Carga mental: o trabalho invisível das mães

Muitos casais pensam que as tarefas domésticas estão divididas igualmente entre os dois. No entanto, muitas vezes é a mulher que carrega todo o peso do planejamento.
Carga mental: o trabalho invisível das mães
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Muitos casais pensam que as tarefas domésticas e familiares em sua casa estão igualmente divididas entre os dois. No entanto, o trabalho de logística e planejamento ainda permanece principalmente sob a responsabilidade das mulheres. É nisso que consiste o conceito de carga mental.

Sem dúvida, a situação social mudou com relação à equidade e ao envolvimento dos homens nas tarefas domésticas. Uma vez que as mulheres participam ativamente do mercado de trabalho, cada vez mais casais dividem o trabalho doméstico entre os dois. Isso é algo lógico e justo.

No entanto, se olharmos um pouco mais detalhadamente, verificaremos que essa divisão não é tão justa quanto parece. As tarefas físicas são compartilhadas, mas o trabalho mental de planejar, organizar e gerenciar recai quase inteiramente sobre as mulheres.

O que é a carga mental?

O conceito de carga mental engloba todo o trabalho invisível que é necessário para que as diferentes áreas da vida familiar funcionem adequadamente. O processo de pensar continuamente e deliberadamente sobre todas as tarefas pendentes e sobre como gerenciá-las. Antecipar, organizar e se lembrar de tudo o que precisa ser feito.

Carga mental: o trabalho invisível das mães

Foi a socióloga Susan Walzer que, em seu estudo, descreveu esse termo e as diferenças de gênero existentes em relação a ele. No entanto, para perceber essa desigualdade, é necessário que comecemos a distinguir entre tarefas físicas e mentais.

Tarefas físicas:

  • Ir ao supermercado.
  • Pegar o filho na escola.
  • Fazer o jantar.
  • Estender as roupas.

Tarefas mentais:

  • Perceber que a pasta de dente está acabando e antecipar-se para comprá-la antes que acabe.
  • Lembrar que o filho iria para uma excursão hoje e, portanto, sairá da escola uma hora antes.
  • Planejar com antecedência o que teremos para o jantar e lembrar-se de tirar do congelador os alimentos para que estejam prontos a tempo.
  • Organizar para lavar a roupa na quinta-feira porque vamos ter um jantar no sábado e, assim, haverá tempo para secar as roupas que queremos usar.

Esse segundo tipo de tarefa parece ser território exclusivo das mulheres. Os homens geralmente não passam a mesma quantidade de tempo em todo esse processo mental e, se fizerem isso, geralmente será algo que diz respeito aos seus próprios problemas no trabalho.

As mulheres, por outro lado, pensam, organizam e planejam a sua vida no trabalho, a vida social e a doméstica, bem como a dos demais membros da família.

Como detectar a carga mental?

Devido à inércia social que continua a atribuir a responsabilidade do lar às mulheres, às vezes é difícil detectar que estamos nessa situação injusta. Já está tão internalizado que esse trabalho é nosso que, às vezes, podemos até mesmo sentir que o nosso valor como pessoa está vinculado à nossa capacidade de cuidar da casa e da família.

Portanto, em primeiro lugar, é necessário estar ciente de que essa responsabilidade não é apenas nossa. O justo é que ela seja compartilhada. Em seguida, podemos fazer o simples trabalho de anotar as tarefas que tivermos em mente durante uma semana e pedir ao nosso parceiro que faça o mesmo.

Carga mental: o trabalho invisível das mães

Esse pequeno exercício pode nos dar uma perspectiva de até que ponto estamos carregando um fardo pesado demais. E esse será o ponto de partida para fazer as mudanças necessárias na dinâmica da família.

Por outro lado, o nosso estado de saúde também pode ser um sinal de alerta. A carga mental representa um grande peso que gera estresse, ansiedade e até mesmo sintomas físicos, tais como dores nas costas ou de cabeça frequentes.

Qual é a solução?

A maneira de aliviar esse fardo pesado é compartilhar a carga. Mas isso deve ser feito de uma maneira real e eficaz. Ou seja, não adianta o parceiro aceitar cuidar de certas tarefas mentais e depois se esquecer delas e não fazê-las.

Também não é aceitável que a mulher precise dar instruções para o homem, toda vez que ela sair de casa, em relação aos filhos, refeições ou horários. É necessário que ambos os cônjuges se comprometam de maneira firme a lidar com o que lhes corresponde, tanto em termos físicos quanto mentais.

Para isso, uma boa estratégia pode ser dividir as tarefas por áreas: por exemplo, um dos cônjuges fica responsável por planejar e preparar os cardápios, enquanto o outro cuida do que diz respeito à escola das crianças.


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  • Walzer, S. (1996). Thinking about the baby: Gender and divisions of infant care. Social Problems43(2), 219-234.
  • López, S. T., Calvo, J. V. P., Menéndez, M. D. C. R., García, C. M. F., & Martín, S. M. (2010). Hacia la corresponsabilidad familiar:” Construir lo cotidiano. Un programa de educación parental”. Educatio Siglo XXI28(1), 85-108.

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