Educar não é impor um caminho, é ensinar a caminhar

Educar uma criança é fornecer a ela conhecimentos e emoções consolidadas que sirvam para que trilhe seu próprio destino.
Educar não é impor um caminho, é ensinar a caminhar

Última atualização: 30 julho, 2018

Educar não é impor um caminho e dizer que é por ele que a criança deve seguir. Educar é ensinar a caminhar. É proporcionar pernas, asas, mente e energia para que a criança examine todas as rotas e se decida pela que mais deseja.

Eduque seu filho para que viva em um mar de possibilidades

Assim que seu filho chegou ao mundo, você lhe disse:

“Você é o sangue do meu sangue. É o tesouro mais precioso que tenho. Como uma joia, cuidarei de você até o fim, vou protegê-lo de todos os perigos. Jamais permitirei que sofra ou que se machuque. Afastarei todos os que quiserem te fazer algum mal. Vou criar para você um mundo de amor, aceitação, felicidade e paz.”

Depois, com o passar dos meses, e ao comprovar os efeitos da educação que você deu, seu discurso mudou um pouco: 

“A cada dia que passa meu coração fica maior. Você não sabe como me faz bem ver você andar, rir, brincar e  fazer as travessuras mais inacreditáveis. Quando você me olha como só você faz e me chama – Mamãe! – sinto vontade de chorar de emoção.

Mas há uma coisa que eu tenho observado. Ultimamente, tenho notado que só quer estar onde eu estou e que quando está longe de mim, se sente inseguro. Você espera que eu te dê a mão em todos os obstáculos. Ao ver algum inseto, por exemplo, corre para se esconder atrás de mim.

A partir de hoje, vou te educar um pouco melhor. Eu te ensinarei a ter confiança em si mesmo. Para isso, te darei certa autonomia e a liberdade para que cometa um ou outro erro. Por mais que me doa, já não vou te levantar quando você cair, vou te incentivar para que o faça sem a minha ajuda. A partir de hoje estarei sempre um passo atrás de você, mas às escondidas, para que não me veja. Você precisa ser forte e confiar em suas possibilidades”.

Educar não é impor

Quando seu pequeno completou dois anos, você fez a seguinte reflexão:

“Como você é bonito. Como está crescidinho. Eu tive você agora mesmo e hoje já se transformou no filho que sempre sonhei. Amoroso, destemido, inteligente, perspicaz e ainda amável e educado! Quem diria que um menino tão pequeno sempre faria questão de estar à frente das mulheres para abrir a porta?

Você é bondoso. Divide a sua comida e seus brinquedos com qualquer membro da família.

No entanto, hoje notei que você prefere se relacionar com as pessoas adultas. No jardim de infância, vi que gosta mais da companhia das professoras do que de estar sozinho com os demais pequenos. Acredito que tenha um pouco de medo deles. Talvez isso ocorra porque eles aprenderam a se comunicar com a linguagem das mordidas, dos puxões de cabelo e de pegar os brinquedos só para si.

É preciso educar o seu medo, aprender a conviver com ele. A partir de hoje mesmo te abrirei os horizontes e irei mostrando, pouco a pouco, o mundo que está à sua volta. Tenho que conter os meus medos e romper a bolha protetora dentro da qual tenho mantido você.

Você precisa aprender a se relacionar, se defender, ter vontades e colocar em prática suas habilidade para alcançar as suas metas. Você precisa aprender a se esforçar para atingir seus objetivos.

A partir deste minuto, você começará a se formar como um homem forte no quesito emocional. Eu farei de tudo para isso acontecer”.

E a adolescência chegou…

Mulher, hoje seu filho completou 15 anos. Através da janela, enquanto o vê jogar basquete com seus amigos, você se lembra das palavras que disse no dia em que ele nasceu.

Ao revisá-las, vai notando que à medida que ele crescia, o discurso mudava. Se a princípio você tinha a intenção de evitar as decepções, os desgostos e até mesmo o choro, depois você se deu conta de que ele também precisou de tudo isso para aprender.

O ambiente cheio da amor, aceitação, felicidade e paz que ia criar não faria dele o jovem que você desejava que ele fosse.

Educar não é impor

Que bom que você o ensinou a amar, ser feliz, gostar de si, confiar a si mesmo, ser altruísta e colocar em prática seus melhores valores!

Mas que bom também que o ensinou a aprender com seus erros, adquirir experiência com seus desastres, se relacionar com todos e, simplesmente, viver.

Você não impôs a ele um caminho. Mas o convidou a estudar as artes: música, literatura, pintura; também o incentivou a praticar esportes: beisebol, xadrez, ciclismo, ginástica…

Seu filho sabe dançar balé, colher os vegetais da horta, fazer qualquer tarefa dentro de casa, consertar o carro…

É uma criança multifacetada porque quis ser assim. Você o mostrou o mar de possibilidades que havia diante dele e o deixou navegar. Hoje, você espera que ele chegue a qualquer porto.

Ele sabe que, independentemente da escolha que fizer, sempre terá você à sua espera.


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