O amor da mãe a partir dos olhos de uma filha

Queridas leitoras, aqui também temos espaço para aquelas mulheres que não são mães.
O amor da mãe a partir dos olhos de uma filha
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 03 janeiro, 2019

O nosso espaço é dedicado à assuntos relacionados à maternidade, mas hoje queremos mostrar o amor de uma mãe a partir dos olhos de uma filha.

A história que apresentamos a seguir foi escrita por um membro de nossa equipe de redação que ficou animada em compartilhá-la conosco e com as outras pessoas.

Primavera, 2017

Na primeira vez em que eu e meu namorado subimos juntos no ônibus ainda tínhamos por volta de vinte anos. Como estava lotado, só eu consegui um lugar para sentar.

Meu namorado ficou em pé, o mais próximo possível de mim entre tanta gente.

Diante de mim, havia uma mulher com um bebê que estava a ponto de chorar.

Eu então olhei o bebê nos olhos, ele os encontrou e os seguiu. Eu comecei a fazer uma série de caretas engraçadas e ele começou a rir. Alguém subiu no ônibus e eu cedi o meu lugar, mas permaneci em pé, próxima do bebê.

Nos braços, eu segurava o casaco que tinha usado durante quase todo o dia. Tinha um capuz com pelinhos e eu me aproveitei disso para fazer a criança rir ainda mais. Peguei a parte peluda e a juntei para que não fosse mais um casaco e sim uma espécie de bichinho de pelúcia.

Então, com delicadeza, encostei nas perninha do bebê com se fosse um cachorro com o brinquedo improvisado. Au, Au, au! dizia e o bebê se estremecia de risada na sua cadeirinha.

A mãe me olhou sorrindo e me agradeceu com um gesto. Suponho que me agradeceu por eu ter evitado que ele começasse a chorar.

Acredito que, da minha parte, eu agradeci por ter me proporcionado um momento bonito através do seu bebê. Ela estava cansada, mas contente. Então soube que era uma boa mãe.

Muitos no ônibus sussurravam que eu possivelmente poderia ser uma mãe. E eu também pensei isso, mesmo quando não tinha planejado ser mãe.

Desci do ônibus com o meu namorado. Nenhum dos dois falou nada nesse momento.

Logo ele sorriu e me disse: “Ainda que você não queria ter filhos, admito que seria uma boa mãe. Você parece se dar tão bem com as crianças e elas com você”. Um pouquinho de fantasia se evaporou e continuamos caminhando pela rua.

“Eu ainda não planejei a maternidade, por mais que goste de crianças”. Meu namorado ri e não fala mais nada.

Minha percepção do amor de mãe

Lembro que minha mãe várias vezes me disse que achava que eu tinha nascido para ser mãe.

Ela disse que não existe nada que ela ame mais nesse mundo que os seus filhos, que não existe nada nem ninguém que a enche mais de satisfação do que ver os seus filhos se superar.

Disse que se orgulha tanto que pode se sentir realizada por ter a oportunidade diária de oferecer de volta o amor que sente. 

“De uma forma ou de outra o amor de mãe consegue inspirar profundamente”

Ao contrário de minha mãe, muitas pessoas pensam que uma mulher não nasce exclusivamente para ser mãe. E isso eu também sei que é verdade.

Apesar disso, acredito na minha mãe. Porque, além da convicção na sua voz, acredito no sentimento que a invade quando ela me diz exatamente as mesmas coisas, mas sem palavras. Também quando ela diz a si mesma, em silêncio, enquanto acredita que eu apenas a estou olhando sorrir.

Essa história não tem a ver com a minha própria maternidade, e sim com a forma como eu percebi o amor maternal ao longo da minha vida.

a maternidade

Sou infinitamente agradecida a ela

Até os meus 28 anos de idade apenas soube ser filha. Minha mãe foi excepcional comigo e com meus irmãos. Com suas virtudes e seus aspectos a melhorar, mas sempre amando incondicionalmente. Sempre me fazendo sentir o seu amor.

Eu cresci vendo as mil e uma maneiras que minha mãe tem de amar um ser humano, além de mim, dos meus irmãos e do círculo familiar.

Graças à minha mãe, aprendi a perceber o amor plenamente e brindá-lo.

Sou tia de cinco crianças (até agora) e, mais de uma vez, eu vi, cuidei e amei os meus sobrinhos como se fossem meus.

E quando vejo um bebê no ônibus, na calçada ou em qualquer lugar público, lembro da beleza de ter recebido o exemplo de amor da minha mãe.

“O maior presente para mim – entre os muitos que recebi da minha mãe – além da maternidade, é a capacidade de me conectar com uma criatura. A inspiração instantânea. Presente sem predeterminação alguma.”

Sei que aprendi sem querer a ser mãe. Se algum dia escolher essa opção de vida, tenho certeza de que poderei amar os meus filhos acima de tudo e que, ainda assim, se coloco os olhos numa criança, poderei me conectar com ela.

Através de algum gesto do mais puro e sincero afeto de quem é feliz mesmo não sendo mãe. Com uma capacidade… não, com um dom para amar, enorme.

E se eu decidir que não quero me tornar mãe, ainda assim ficarei satisfeita por ter vivido com a grandeza e a beleza do amor materno.

Mãe, obrigada hoje, amanhã e sempre por tudo

Sobretudo, quero agradecer por ter feito que o amor não me deixasse grande, mas, sim, que engrandecesse o meu coração.

Se eu esqueci de algo, é porque tenho que escrever da próxima vez ao seu lado.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.