazer isso também.


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