Saiba tudo sobre a síndrome de Guillain-Barré
Como esperado, o aparecimento dessas doenças provocou preocupação entre mulheres grávidas que vivem nos países afetados, já que as pesquisas científicas apontam que o Zika pode estar relacionado com a síndrome de Guillain-Barré e a microcefalia em recém-nascidos.
Essas “descobertas consistentes”, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), foram suficientes para declarar um alerta de saúde global e pedir para mulheres adiarem seus planos de engravidar, especialmente em países com a taxa mais elevada destas patologias, tais como Brasil, Colômbia, El Salvador, Polinésia Francesa, Suriname e Venezuela.
Enquanto o vírus Zika apresenta sintomas leves ou moderados, a síndrome de Guillain-Barré ataca mais severamente o organismo, gerando paralisia do sistema nervoso e respiratório; pelo qual as consequências podem ser fatais se não for diagnosticada e tratada a tempo.
O que é a síndrome de Guillain-Barré?
O Guillain-Barré é uma síndrome autoimune que afeta fortemente o sistema nervoso periférico. Ela é é gerada a partir de patologias infecciosas, motivo pelo qual se acredita que está ligada ao vírus Zika.
Os especialistas explicam que, assim que um paciente passa por um processo infeccioso viral ou bacteriano, o seu sistema imunológico se ativa para atacá-lo; mas quando a síndrome Guillain-Barré se desenvolve, o sistema imunológico sofre alterações que permitem o ataque ao sistema nervoso.
Especificamente ataca a mielina que cobre os nervos, levando a crer que isso faz parte da infecção. Quando os nervos ficam expostos, por causa da destruição da bainha de mielina, a transmissão da informação entre o cérebro e os músculos é dificultada, de modo que ocorre paralisia.
Os sintomas da síndrome de Guillain-Barré
Alguns sintomas desta doença podem ser apresentados da seguinte forma:
- Devido à interferência entre o cérebro e o sistema nervoso periférico, o paciente começa a perder a capacidade de sentir calor, frio, dor e outras sensações.
- Quando os músculos não reagem a estímulos do cérebro, é gerada uma fraqueza progressiva, que geralmente varia de intensidade em cada paciente. Algumas pessoas podem sofrer paralisia em menos de 48 horas, enquanto outras demoram um pouco mais.
- A fraqueza e consequente paralisia começam nos pés, nas pernas e continuam subindo pelo corpo, até afetar o sistema respiratório. Nesses casos, aumenta o risco de morte por parada respiratória.
- Os principais sintomas da síndrome de Guillain-Barré são fraqueza progressiva e paralisia.
Tratamento e recuperação
Os tratamentos aplicados à síndrome de Guillain-Barré estão associados com a tentativa de controlar o sistema imunológico através de plasmaferese, que consiste na filtração do sangue, com o objetivo de eliminar os anticorpos que atacam a bainha de mielina nos nervos. A injeção de imunoglobulina também demonstrou ser eficaz para reforçar o sistema imunológico.
Especialistas sinalizam que 80% dos pacientes com Guillain-Barré podem se recuperar completamente. Ao mesmo tempo, 10% deles podem experimentar algumas sequelas, que podem incapacitar-lhes aproximadamente por oito a dez meses. Por isso, é imprescindível submeter-se a sessões de fisioterapia para superar essas limitações.
Relação entre o Zika e o Guillain-Barré
A hipótese de o Zika estar ligado à síndrome de Guillain-Barré ganhou força após um grupo de pesquisadores pertencentes ao Instituto Pasteur de Paris analisarem 42 pacientes que sofreram do vírus Zika há dois anos atrás na Polinésia Francesa.
Os cientistas descobriram que os pacientes apresentaram sintomas neurológicos de Guillain-Barré cerca de seis dias após terem contraído o Zika. Os peritos concluíram que 1 em cada 4.000 pessoas com Zika pode desenvolver a síndrome de Guillain-Barre.
Esta visão contrasta com o aumento de casos desta síndrome em El Salvador e no Brasil, onde ainda não foi possível determinar com certeza a relação entre ambas as doenças, porque nem todos os afetados com o Zika recebem cuidados médicos. Isso faz com que seja impossível para as autoridades estabelecerem estatísticas confiáveis.
Apesar de El Salvador e Brasil serem os países onde a maioria dos casos de síndrome de Guillain-Barré foram confirmados, é difícil estabelecer uma conexão direta com o Zika.
As pesquisas ainda estão em estágios iniciais para chegar a conclusões definitivas. E ainda não foi descoberta uma vacina para esse poderoso vírus. Como é possível que o vetor transmissor das síndromes tanto de Guillain-Barré, como do Zika, seja o Aedes Aegypti, as autoridades de saúde insistem que a população deve tomar todas as medidas para evitar as picadas desse mosquito.
Enquanto a comunidade médica e científica não encontrar uma vacina, a tarefa de combater os efeitos destas doenças recai em grande parte sobre os cidadãos. Por isso, é recomendado aprender à agir preventivamente, a fim de não fazer parte dessas estatísticas alarmantes.