Como ajudar os seus filhos a entender o senso de justiça

Para as crianças, o conceito de justo e injusto vai mudando conforme elas vão crescendo. Entretanto, a orientação dos pais sempre será necessária para facilitar essa tarefa.
Como ajudar os seus filhos a entender o senso de justiça
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Todo pai ou mãe já ouviu inúmeras vezes os filhos afirmando “Isso não é justo!”. Seja porque um dos irmãos recebeu um privilégio que eles não têm, porque aplicamos uma punição ou consequência por algum mau comportamento ou simplesmente porque foram tirados da banheira antes do que desejavam.

Contudo, para compreender suas reclamações, devemos primeiramente entender como o senso de justiça se desenvolve nas crianças.

A família desempenha um papel essencial na educação moral e em valores das crianças. Foi demonstrado que isso ocorre por meio da socialização, da interação com outros seres humanos. Dessa forma, os pequenos vão compreendendo as normas sociais e desenvolvendo uma noção do que é justo e do que é injusto. Então, como podemos facilitar essa tarefa para eles?

O senso de justiça nas crianças

Dependendo da fase da vida em que os nossos filhos estiverem, o seu conceito de justiça será diferente. Autores importantes, tais como Piaget e Kohlberg, deram contribuições interessantes para a compreensão desse processo.

ajudar os seus filhos a entender o senso de justiça

Primeiro estágio

Por exemplo, até os quatro anos de idade, as crianças não têm uma concepção real de moralidade. Para elas, tudo o que gostam ou querem é justo, enquanto tudo o que não gostam ou não querem é injusto.

Por isso, é comum as crianças afirmarem que não é justo obrigá-las a sair do parque quando estão se divertindo ou que é injusto ter que tirar a fantasia de pirata para vestir o uniforme escolar.

Elas ainda não entendem as convenções sociais nem conseguem inferir a necessidade daquilo que estamos pedindo que façam. É a incapacidade de serem elas mesmas, de satisfazer os seus desejos imediatos para se submeter ao que os outros ditam que elas associam à injustiça.

Segundo estágio (realismo moral)

Mais adiante, por volta dos cinco aos oito anos, os pequenos entram no estágio do realismo moral. Nesse ponto, eles entendem que as normas são algo imposto externamente por figuras de autoridade, tais como os pais, os professores ou Deus.

Eles assumem que as regras são absolutas e que o seu descumprimento sempre deve ser punido, independentemente de haver uma intenção por trás de sua transgressão. Por esse motivo, podemos encontrar crianças pedindo que o irmão menor seja punido por ter derramado suco na camiseta, ainda que isso tenha sido acidental.

Terceiro estágio (relativismo moral)

Por fim, a partir dos nove anos, as crianças entendem que as regras são acordos entre as pessoas e que aderir a elas é um ato voluntário para garantir o bem comum. Da mesma forma, elas passam a levar em consideração as intenções das pessoas tanto quanto os resultados de suas ações. E também entendem que as regras podem ser flexibilizadas e questionadas.

Dicas para ajudar as crianças a entender o senso de justiça

Todas as crianças vão passar por esse processo durante o seu desenvolvimento, embora o ritmo pessoal de cada criança possa variar. No entanto, tendo em vista a importância da socialização para o desenvolvimento moral, as ações realizadas em casa vão ajudar ou dificultar a compreensão da criança do senso de justiça. Então, como podemos ajudá-las?

ajudar os seus filhos a entender o senso de justiça

Devemos nos lembrar de que, como pais, o nosso objetivo não é fazer os nossos filhos obedecerem, e sim fazer com que internalizem valores e passem a segui-los por convicção. Para isso, a melhor ferramenta que possuímos é o nosso exemplo e as relações familiares saudáveis ​​nas quais prevalecem o respeito e a confiança.


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  • Hersh, R. H., Reimer, J., & Paolitto, D. P. (1984). El crecimiento moral: de Piaget a Kohlberg (Vol. 34). Narcea Ediciones.
  • Vásquez, A. E. D., & Ricapa, E. (2010). Relación entre los tipos de familia y el nivel de juicio moral en un grupo de estudiantes universitarios. Revista de investigación en psicología13(2), 153-174.

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