Como resolver conflitos sem castigos?
Os pais também ficam com as emoções sobrecarregadas, e em alguns momentos de tensão perdem a paciência e acabam castigando seus filhos. Muitas vezes eles o fazem sem perceber que essa reação reforça os comportamentos negativos nas crianças. Para aprender a resolver conflitos sem castigos, o ideal é, como educadores, cultivar sua inteligência emocional e aprender estratégias para virar o jogo em situações agressivas e estressantes, com as quais às vezes precisamos lidar. Assim, você conseguirá gerir conflitos sem castigos.
Não há mais dúvidas de que os castigos não servem para proporcionar aprendizado a longo prazo. Isso acontece porque o castigo não muda as causas que provocam o comportamento inapropriado e, longe de melhorar a situação, traz mais emoções negativas para a criança em relação a quem o impõe. Por isso é necessário aprender outras maneiras de mostrar às crianças como lidar de forma construtiva com situações de conflito.
Como conseguir fazer isso? Essa é a questão. Uma boa estratégia é trabalhar em duas direções paralelamente. Uma delas é a reflexão, e a outra é a intervenção. Mas, antes disso é necessário cultivar a paciência, a empatia e a criatividade. Educar as crianças requer se reprogramar e aprender a manter a calma em todos os momentos. Isso vai fazer a diferença, pois com tranquilidade você vai poder agir em vez de reagir, impondo um castigo aos seus filhos.
Consiga neutralizar os conflitos sem castigos
Para aprender a resolver conflitos sem recorrer aos castigos, em primeiro lugar é necessário refletir se seu filho realmente está se comportando mal. É adequado pensar sobre quais critérios seu comportamento é inadequado. Nesse caso, pense sobre o que provocou esse comportamento, e o que está por trás do mau comportamento.
Tenha em mente que, frequentemente, por trás de alguns comportamentos inadequados das crianças, o que prevalece é a ausência de ferramentas, e informações que teriam permitido à criança agir de outra maneira.
É bom saber que quando estamos no calor de um conflito que dá origem à raiva ou à agressividade, o melhor é não agir sob a influência desse estado emocional. Mas, ao invés disso, quando se trata de uma agressão entre irmãos – uma cena relativamente frequente – a primeira coisa que você deve fazer é separá-los, e certificar-se de que o agredido está a salvo. No entanto, o mais importante é não colocar mais fogo no conflito, e evitar aumentar a briga e a agressividade na situação.
Nesse momento, o melhor que você pode fazer é ficar ao lado da criança de maneira silenciosa e tranquila, até que ela se acalme. Você pode abraçá-la se ela deixar. Tente acalmar a criança com algumas palavras, sem que estas tenham a intenção de buscar responsáveis ou respostas sobre o que aconteceu. Quando a criança estiver calma comece a conversar com ela.
“Se você estimular o amor na sua família, seus filhos se empenharão em deixar as pessoas felizes”
-Rosa Jove, psicóloga especializada em psicologia clínica infantil –
Em seguida, e de maneira tranquila, você deve pedir ao seu filho para descrever o que aconteceu. Quando ele o fizer, escute sem corrigir nem julgar. Se seu filho não é capaz de fazer isso porque ainda é muito pequeno ou por falta de recursos de linguagem, você pode ajudá-lo a reconstruir os fatos, mas sempre com uma linguagem comedida e conciliadora.
O ponto central dessa conversa é que a criança consiga identificar a emoção que a levou a se comportar de maneira inadequada ou violenta, e o que ela sentiu depois de ter se comportado assim. Reconhecer a emoção é muito importante, assim como não inibi-la. A ideia é que você ensine seu filho a identificar as emoções e geri-las de maneira adequada. É normal sentir raiva, mas não está certo reagir batendo em outra criança, por exemplo.
Controlar as emoções é um ponto fundamental
Ensine seu filho a reconhecer e validar suas emoções. Todas as emoções fazem parte da nossa natureza humana, por isso julgá-las como boas ou ruins remete à culpa e impede que sejam corretamente canalizadas.
Você também pode explicar ao seu filho como se sente com o mau comportamento dele. Use palavras adequadas e chame cada emoção pelo seu nome, por exemplo: “Eu me senti frustrada, incomodada e triste”. Evite usar frases como “você fez eu me sentir…”. Quando você diz “eu me senti frustrada”,demonstra que você assume suas emoções e não transfere a responsabilidade delas para a criança.
Você pode ajudar seu filho a desenvolver a empatia através de exemplos cotidianos, que o conectem com uma emoção parecida. Para fazer isso você pode se apoiar em filmes, desenhos, histórias, algum acontecimento na escola… É preciso que você relembre à criança as questões sobre as quais vocês conversaram e, se for necessário, volte a conversar sobre as mesmas coisas quantas vezes for preciso. Fazendo isso, evitamos aquelas frases chatas, como “quantas vezes eu já disse que…”.
As crianças precisam de menos castigos e mais palavras. A ciência já demonstrou isso, pois é de conhecimento geral que o nosso cérebro tem muita dificuldade para processar a palavra “não”. Assim, você tem muito mais chances de ser ouvida quando estrutura suas frases de maneira positiva do que de maneira negativa.
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