O transtorno da ruminação em crianças

Rumiare, palavra que em latim significa “mastigar o bolo alimentício”, dá origem ao termo “ruminação”. Nas pessoas é a ingestão de alimentos que, sem terminar de serem digeridos, retornam à boca para serem mastigados, engolidos ou cuspidos.
O transtorno da ruminação em crianças
Ana Couñago

Revisado e aprovado por a psicóloga Ana Couñago.

Escrito por Equipo Editorial

Última atualização: 26 novembro, 2018

O transtorno da ruminação em crianças é involuntário, de curta duração e pouco frequente. Mas, o que é a ruminação?

A ruminação ou mericismo é a regurgitação de alimentos para mastigar e engolir novamente. Isso ocorre como consequência de uma série de fatores psicológicos.

A idade na qual o transtorno da ruminação aparece

Entre 3 e 12 meses de idade, geralmente a ruminação aparece e dura aproximadamente 1 mês.

Isso afeta os meninos mais do que as meninas e pode se desenvolver em adultos com diversidade funcional intelectual. Além disso, os bebês com necessidades especiais são mais propensos desenvolvê-la.

Ruminação ou falta de afeto?

A rejeição dos pais, a falta de atenção à criança, o estresse familiar, as situações traumáticas ligadas ao aspecto sexual ou a falta de estimulação. Todos estes são fatores que predispõem o início involuntário do transtorno de ruminação em bebês.

Para ser considerada um transtorno, a ruminação deve ser frequente, com episódios diários ou ocorrer, pelo menos, várias vezes por semana.

Em adultos, principalmente em casos de deficiência intelectual, a regurgitação funciona voluntariamente, não há náuseas ou vômitos.

Ela está associada a uma contração do estômago, seguida do relaxamento do esfíncter esofágico inferior.

Dessa forma, isso provoca uma cavidade entre o estômago e a orofaringe que traz o bolo de volta para a boca. Alguns especialistas acreditam que têm efeitos auto estimulantes e calmantes.

Sintomas e diagnóstico

Antes de o especialista fornecer um diagnóstico definitivo, as possíveis anomalias congênitas no sistema digestivo do bebê devem ser descartadas. Também é importante avaliar o risco de hérnias hiatais ou estenose pilórica.

Se notramos algo fora do comum, pode ser uma informação valiosa para o médico, uma vez que alguns sinais podem dar indicações sobre a presença (ou não) do transtorno de ruminação.

Entre os sinais estão:

  • Halitose.
  • Aspiração.
  • Desidratação.
  • Perda de peso.
  • Crescimento anormal.
  • Estresse respiratório.
  • Afogamento ou problemas dentários podem dar uma pista ao especialista.
transtorno da ruminação

Uma nutrição pobre

A desnutrição, que pode chegar a representar um risco de vida, é uma das consequências desse problema alimentar.  Ao mesmo tempo, afeta o sistema imunológico da criança e, assim, diminui a resistência a doenças.

Também está associada a um aumento de peso menor do que o esperado em bebês com menos de um ano de idade. Se não for tratada a tempo, a desnutrição se agravará com o consequente atraso no crescimento.

Quando um bebê adquire o transtorno da ruminação, ou mericismo, a posição do corpo pode ser um indicativo. Ele mantém as costas tensas, arqueadas, retrocede a cabeça e faz movimentos de sucção com a língua.

À primeira vista, o bebê dá uma impressão de satisfação quando regurgita, mas depois fica irritado e com fome.

Carinho: o melhor antídoto

Por ser um distúrbio geralmente de origem psicológica, no tratamento da ruminação ou mericismo, as estratégias baseadas em técnicas comportamentais podem ser aplicadas.

Os sintomas da ruminação devem ser identificados e os comportamentos apropriados devem ser procurados. Dessa forma, é uma prática comportamental baseada no condicionamento operante e é aplicada de diferentes maneiras.

Do ponto de vista coercivo, para eliminar o desejo de mastigar a criança é forçada a comer maiores quantidades de alimentos.

Colocar sabores amargos ou desagradáveis ​​na comida ou diretamente na língua do bebê, toda vez que ele começar a ruminar é outra maneira de pressioná-lo.

transtorno da ruminação

Reforço positivo para a ruminação em crianças

Em uma linha diferente, o reforço social através de palavras carinhosas, beijos ou abraços, é uma excelente tática. Por exemplo, um doce como recompensa quando o bebê não pratica a regurgitação pode ter bons resultados.

Ademais, uma técnica eficaz é melhorar o ambiente hostil que pode cercar a criança. Paciência, carinho, compreensão, em oposição ao abuso ou rejeição, são essenciais.

Além disso, os pais devem receber psicoterapia. Com carinho e atenção, também é possível atrair a atenção da criança quando começam os movimentos típicos da ruminação.

No bebê, o transtorno de ruminação não está relacionado a bulimia nervosa, compulsão alimentar ou restrições voluntárias aos alimentos. Está diretamente relacionado à falta de carinho e atenção dos pais.

Entretanto, não existe uma forma conhecida de prevenção. O transtorno da ruminação é combatido, portanto, com amor, corrigindo situações familiares que afetam o desenvolvimento emocional das crianças. É o primeiro passo para uma vida saudável e feliz.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.