Os quatro pilares da educação de Jacques Delors

Segundo Delors, a educação deve ser estruturada em torno de quatro aprendizados fundamentais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Os quatro pilares da educação de Jacques Delors
Natalia Cobos Serrano

Escrito e verificado por a educadora social Natalia Cobos Serrano.

Última atualização: 13 abril, 2023

Em 1996, a UNESCO publicou Educação: Um Tesouro A Descobrir . Esse documento , amplamente difundido no meio educacional , foi escrito por Jacques Delors , Prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional , em 1989.

O político e economista francês , que presidiu a Comissão Europeia entre 1985 e 1995 , propôs quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a ser, aprender a viver juntos e aprender a fazer.

Com o intuito de enfrentar os desafios do século XXI, Delors entendeu que a educação deveria assumir novas metas para o novo milênio. Ele formulou assim seus quatro pilares da educação, que nasceram para responder ao novo panorama educacional e social que se instalava em nossas sociedades.

“Uma nova concepção mais ampla de educação deveria levar cada pessoa a descobrir, despertar e aumentar suas possibilidades criativas”.

-Jacques Delors-

Os quatro pilares da educação: em que consistem?

Aprender a conhecer

Delors define esse aprendizado como meio e finalidade da vida humana, na medida em que o objetivo não é a mera aquisição de conhecimento, e sim o domínio dos próprios instrumentos de conhecimento.

Esse tipo de aprendizagem é fundamental para cada criança, pois visa ensinar a compreender o mundo que a rodeia para sentir o prazer de compreender, conhecer e descobrir.

Alunos em sala de aula aprendendo os quatro pilares da educação.

“O aumento do conhecimento (…) favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o senso crítico e permite-nos decifrar a realidade, ao mesmo tempo que adquirimos autonomia de julgamento”.

-Jacques Delors-

Aprender a ser

Um dos princípios fundamentais estabelecidos pela Comissão Internacional era que a educação deveria contribuir para o desenvolvimento geral de cada pessoa.

Para Delors, a educação tem a função imperativa de dar a todos os seres humanos a liberdade de pensamento, julgamento, sentimento e imaginação de que precisam para realizar seus talentos.

Desse modo, Delors reflete e diz que, para isso, é fundamental um espaço de imaginação e criatividade nos espaços educacionais, necessário para o futuro mundo em mudança.

Aprender a viver junto, aprender a viver com os outros

Aprender a conviver consolida os alicerces da necessidade de educar as crianças para a convivência, principalmente em nosso contexto social atual.

Esforços para reviver e, em última instância, exaltar a ideologia da competitividade em níveis profissionais também estão chegando às nossas salas de aula. É penetrar profundamente na forma de comunicar e se relacionar com os pequenos, bem como na sua forma de conceber o mundo.

Por isso, é imprescindível que os nossos centros educativos apresentem um projeto educativo de convivência de qualidade baseado no critério da igualdade e que favoreça a descoberta do outro e a participação dos alunos em projetos comuns.

Aprender a fazer, o grande desafio dos quatro pilares da educação.

Por fim, no que diz respeito ao aprender a fazer, Delors aponta esse tipo de aprendizado como necessário para a ação sobre o que nos cerca. Ou seja, a capacidade de influenciar o próprio  ambiente.

Professor com seus alunos nas aulas de ciências e tecnologia.

Além disso, ele explicita a relação direta desse tipo de aprendizagem com o mundo profissional, destacando, dessa forma, a importância do papel da educação no desenvolvimento das habilidades de comunicação e trabalho com os outros, bem como saber enfrentar e resolver conflitos.

“A educação se vê obrigada a fornecer as cartas náuticas de um mundo complexo e em perpétua turbulência e, ao mesmo tempo, a bússola para poder navegar nele.”

-Jacques Delors-

Os quatro pilares da educação para a vida

Os quatro pilares da educação não podem se limitar a um momento da vida. Nem ficar restritos a um espaço, mesmo que seja a própria escola, com suas salas de aula e, em última instância, suas quatro paredes.

Em vez disso, eles exigem um repensar do que diz respeito ou abrange a educação em sua totalidade. As pessoas hoje, diante das vertiginosas transformações da sociedade, econômicas e tecnológicas, exigem conhecimentos que se complementam e se sobrepõem.

Em outras palavras, precisamos aprender a crescer em um mundo acelerado e mutante, e fazer isso com senso de cooperação e coexistência.

Nesse sentido, no universo de possibilidades de aplicação dos princípios de Delors, encontra-se essa vivência de projeto educacional, a partir das seguintes estratégias:

  • Para o planejamento das atividades pedagógicas, partir do que professores e alunos consideram valores fundamentais para a convivência.
  • Criar um clima de participação em sala de aula que promova respeito, justiça, imparcialidade e cooperação.
  • Organizar assembleias com igual participação de professores e alunos, para que todos possam expressar livremente ideias e opiniões.
  • Incentivar a autogestão dos alunos, para que eles próprios desenvolvam as regras que regerão a convivência coletiva.

O mais importante é que esses conteúdos estejam integrados no currículo comum, para que não alterem o desenvolvimento das aulas. Pelo contrário, que sejam as aulas. Como o próprio Delors afirmou:

“Quando se trabalha junto em projetos motivadores que permitem fugir da rotina, as diferenças entre os indivíduos diminuem e às vezes até desaparecem.”

Cumprimos as expectativas para o século XXI?

Para ser sincero, ainda há um longo caminho a percorrer quando se trata de educar os mais novos a aprender a conhecer para compreender melhor o nosso mundo, a aprender a fazer e a aprender a ser para agir e enfrentar, ou saber como conviver com os outros.

No entanto, a concepção de educação há vinte anos mudou em aspectos essenciais. Por exemplo, a educação por competências assume uma nova ideologia e perspectiva educacional que minimiza o mero acúmulo de conhecimento, para chamar a atenção para a importância da formação de nossas crianças e jovens para o seu adequado desenvolvimento e adaptação à sociedade.


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