Quando a família não aceita o diagnóstico de autismo em uma criança

Não aceitar o diagnóstico de autismo em seu filho impedirá que você o compreenda, respondendo às suas necessidades e procurando o apoio necessário. Aqui contamos como lidar com a situação da melhor maneira.
Quando a família não aceita o diagnóstico de autismo em uma criança
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 03 abril, 2023

Como sociedade, estamos cada vez mais conscientes da neurodiversidade e sabemos melhor em que consistem condições como o autismo. No entanto, muitos mitos ainda existem e nem todos temos as informações necessárias para entender essa realidade. Às vezes, é normal que, diante do diagnóstico de autismo em uma criança, a família negue, não aceite ou menospreze a situação.

Embora seja uma reação compreensível, a verdade é que pode ser muito prejudicial se for mantida ao longo do tempo. Acima de tudo, porque a criança precisa de pais que saibam entender e responder às suas necessidades. Mas também porque essa atitude pode privar os pequenos do suporte necessário para desenvolver seu potencial.

Assim, queremos explorar a importância de aceitar o diagnóstico e oferecer algumas orientações a esse respeito.

Por que a família não aceita o diagnóstico de autismo em um filho?

Frequentemente, são os próprios pais que não aceitam o diagnóstico de autismo em uma criança. Isso se deve a vários fatores que contaremos a seguir.

Às vezes, a família não aceita o diagnóstico de uma criança com autismo por medo do desconhecido ou por medo de não saber como ajudar e acompanhar a criança.

Lidar com uma realidade desconhecida

Em primeiro lugar, há o receio de ter que enfrentar uma realidade desconhecida, que os pais não se esperavam que acontecesse e que acaba com as expectativas que haviam projetado em relação àquela criança. Até certo ponto, poderíamos dizer que um luto é desencadeado.

Enfrentar medos

Por outro lado, também devido aos vários medos que surgem quando a notícia é conhecida. Por exemplo, o medo de não saber estar à altura, de não conseguir cuidar e acompanhar adequadamente a criança nas suas necessidades, ou de que a própria vida e a da criança se tornem um sofrimento constante (já que esta é a imagem que muitas vezes temos do autismo). E, acima de tudo, o medo da rejeição, da incompreensão e da zombaria do ambiente.

Diante desse acúmulo de emoções, sem dúvida, difíceis de processar, negar o diagnóstico pode ser um mecanismo inicial de defesa e enfrentamento.

Desinformação e mitos associados

Além disso, existem outros motivos que contribuem para a negação do diagnóstico pela família. Por exemplo, a desinformação e os mitos associados ao autismo podem levar a pensar que é algo temporário, que realmente não é tão grave e que com o passar dos anos vai desaparecer.

Esses tipos de insinuações e crenças costumam ser altamente apoiados pela família próxima, que pode recomendar todos os tipos de curas aos pais e minimizar a neurodivergência da criança.

A verdade é que existem várias terapias que podem ajudar as crianças no espectro do autismo a melhorar seu bem-estar e funcionamento. Porém, não há cura porque não estamos falando de uma doença, e sim de uma forma diferente de ser e perceber o mundo que merece compreensão e respeito.

Quais são as consequências?

Negar o diagnóstico de autismo de uma criança tem consequências graves. É fundamental recorrer a um profissional para ajudar a criança e até mesmo para que os pais tenham orientações e acompanhamento.

Muitas vezes, quando as famílias se recusam a aceitar o diagnóstico de autismo em um filho, neto ou sobrinho, o fazem com a melhor das intenções. Eles acham que é uma forma de normalizar, de diminuir o drama e até de mostrar apoio. No entanto, a verdade é que este não é o caminho mais adquado.

Se realmente queremos contribuir para o bem-estar da criança, o objetivo não é fingir que sua condição não existe, muito pelo contrário. Devemos nos esforçar para entender a diversidade e aprender a responder às suas necessidades, sem querer que a criança mude para se encaixar no mundo. Em vez disso, quando nos recusamos a aceitar o diagnóstico, várias consequências ocorrem:

  • Viramos as costas para uma realidade que precisa de atenção. Assim, não buscamos nos informar, conhecer e abrir nossa mente para as vivências da criança. Portanto, não conseguimos entendê-la e isso pode atrapalhar a comunicação e o vínculo.
  • Esperamos que a condição seja revertida em algum momento. Dessa forma, não aceitamos a criança como ela é e queremos que ela mude e se torne o que esperamos dela. Essa falta de aceitação pode ser percebida pelo pequeno e lhe causar danos.
  • Nós nos recusamos a pedir ou receber a ajuda de que a criança precisa. A intervenção precoce, baseada em técnicas comportamentais e programas de educação e aprendizagem, pode ajudar a melhorar o raciocínio, a comunicação, a interação com os pais e outras áreas. Da mesma forma, terapia da fala, terapia ocupacional ou intervenção farmacológica podem ser necessárias.
  • Ignoramos suas necessidades especiais. As crianças com autismo podem ficar sobrecarregadas com ambientes altamente estimulantes, novas situações sociais, mudanças inesperadas ou linguagem indireta. Se fingirmos que nada acontece, não estaremos interessados em facilitar o seu dia a dia, o que pode lhes causar sofrimento.

Aceitar o diagnóstico de autismo em uma criança para seguir em frente

Em suma, é compreensível que receber o diagnóstico de autismo na família gere medos e dúvidas. Portanto, é necessário consultar profissionais que possam orientar e até acompanhar o processo pessoal dos pais.

No entanto, a melhor coisa que você pode fazer pelo seu filho é aceitá-lo em sua diversidade: não tentar mudá-lo, mas também não colocá-lo em um rótulo. Cada criança com autismo é diferente e apresenta habilidades e dificuldades diferentes.

Aceitar o diagnóstico permitirá que você se aproxime de seu filho de maneira genuína. Demonstre interesse em entendê-lo e conhecê-lo, busque informações e apoio para ajudá-lo a desenvolver seu potencial e levar uma vida plena e feliz.


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