Como prevenir problemas de mordida em crianças

Os problemas de mordida em crianças causam inconvenientes em sua alimentação, fala e aparência. Felizmente, muitas vezes eles podem ser evitados.
Como prevenir problemas de mordida em crianças
Vanesa Evangelina Buffa

Escrito e verificado por a dentista Vanesa Evangelina Buffa.

Última atualização: 30 outubro, 2022

Os problemas de mordida são condições comuns em crianças, mas com alguns cuidados podem ser prevenidos. Ao agir precocemente, distúrbios mais complexos podem ser evitados no futuro. Neste artigo, mostramos como evitar problemas de mordida em crianças.

Durante o crescimento da criança, as estruturas de sua boca e face se adaptam às condições externas que influenciam seu desenvolvimento. A forma como o pequeno respira, engole ou mastiga interfere na forma que o osso adquire ou na posição dos dentes. Assim, quando as crianças apresentam determinadas doenças na boca ou alguns hábitos deletérios, alterações na oclusão podem se desenvolver.

Problemas de mordida em crianças

Os problemas de mordida em crianças também são conhecidos como más oclusões. Estas são definidas como um alinhamento inadequado dos dentes ou o encaixe incorreto de ambos os arcos ao morder. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as más oclusões dentárias são a terceira patologia oral mais frequente.

Quando os maxilares não se desenvolvem adequadamente e os dentes assumem uma posição incorreta, todas as funções da boca são afetadas. A aparência do sorriso, a forma de comer e a forma de falar sofrem as consequências das alterações na mordida.

As más oclusões mais comuns são as seguintes:

  • Mordidas cruzadas.
  • Mordidas abertas.
  • Mordidas sobrepostas.
  • Aglomeração.
  • Posicionamentos dentários incorretos.
  • Diastemas.

Causas comuns de problemas de mordida

Os problemas de mordida geralmente se desenvolvem durante a infância, quando as estruturas da boca estão crescendo. Estas são as principais causas:

  • Genética: às vezes, a origem dos problemas de mordida é a hereditariedade e a genética. Nesses casos, vários membros da família sofrem com o mesmo problema, por isso é conveniente agir precocemente com tratamentos ortodônticos.
  • Maus hábitos bucais: respiração pela boca, sucção de dedo, uso prolongado de chupeta ou mamadeira, deglutição atípica e interposição de língua são práticas que predispõem às más oclusões.
  • Bruxismo, cáries e traumas: esses fatores externos também causam problemas ao morder. Portanto, é fundamental agir para preveni-los.
O bruxismo é uma das principais causas de problemas de mordida em crianças. Outros podem ser genéticos ou se dever a maus hábitos de higiene bucal.

Recomendações para prevenir problemas de mordida em crianças

Alguns problemas de mordida em crianças não podem ser evitados, especialmente aqueles relacionados a fatores hereditários e genéticos. De qualquer forma, com algumas ações saudáveis desde cedo, é possível diminuir o risco de sofrer más oclusões. Com algumas práticas simples em casa, você pode promover o correto crescimento e posicionamento dos maxilares e dentes.

Escolher amamentar

Ao nascer, os pequenos têm o maxilar inferior levemente retraído. Quando os bebês são alimentados através do seio da mãe, os músculos orais são estimulados e sua mandíbula consegue avançar. A amamentação ajuda a alcançar uma boa relação entre os arcos inferior e superior e promove o correto desenvolvimento dos músculos orais. Com isso, melhora a alimentação e a respiração da criança.

Isso não significa que, se o bebê for amamentado, ele não precisará usar aparelhos no futuro. Existem outros fatores que também influenciam o desenvolvimento da oclusão. No entanto, as chances de estabelecer hábitos orais prejudiciais são menores em crianças que mamam no seio.

Incentive a criança a mastigar

É comum que, ao iniciar a alimentação complementar, muitos pais prefiram a papinha clássica. Contudo, você deve saber que basear a dieta das crianças em alimentos macios, triturados e fáceis de engolir pode afetar o bom desenvolvimento de suas estruturas orais.

Os pequeninos precisam trabalhar duro para mastigar. Dessa forma, seus maxilares e músculos orofaciais recebem o estímulo necessário para crescer e se fortalecer. Se as crianças se acostumarem a comer alimentos moles, será mais difícil para elas aprenderem essa habilidade. Para evitar esses inconvenientes, é aconselhável oferecer uma grande variedade de alimentos com diferentes texturas, tamanhos e sabores e que devem ser incorporados progressivamente. Deve-se começar com o mais macio, depois incluir o semissólido e o sólido para terminar com o mais duro.

Manter a saúde bucal

Cuidar dos dentes e mantê-los saudáveis é outra forma de prevenir problemas de mordida em crianças. Isto é conseguido com uma higiene oral adequada desde cedo e uma alimentação saudável. Caso contrário, as crianças correm o risco de desenvolver cárie dentária.

Esta patologia pode fazer com que percam prematuramente os dentes e os elementos permanentes tenham problemas de erupção e de posicionamento na boca. Você deve saber que dentes permanentes mal localizados alteram a oclusão. Portanto, se não forem tratados em tempo hábil, o problema se perpetua até a idade adulta.

Retire a chupeta a tempo

A chupeta é uma grande aliada na hora de acalmar os bebês, desde que usada de forma correta. A criança chupa a chupeta, mas não recebe nenhum tipo de alimento dela, o que é chamado de “sucção não nutritiva”. Quando esse hábito se torna muito frequente, compulsivo ou prolongado, pode afetar o desenvolvimento das estruturas da boca.

Recomenda-se não prolongar o uso da chupeta após os 2 anos da criança, mas alguns pediatras aconselham iniciar sua retirada a partir dos 12 meses. Também é importante que, ao oferecê-la, procure um modelo que tenha formato e tamanho adequados à boca do bebê.

Quando a criança chupa o dedo mesmo depois de 2 anos, favorece o problema da má oclusão. Esta prática afeta o desenvolvimento dos maxilares e o posicionamento dos dentes.

Impedir que a criança chupe o dedo

Chupar o polegar geralmente relaxa e acalma os pequenos quando estão nervosos, com fome ou cansados. Embora esse comportamento seja bastante normal e inofensivo nos primeiros meses, pode ser prejudicial se continuar além de 2 anos.

O dedo sobre os dentes ou o palato exerce pressão, o que afeta o desenvolvimento dos maxilares e o posicionamento dos dentes e da língua. Erradicar esse comportamento pode ser difícil, por isso será necessário ter muita paciência e, em alguns casos, ajuda profissional.

Visitar o dentista

É importante que os bebês visitem o odontopediatra desde o primeiro ano de vida, com frequência de 6 ou 12 meses, dependendo do que o profissional recomendar. Ele irá monitorar a erupção dentária e o crescimento dos maxilares. Além disso, orientará os pais sobre o manejo de hábitos e práticas que podem afetar o correto desenvolvimento das estruturas orais.

Por volta dos 6 anos, na época da substituição dos dentes de leite pelos definitivos, recomenda-se a consulta com o ortodontista. Este especialista pode detectar problemas de mordida ou posição dos dentes precocemente e cuidar deles imediatamente. A ortodontia interceptiva é uma das melhores estratégias para interromper a progressão dos problemas de mordida no início e, assim, evitar maiores consequências.

Prevenir problemas de mordida para melhorar a qualidade de vida das crianças

Crianças com más oclusões sofrem alterações na maneira de morder e falar, e na aparência do sorriso. Essas disfunções afetam sua maneira de comer, se comunicar e se relacionar com os outros. Portanto, interferem em sua vida diária. Ao prevenir problemas de mordida em crianças, ajudamos os maxilares e os dentes a se desenvolverem adequadamente.

Cuidar da boca das crianças desde cedo ajuda a promover o correto desenvolvimento de suas estruturas e alcançar sorrisos saudáveis e equilibrados.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Méndez, J., Rotela, R., & Gonzalez, A. (2020). Prevalencia de Maloclusión en niños de 6 A 12 años de la ciudad de Coronel Oviedo, Paraguay, Año 2016. Memorias del Instituto de Investigaciones en Ciencias de la Salud18(2), 86-92.
  • Herrera, D. M., & Quesda, D. A. (2018). Maloclusiones y hábitos deformantes en niños de 6 a 12 años de edad. Gaceta Médica Espirituana8.
  • Carvajal Narvaez, N., & Hernández Giraldo, C. M. (2021). Asociación de dislalias y maloclusiones dentales en niños de 5 a 14 años mediante una revisión sistemática de la literatura, año 2020.
  • Herrera Boza, M. D. (2021). El bruxismo y su relación con las alteraciones temporomandibulares en pacientes pediátricos. Revisión sistemática.
  • Herrera, C. G. R. (2022). Lactancia materna, hábitos orales y maloclusiones en niños de 2 a 6 años (Bachelor’s thesis, Universidad Nocional de Chimborazo).
  • Duran Pardo, G. M. (2018). Influencia de la lactancia materna en la prevención de maloclusiones en niños de 3 a 5 años.
  • Pérez, D. D. (2018). Factores de riesgo y Diagnóstico de maloclusiones en niños de 5 a 11años. Polo del Conocimiento2(12), 173-187.
  • Moscardó, M. F. B. (2019). Relación de la maloclusión con los hábitos de succión nutritivos y no nutritivos (Doctoral dissertation, Universidad de Alcalá).

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.