Isolamento social em adolescentes

O isolamento social prolongado em adolescentes pode trazer problemas relacionados ao humor: tristeza, solidão, angústia e irritabilidade.
Isolamento social em adolescentes
Maria Fátima Seppi Vinuales

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fátima Seppi Vinuales.

Última atualização: 29 março, 2023

Numa fase em que os jovens procuram reafirmar a sua identidade e personalidade, por vezes os adultos soltam suas mãos demasiado depressa. Foi assim que começamos a naturalizar o isolamento social dos adolescentes. Mas quando isso deve chamar nossa atenção? Quando se torna um fator de risco? Vamos ver algumas dicas.

O que devemos saber sobre isolamento social em adolescentes

Em primeiro lugar, é importante tentarmos entender o que é a adolescência. É uma etapa do desenvolvimento em que a identidade e a autonomia são os principais aspectos em jogo. Quem sou eu? Como eu sou? Como eu quero ser? Essas são algumas das perguntas que rondam a cabeça dos adolescentes. A seguir, contamos algumas das causas que ajudam a explicá-las.

Alterações físicas e emocionais

Assim como os adultos, os adolescentes às vezes optam pelo isolamento diante da turbulência emocional pela qual estão passando. Muitas vezes, eles se sentem felizes, tristes, poderosos e pequenos em questão de horas. Lidar com essas mudanças é complexo, então eles preferem se isolar em seu mundo, geralmente em seu quarto, onde se sentem seguros.

Em geral, ao passar por uma fase repleta de mudanças, incertezas e insegurança, a resposta dos adolescentes é o isolamento.

Problemas em seus relacionamentos

Por outro lado, a decisão de se isolar às vezes tem a ver com algo que está acontecendo em seus relacionamentos. Por exemplo, o adolescente não se sente à vontade com o seu grupo porque o desafiam com comportamentos, é vítima de bullying na escola ou vive uma ruptura amorosa, entre outros. Algumas dessas situações exigem algum tipo de intervenção, enquanto outras são mais sobre deixar o tempo passar e se oferecer para conversar se precisar.

Baixa autoestima

Em outros casos, o isolamento também tem a ver com o autoconceito do adolescente, ou seja, com a forma como ele se sente a respeito de si mesmo. A adolescência também é um período marcado por muitas mudanças físicas perceptíveis que podem afetar a confiança e a autoestima.

Virtualidade

Por fim, há um fator social que influencia cada vez mais os hábitos dos adolescentes: o uso da tecnologia e as novas relações que são moldadas por ela. Embora possa ser uma aliada, a tecnologia também pode dificultar o encontro presencial, já que os adolescentes resolvem muitas atividades virtualmente.

Muitas vezes, isso pode fazer com que eles não se sintam confortáveis ou seguros de como devem interagir em encontros presenciais. Os códigos digitais geralmente são muito diferentes dos reais. Sem dúvida, isso é uma consequência esperada, pois as habilidades sociais também são aprendidas, treinadas e precisam ser postas à prova.

O que podemos fazer com o isolamento social em adolescentes?

Situações prolongadas de isolamento em adolescentes são consideradas um fator de risco. Ou seja, podem levar a ansiedade, angústia, desconforto ou depressão, por isso é importante monitorar a situação.

Vale ressaltar que nem sempre o isolamento precisa ser um problema. Antes de defini-lo como tal, convém observar até que ponto se trata de algo temporário ou de uma situação que causa desconforto ao adolescente.

Nesse sentido, não é o mesmo perceber que o jovem gostaria de interagir, mas não o faz porque é tímido, do que perceber que prefere ficar sozinho porque precisa relaxar. De qualquer forma, antes de entender esse comportamento como um alerta, será melhor fazer um acompanhamento. Algumas medidas que podemos ter em conta são as seguintes:

  • Identifique as causas e reconheça se é uma situação desejada ou não. Nesse sentido, devemos ampliar nosso campo de observação. Não se trata apenas de ver como o adolescente se comporta em casa, mas também o que pode acontecer na escola ou em outras áreas.
  • Proponha ao adolescente a participação em diferentes atividades. Por exemplo, frequentar um clube esportivo, fazer aulas de idiomas ou fazer parte de um serviço voluntário. Se ele tiver dificuldades no convívio, podemos sugerir que convide um amigo ou primo para participar junto. Se ainda for difícil seguir em frente, nós podemos acompanhá-lo pelo menos nas primeiras vezes.
  • Converse com os adolescentes. Aproximar, compartilhar, perguntar sobre suas emoções e contar sobre nossas experiências como adolescentes é uma boa opção. Apesar de muitas vezes acreditarmos que eles estão fugindo de nós, não deixamos de ser suas principais figuras de apoio. O melhor é deixar essa porta aberta para o diálogo e a escuta.
  • Evite questionamentos e dinâmicas persecutórias. Desta forma, longe de gerar um clima de confiança, os adolescentes sentem que os invadimos.

Relacionamentos virtuais não compensam relacionamentos reais

A adolescência também é caracterizada pela forte presença da tecnologia. Os jovens refugiam-se durante muito tempo nas redes sociais, nos vídeos e no streaming de suas personagens favoritas. Às vezes, eles até têm uma vida social muito ativa, mas no formato 2.0.

No entanto, não devemos perder de vista que as relações virtuais se resolvem em um plano diferente do presencial. Nas interações face a face, outras habilidades entram em jogo e são desenvolvidas habilidades interpessoais e psicossociais que acabam definindo nossa identidade e autoestima, entre outras coisas.

Por isso, é importante saber que a tecnologia deve ter um tempo e um espaço. Não devemos nos tornar inimigos dela, mas é conveniente que regulemos seu uso.


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