Entrevista com Manuel Antonio Fernández: a importância da neurologia pediátrica atualmente

Manuel Antonio Fernández é um dos melhores neuropediatras da Espanha. Nesta entrevista, vamos refletir com ele sobre a importância dessa ciência na vida das crianças a fim de facilitar seu desenvolvimento ideal e a detecção precoce de qualquer problema.
Entrevista com Manuel Antonio Fernández: a importância da neurologia pediátrica atualmente
Manuel Antonio Fernández

Escrito e verificado por o neuropediatra Manuel Antonio Fernández.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Em nossa entrevista com Manuel Antonio Fernández vamos descobrir, em primeiro lugar, porque ele é reconhecido como um dos melhores pediatras da Espanha atualmente. Ele recebeu vários prêmios e reconhecimentos por seu trabalho e se destaca, principalmente, por seu profissionalismo e sua visão de vanguarda na área da neurologia pediátrica.

Em segundo lugar, estamos falando de um médico que se destaca por seu tratamento excepcional com os pacientes e pela qualidade do atendimento oferecido. É especialista em Neurologia Pediátrica e diretor do Instituto Andaluz de Neurologia Pediátrica (INANP). Em suas consultas, atende desde dificuldades de aprendizagem e comportamento até problemas de maturação e desenvolvimento.

Além de detectar e aconselhar sobre distúrbios do espectro autista ou a hiperatividade, o Dr. Manuel Antonio Fernández também intervém em condições relacionadas, como a enxaqueca infantil, a epilepsia ou os distúrbios do sono. Estamos diante de um profissional de grande destaque que nos inspira com seu trabalho e que, por sua vez, pode nos ensinar grandes coisas. Neste espaço, vamos conversar com ele sobre a neuropediatria.

A tarefa da neurologia infantil é garantir o neurodesenvolvimento normal, mas também atuar quando esse processo de maturação não segue o caminho adequado

–Manuel Antonio Fernández, neurologista pediátrico–

Entrevista com Manuel Antonio Fernández

Em nossa entrevista com Manuel Antonio Fernández, tomamos consciência da relevância do campo da neurologia pediátrica em qualquer sociedade que se considere avançada. Para começar, essa área da medicina não se destina apenas a detectar e tratar diversos problemas, patologias ou qualquer condição clínica da vida da criança ou do adolescente.

Trata-se de uma ciência que busca garantir acima de tudo o desenvolvimento neurológico ideal dos pequenos. Há também outro aspecto essencial que deve ser levado em consideração. Como pais ou educadores que desejam o melhor para as crianças em todos os momentos, agradecemos esse apoio e os conselhos de especialistas em quase todos os aspectos de suas vidas.

Precisamos dessa ciência para detectar problemas com antecedência. Por sua vez, agradecemos o apoio dos neuropediatras para dar uma melhor resposta às crianças do espectro autista (TEA), a fim de garantir a sua inclusão na sala de aula e saber quais tipo de programas são mais adequados para elas. Em relação a essas e outras questões importantes, vamos nos aprofundar no tema com o Dr. Manuel Antonio Fernández, o melhor neuropediatra da Espanha atualmente.

Resumidamente, o que é neurologia pediátrica?

A Neurologia Pediátrica é a parte da medicina, dentro da especialidade pediátrica, que busca garantir que o desenvolvimento neurológico da criança seja adequado desde o momento da concepção, ou seja, desde a gravidez até o momento em que a mulher engravida até a chegada da criança na vida adulta, que é quando o desenvolvimento é considerado encerrado. Como se pode ver, isso vai muito além do que muitos pais pensam atualmente e, entre outras coisas, significa que ainda estamos longe de atingir o pleno desenvolvimento da especialidade e das responsabilidades de um neuropediatra.

Como a neurologia pediátrica influencia a detecção de distúrbios como o autismo? Qual é o procedimento diagnóstico?

A tarefa da neurologia infantil é garantir o neurodesenvolvimento normal, mas também atuar quando esse processo de maturação não segue o caminho adequado. Uma coisa que devemos fazer desde já é parar de falar sobre o autismo como se fosse um problema único e concreto. Não é assim. É chamado de autismo o conjunto de sintomas ou comportamentos apresentados por uma pessoa que não é capaz de regular os mecanismos cerebrais necessários para manter uma relação normal com o ambiente. Isso pode se dever a uma infinidade de causas, e os “tipos” de autismo que podem existir, portanto, também são múltiplos.

O papel da neuropediatria é analisar cada caso, utilizando todos os meios disponíveis para encontrar a causa do problema, que na grande maioria dos casos é genética, e fazer todo o possível para que a criança autista alcance o máximo desenvolvimento possível dentro de suas limitações, a fim de que ela alcance a maior capacidade de integração e autonomia que puder.

 

Dr. Manuel Antonio Fernández.

Isso significa fazer uma detecção o mais precoce possível, identificando os sinais de alerta, analisar o perfil comportamental da criança, realizar os exames neurológicos necessários e informar e apoiar a família para que ela possa colaborar de forma adequada com o objetivo traçado, evitando o desespero e as pseudoterapias.

Você poderia definir, como especialista, o que é o autismo e o transtorno do espectro autista?

O TEA ou transtorno do espectro autista é um transtorno do neurodesenvolvimento infantil de origem eminentemente genética, em que uma estrutura cerebral alterada causa problemas no funcionamento de uma série de mecanismos cerebrais essenciais para a regulação do comportamento e que acaba causando limitações na capacidade de comunicação e nas relações sociais, bem como nos comportamentos repetitivos, inflexíveis e anormais. 50% das crianças autistas não falam e, além disso, 50% também têm epilepsia.

Por que atualmente esse diagnóstico é tão frequente e se afirma que há mais casos do que algumas décadas atrás?

Atualmente, são detectados mais casos de autismo do que há várias décadas por vários motivos. Resumo os três que considero mais importantes:

  • Um dos motivos, senão o principal, é que o conhecimento sobre o tema melhorou muito e, portanto, os profissionais estão muito mais preparados para identificar esse tipo de caso.
  • Por outro lado, avanços científicos em áreas como a genética têm permitido uma melhor detecção desses casos.
  • A sociedade está mais conscientizada e, diante desse tipo de dificuldade, consulta com mais frequência, mesmo que os sintomas não sejam graves.

Quais tipos de autismo existem e quais são seus sintomas?

Existem tantos tipos de autismo quanto crianças autistas. Contudo, é verdade que há uma série de padrões repetidos de sintomas, que são divididos em três grupos:

  • Transtornos comunicativos: não são capazes de transmitir e receber informações normalmente.
  • Transtornos nas relações sociais: não conseguem perceber as diferenças que existem entre o seu próprio ponto de vista e o dos outros, não conseguindo, dessa forma, estabelecer relações adequadas com as pessoas ao seu redor.
  • Padrões de comportamento inflexíveis e interesses restritos: têm alterações na regulação das motivações que os levam a se interessar por aspectos não funcionais e requerem ambientes muito estáveis.

Conte um pouco sobre a relação entre a teoria da mente e o autismo, é verdade que essa capacidade se encontra inibida?

Na verdade, essa é uma das teorias que explicam os sintomas do autismo. Do meu ponto de vista, ainda há muito a se saber dentro do mundo do neurodesenvolvimento e, portanto, acho que no futuro veremos muitas modificações nessas teorias. Contudo, as crianças com transtornos do espectro autista têm dificuldade de ter consciência das diferenças entre seu ponto de vista e o de outras pessoas.

Qual é o tratamento de uma criança autista e quais medidas os pais de uma criança autista devem tomar?

A intervenção terapêutica que uma criança autista requer deve considerar vários aspectos:

  • Terapia. A terapia deve incluir todos os aspectos necessários e deficitários. Isso pode envolver a inclusão de fonoaudiologia, psicologia, neuropsicologia, psicopedagogia, terapia ocupacional e outras atividades complementares. A estimulação multissensorial é recomendada desde os primeiros momentos para promover a evolução. Existem programas intensivos como o ABA ou o TEACCH que também se baseiam nesses princípios.
  • Tratamento farmacológico. Quando os sintomas associados a dificuldades de atenção, hiperatividade ou impulsividade causam problemas para o desenvolvimento normal de sua atividade, limitam sua evolução ou associam comportamentos agressivos, considera-se necessário avaliar o uso de medicamentos para diminuir essas dificuldades, ajudar a controlar os impulsos e melhorar o desenvolvimento.

 

Crianças autistas têm dificuldade em se comunicar e socializar.

Como os pais podem agir quando acham que o filho pode ser autista ou apresentar algum distúrbio semelhante na primeira infância?

A primeira coisa que eles devem fazer é solicitar informações e a avaliação de um especialista. A detecção precoce é um dos pilares do processo e uma das falhas mais comuns. O segredo para a detecção precoce é que uma terapia adequada pode reduzir as repercussões negativas que um neurodesenvolvimento alterado pode causar em uma criança autista. As crianças com TEA são muito versáteis a nível cerebral nos primeiros anos e uma terapia precoce as ajudará a alcançar melhores resultados.

No campo educacional, como os professores devem atuar?

O ambiente educacional é fundamental para que uma criança autista alcance uma evolução positiva, seja em um centro de educação normal ou especial. O trabalho dos professores é fundamental para apoiar a terapia seguida pelos profissionais de saúde e, claro, para apoiar as atividades complementares realizadas pelos pais e por toda a família.

Na medida do possível, é necessário avaliar a utilidade para essas crianças com TEA de permanecer em centros comuns a fim de aumentar sua inclusão social. Para isso, é necessário não só investir em uma equipe de apoio, mas também na formação adequada de docentes e professores para que tenham as competências e ferramentas necessárias à sua atividade profissional e atenção à diversidade.


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