Anorexia e bulimia após o parto

O puerpério é um período particularmente vulnerável em que podem surgir distúrbios alimentares. Descubra como detectá-los e como evitar suas consequências.
Anorexia e bulimia após o parto
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Os transtornos alimentares (TAs) geralmente têm sido associados aos adolescentes, pois é nessa fase vital que eles tendem a aparecer com mais frequência. No entanto, os casos de anorexia e bulimia após o parto são cada vez mais frequentes e nos alertam para um problema arriscado para a saúde de mães e filhos.

O puerpério é um período particularmente vulnerável em termos emocionais, uma vez que a nova mãe tem de enfrentar alterações físicas, hormonais e relacionais, além de mudanças em sua rotina diária. E todas essas questões juntas nem sempre são fáceis de gerenciar. Nesse contexto, os medos da maternidade e as preocupações com o peso e a imagem corporal podem desencadear ou agravar alguns transtornos, como anorexia e bulimia.

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Anorexia e bulimia após o parto: como se manifestam?

Tanto na anorexia quanto na bulimia há preocupação excessiva com o peso e a imagem corporal. Mesmo com uma franca distorção da percepção pelo próprio corpo, o que leva a pessoa a se ver pior do que os outros a veem.

A aparência física está intimamente ligada à autoavaliação da mulher e à sua própria percepção de valor. Como resultado do desconforto gerado pela aparência, diferentes comportamentos desadaptativos são acionados, derivados de um medo intenso de ganhar peso.

Apesar de compartilhar um elemento central comum a ambas as condições, esses distúrbios são diferentes. E vamos explicar suas características distintivas abaixo.

Anorexia nervosa

Boneca barbie de plástico com fita métrica entolada no seu corpo.
A magreza extrema é uma das características mais marcantes da anorexia, pois o medo de ganhar peso leva a pessoa a manter comportamentos não saudáveis e sustentados ao longo do tempo.

A anorexia é caracterizada por uma restrição voluntária da ingestão alimentar, que leva a pessoa a não satisfazer suas necessidades nutricionais e energéticas diárias. Assim, ela mantém um peso corporal significativamente menor do que seria considerado saudável para ela.

Apesar de estar abaixo do peso, a pessoa com anorexia não reconhece a presença do transtorno ou a gravidade de sua situação. Ela ainda mantém aqueles comportamentos que impedem o ganho de peso, que geralmente são restritivos. Por exemplo, adesão a dietas severas, jejum ou exercício físico excessivo. Além disso, a compulsão alimentar seguida de comportamentos purgativos destinados a compensar também podem ser incluídos.

Bulimia

No caso da bulimia, o padrão de comportamento típico é caracterizado por compulsão alimentar seguida de comportamentos compensatórios. O primeiro consiste na ingestão de quantidades excessivas de alimentos em um período inferior a duas horas. Durante esse período, a pessoa come compulsiva e incontrolavelmente, até se sentir desconfortavelmente cheia. Mais tarde, ela sente grande culpa e vergonha pelo que aconteceu.

Essa compulsão ocorre pelo menos uma vez por semana, por pelo menos três meses consecutivos. E, além disso, é acompanhada de comportamentos que visam prevenir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos, rotinas excessivas de exercícios ou uso inadequado de laxantes e diuréticos.

Por que a anorexia e a bulimia ocorrem após o parto?

Existem várias razões que levam ao aparecimento da anorexia e da bulimia após o parto.

As mudanças físicas vivenciadas pelo corpo da mulher durante a gravidez e o puerpério são as principais causas. Após o parto, o corpo precisa de um tempo de recuperação variável antes de retornar ao seu estado original (algo que nem sempre acontece por completo).

A nova mãe já está com o bebê nos braços, mas continua a enxergar uma silhueta deformada no corpo. Isso pode causar angústia e preocupação, principalmente pela pressão social exercida sobre as mulheres para que recuperem a forma o mais rápido possível, assim como pelo pouco entendimento que existe sobre o puerpério e seus processos.

Como se isso não bastasse, as mulheres que acabaram de parir enfrentam uma série de medos, responsabilidades e incertezas decorrentes da maternidade. A sua identidade é completamente transformada pelo seu novo papel de mãe e podem surgir preocupações excessivas com o bem-estar do bebê, com o seu bom desempenho como mãe e com a forma como a sua vida vai mudar.

Às vezes, essa sensação de falta de controle leva ao aparecimento de um transtorno alimentar.

Por fim, a anorexia e a bulimia após o parto estão relacionadas à presença de depressão pós-parto. Essa condição aumenta o desconforto, a pressão e a culpa que as mulheres sentem nesse período tão vulnerável de suas vidas. Todos esses problemas as tornam mais propensas a ficarem insatisfeitas com sua nova situação.

Mãe deprimida preocupada er sozinha ao lado do bebê.
As mudanças pessoais relacionadas ao nascimento de um filho são muito intensas para as mulheres e nem sempre podem ser enfrentadas da melhor maneira. Incerteza, medo, culpa e pressões sociais podem aumentar o risco de depressão e transtornos alimentares nessa fase.

Consequências e prevenção de transtornos alimentares no puerpério

Os transtornos alimentares no pós-parto não afetam apenas a saúde e o bem-estar das mulheres, mas também de seus filhos. Muitas mães optam por parar de amamentar mais cedo do que o recomendado para fazer dieta. Outras simplesmente não têm produção de leite suficiente pelo mesmo motivo.

No outro extremo, estão as mulheres que oferecem o seio ao bebê em excesso, para gastar mais calorias e evitar o ganho de peso. Além disso, é comum que essas mulheres projetem suas dificuldades de alimentação nos filhos, seja pelo excesso de alimentação ou pelo medo de percebê-los como “gordos”.

Além disso, não podemos esquecer que uma mulher que não se sente bem ou que está passando por uma doença não está nas melhores condições para oferecer ao filho os cuidados que necessita. Ela pode ter dificuldades em se relacionar com o pequeno e em aceitar seu papel de mãe. Além disso, pode enfrentar sentimentos de ansiedade, desconforto e culpa que não lhe permitem exercer o cuidado da melhor forma.

Por isso, é fundamental que haja recursos para ajudar as novas mães nesse sentido. Um transtorno alimentar pode surgir no puerpério em mulheres que nunca tiveram problemas semelhantes ou piorar em casos já existentes.

É importante que os profissionais, o ambiente e as próprias mães estejam atentos aos possíveis comportamentos e sintomas que constituem sinais de alerta. Assim, o suporte necessário pode ser fornecido nesse momento para o manejo do transtorno incipiente ou já estabelecido.


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