As cesarianas continuam aumentando, segundo a OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem apontado um aumento no número de cesarianas em países desenvolvidos e em desenvolvimento. No cenário ideal, o percentual desse tipo de parto não deve ultrapassar 15% dos nascimentos, número que reflete a quantidade de gestações obstétricas de alto risco.
Conforme analisa a entidade, a tendência é que o percentual aumente ainda mais nos próximos 10 anos. Em consonância com isso, estima-se que até 2030 um terço da população mundial nascerá por cesariana.
Qual é o motivo desse aumento? A seguir, contaremos tudo sobre essa prática. Não deixe de ler!
Cesarianas: necessárias versus desnecessárias
A cesariana é uma cirurgia destinada à retirada do bebê da cavidade uterina e é realizada por meio de uma incisão no abdômen da mãe.
Esse procedimento obstétrico é de vital importância nas situações em que o parto vaginal aumenta o risco de complicações para a mãe, para o bebê ou para ambos. Dentre elas, destacam-se as seguintes situações:
- Desproporção entre o tamanho do bebê e a pelve materna.
- Trabalho de parto prolongado.
- Sofrimento fetal.
- Apresentação fetal transversal ou podálica.
- Outros distúrbios obstétricos, como placenta prévia ou prolapso do cordão umbilical.
- Doenças maternas.
- Gravidezes múltiplas.
- Cesarianas anteriores (dependendo do caso).
Em função desses fatores, a OMS indica que entre 10 e 15% das gestações justificam o parto por cesariana. Porém, em países desenvolvidos, como na Espanha, a taxa atual dessa prática é de 21%.
Por isso, muitas vezes nos perguntamos se essas cesarianas são tão necessárias ou não. Ou seja, se atenderem aos critérios médicos para sua realização.
Para algumas mães, a cesariana é uma opção válida que evita a dor do parto ou permite a escolha da data de nascimento do bebê.
Contudo, como qualquer procedimento invasivo, a cesariana também pode trazer complicações para a mãe. É assim que a OMS se posiciona a respeito:
“As cesarianas podem levar a complicações e incapacidades significativas, às vezes permanentes, ou até a morte. Especialmente em locais que não têm instalações ou capacidade para realizá-las com segurança, bem como para tratar complicações cirúrgicas.”
As possíveis complicações incluem infecções, sangramento e problemas placentários. Além disso, esse procedimento pode retardar o vínculo precoce entre mãe e bebê, a recuperação materna e o início da amamentação.
Não é igual em todos os lugares
Este ano foi publicado um estudo que comparou dados de cesarianas realizadas entre 2010 e 2018, em 154 países ao redor do mundo.
A partir de sua análise, determinou-se que o parto por cesariana tende a aumentar em todo o mundo. Na verdade, compreende mais de 20% de todos os nascimentos.
As regiões com maior aumento de cesarianas foram: Ásia Oriental, América Latina e Caribe, Ásia Ocidental e Norte da África.
Por fim, os autores desse estudo estimam que em 2030 28,5% dos partos serão por cesariana. Ou seja, cerca de 38 milhões de crianças no mundo nascerão assim.
A importância da idade materna na escolha do tipo de parto
Como se sabe, os riscos na gravidez crescem à medida que aumenta a idade materna.
Hoje, cada vez mais mulheres estão adiando a gravidez para depois dos 35 anos de idade. E, entre elas, uma grande porcentagem opta por técnicas de reprodução assistida, o que aumenta significativamente o índice de gestações múltiplas.
Da mesma forma, algumas vias de parto medicalizado (como os partos induzidos) estão em ascensão.
Considerações finais sobre o aumento das cesarianas
Com tudo o que foi analisado, é de se esperar que na próxima década cada vez mais mulheres desejem finalizar a gravidez com esse procedimento cirúrgico. No entanto, é importante destacar as múltiplas vantagens do parto normal em relação ao parto por cesariana, quando as condições de saúde o permitem.
A necessidade da cesariana deve ser discutida entre o profissional e os futuros pais. O obstetra deve orientar a família sobre as condições de saúde da mulher e também sobre as vantagens e riscos de uma ou outra via de nascimento do bebê.
A escolha pela cesariana não deve ser uma decisão banal, pois é um procedimento cirúrgico que também apresenta seus riscos.
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